quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Livros | De Raça, a obra polémica de Rachel Khan contra os activismos delirantes: somos todos crioulos

Como conviver com este «excesso de raças» entre o radicalismo do «ou branco ou negro», que abomina a variedade? Esta é a questão lançada, na perspectiva de uma afro-iídiche, pela jurista, actriz e escritora francesa Rachel Khan em De Raça. Um livro corajoso, que defende a mestiçagem e analisa expressões politicamente correctas que apenas servem para enfiar o dedo nas feridas que afirmam querer cicatrizar. Depois de conquistar leitores e críticos franceses e de ter sido distinguido, na Assembleia Nacional francesa, com o Prémio do Livro Político 2021, De Raça chega a Portugal, numa edição Guerra e Paz, com tradução de Pedro Carvalho e Guerra. A obra estará disponível na rede livreira nacional a partir do dia 7 de Setembro, mas poderá ser encontrada, desde já, em pré-lançamento, na 91ª Feira do Livro de Lisboa.

Negra, gambiana e muçulmana da parte do pai e branca, francesa e judia da parte da mãe, Rachel Khan é orgulhosamente de raça. É de raça, como ela afirma provocatoriamente, porque tem diferentes raízes, que algumas pessoas julgam serem raças. Em De Raça, livro político do ano em França, que agora chega a Portugal, a jurista, actriz e escritora francesa lança um olhar crítico e mordaz à tendência ideologizada, que proíbe todo o tipo de nuances. «Estas ideologias que pensam as identidades de modo hermético fragilizam‑nos, consequentemente, neste mundo em mutação, ao impedir, através do seu conceito, que nos adaptemos.»

A autora, que é também presidente da comissão de desporto da Liga Internacional Contra o Racismo e o Anti-Semitismo (LICRA), afirma que somos todos crioulos, porque, «na maior parte dos locais do mundo, existem contactos de várias culturas diferentes, o que Glissant chama de “rizomas”». Além do escritor e poeta francês, Rachel cita uma outra referência, James Baldwin. O escritor norte-americano afirmou que «[este] mundo já não é branco, nunca mais o será».

Neste sentido, a autora condena palavras como «afrodescendente», «interseccionalidade» ou «minoria», que, apresentadas como essenciais pelas ideologias activistas em voga para combater o racismo, acabam por apenas separar ainda mais a sociedade, empobrecer a língua e alimentar ódios e silêncios.

Essencial, este é um texto de grande actualidade, sobre um tema que tem estado no centro das atenções da sociedade, dos movimentos intelectuais e dos agentes políticos. Só podia ser uma edição Livros Vermelhos, colecção da Guerra e Paz que privilegia teses contra catecismos e o pensamento único.

Já disponível, em pré-venda, na 91ª Feira do Livro de Lisboa, De Raça chega à rede livreira nacional no próximo dia 7 de Setembro. A obra poderá ainda ser adquirida através do site da editora.

De Raça
Rachel Khan
Não-Ficção / Ensaio
184 páginas · 15x20,5 · 15,00 €
Nas livrarias a 7 de Setembro
Guerra e Paz, Editores

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