Em 8 de maio de 2021, em Louisville, Kentucky, anti-abortistas em frente ao Centro Cirúrgico Feminino EMW, uma clínica que realiza abortos. [Foto: Jon Cherry / GETTY)
Cidade paga 75 mil dólares de indenização a policial suspenso por protestar contra o aborto
- Plinio Maria Solimeo
Neste nosso infeliz mundo com muita frequência o bem é perseguido e o mal premiado. Mas às vezes ocorre de o tiro sair pela culatra. Foi o que aconteceu com um policial católico dos Estados Unidos, que após ter sido multado pela sua corporação por rezar contra o aborto diante de uma clínica que o praticava, teve de ser indenizado pela injusta e arbitrária punição.
Mateus Schrenger, policial altamente qualificado na polícia de Louisville, no Estado de Kentucky, é um devoto católico, pai de quatro filhos. Fiel à doutrina da Igreja, é ferrenho antiabortista. Por isso, quis participar da campanha “40 Dias pela Vida”, que através de orações pacíficas e jejum em frente a empresas de aborto, visa acabar com o extermínio de inocentes.
Desse modo, na manhã de 20 de fevereiro de 2021, antes de ir para o serviço, parou para rezar com seu pai na calçada do lado de fora do Centro Cirúrgico Feminino EMW, que realiza abortos. Eram aproximadamente 6 horas da manhã quando os dois começaram a rezar o Rosário, o que fizeram durante 45 minutos antes da abertura da clínica da morte. Como o oficial entraria depois em serviço, vestia o uniforme da corporação, cobrindo-o com um casaco.
Deve-se notar que se tratava de um ato muito pacífico, sem outras pessoas por perto, a não ser um senhor que se juntou a eles no início da oração, além de alguns outros que chegaram quando Schrenger já saía. As ruas adjacentes também estavam quase vazias de tráfego naquele amanhecer de sábado. Portanto, o que fizeram em nada atrapalhava quem quer que fosse, nem mesmo os partidários do aborto.
No entanto, o vídeo de vigilância da clínica mostrou Schrenger caminhando fora do prédio enquanto rezava, portando um pequeno cartaz no qual estava escrito: “Rezar para acabar com o aborto”.
A represália não se fez esperar. Naquele mesmo dia seu computador foi bloqueado pela polícia e o carro da corporação com o qual trabalhava retirado de seu uso. Afastaram-no também da escala de patrulhamento e o suspenderam por mais de quatro meses, embora mantendo o seu salário. Além disso, foi destituído de seus poderes como policial e colocado sob investigação.
Segundo o Departamento de Polícia de Louisville, Schrenger foi punido “por ter violado os Procedimentos Operacionais Padrão da polícia e as leis de Kentucky”. Ora, na lista desses procedimentos não se proíbe a participação de um policial em ato não político, no seu período de folga.
De acordo com uma carta do último mês de junho, obtida pelo jornal WDRB News, a polícia alegou também que Schrenger foi indiciado porque usava uniforme policial completo ao participar de uma “atividade de protesto”, mas reconhecia que ele procurou cobri-lo com o casaco.
Ora, quando o Departamento de Polícia estendeu o período de suspensão do policial, ignorou o prejuízo que causava à sua carreira e aos seus meios de subsistência dos quatro filhos menores, além de outros danos, perdendo quantias substanciais de pagamento. Ficava claro que o motivo da punição eram suas crenças religiosas e sua atitude declarada e militantemente pró-vida.
Também a clínica abortista visada postou em sua conta do Twitter graves acusações contra Schrenger, as quais foram amplamente divulgadas e politizadas.
É incrível como um ato isolado e sem publicidade de um católico fiel aos ensinamentos da Igreja, feito quase de madrugada e sem alarde, atraiu tanto ódio dos abortistas e dos “politicamente corretos”!
O oficial punido reagiu corajosamente. Assessorado pela Thomas More Society, firma de advogados dedicada a restaurar o respeito à lei pela vida, família e liberdade religiosa, Schrenger processou o prefeito, o chefe de polícia e o departamento de polícia da cidade por persegui-lo por causa de suas convicções religiosas e sua atuação pró-vida. O advogado da Thomas More Society, Blaine Blood, entrou em outubro de 2021, em nome de seu cliente, com uma ação federal contra a cidade de Louisville e o Departamento de Polícia Metropolitana.
O conselheiro sênior desse grupo, Matt Hefrom, afirmou: “A disciplina injusta revelou inegavelmente discriminação baseada em conteúdo contra as visões pró-vida pessoais do oficial Schrenger, e violou seus direitos da Primeira Emenda americana. Ele não se engajou em nenhum protesto político em serviço: só rezou em silêncio. No entanto, foi punido por esse comportamento pacífico e privado”. E, o que é mais grave, “foi tratado assim de maneira muito diferente que outros policiais que inegavelmente se envolveram em verdadeiros protestos políticos e ativismo enquanto participavam de manifestações LGBT e Black Lives Matter”. Para estes, benevolência e compreensão. Hefrom insiste que ainda mais grave é o fato de os policiais acima envolvidos se manifestarem estando em serviço e de uniforme.
Entretanto, aparentemente foram por debaixo do pano aprovados ou pelo menos tolerados pelo Departamento de Polícia. Tanto assim é que os registros abertos mostraram que esses oficiais não enfrentaram em absoluto suspensão nem nenhum tipo de pena disciplinar. Ele conclui que a medida implicou em “uma violação significativa e imperdoável dos direitos constitucionais de um oficial leal”.
A própria chefe da polícia, Erika Shields, quando questionada sobre o assunto Schrenger em reunião do Comitê de Supervisão e Auditoria do Conselho Metropolitano de Louisville, em 2 de março de 2021, admitiu publicamente que não acreditava que sua conduta estivesse claramente proibida. No entanto, as sanções foram mantidas.
Contudo, a polícia e a municipalidade tiveram que ceder. Ante a ameaça de um processo que os punha no pelourinho e lhes seria muito prejudicial, a administração da cidade de Louisville resolveu, para que Schrenger encerrasse rapidamente o caso, indenizá-lo com 75 mil dólares. Esse acordo saiu três meses depois de o policial ter entrado com seu processo.
Comenta Matt Heffron: “A oferta rápida da cidade de pagar US$ 75.000 mostra que ela sabia que cometera uma violação significativa e imperdoável dos direitos constitucionais de um oficial leal”.
Não é sempre que vemos uma injustiça tão flagrante ser sanada com tanto sucesso.
ABIM
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