Os filmes catástrofe de Hollywood são muitos e variados, mas têm alguns temas recorrentes. Um dos mais frequentes envolve a colisão de um enorme asteróide ou cometa com o nosso planeta. Felizmente a real probabilidade de tal acontecer é bastante reduzida, mas não totalmente impossível. Recordemos a extinção dos dinossauros há 66 milhões de anos. Portanto, alguns cientistas têm reflectido sobre o assunto, propondo soluções. Para sabermos se estas ideias serão realmente eficazes temos de usar o método científico: testar, observar e aprender. E foi mesmo isso que aconteceu no passado dia 26 de Setembro. Nesse dia uma sonda espacial atingiu, de propósito, o asteróide Dimorphos (que significa “duas formas”), que mede 160 metros de diâmetro, a cerca de 22.500 quilómetros/hora. O objectivo não era, como na ficção, destruir o corpo celeste, pois tal não é possível. A meta é mais modesta: pretende-se diminuir ligeiramente o tempo que esse asteróide demora para orbitar a lua Didymos que tem 780 metros de diâmetro e que em grego significa gémeos. E é por isso que este projecto da NASA é intitulado de “teste de redirecionamento de asteróide duplo”, ou simplesmente “DART”. O leitor mais ansioso pode ficar tranquilo pois este sistema binário não representa qualquer ameaça para o nosso planeta, dado que se encontra a mais de 11 milhões de quilómetros da Terra. O plano foi executado na perfeição e no site da agência espacial americana já é possível ver as imagens verdadeiramente espectaculares do impacto. E qual é o próximo passo do DART? Seguem-se observações e medições para percebermos como ficou efectivamente a órbita de Dimorphos. Se tivermos sucesso poderemos no futuro abordar um hipotético grande asteróide ameaçador desta forma. Assim evitaremos a colisão com o nosso ponto azul alterando a sua rota através de sondas enviadas em estilo “kamikaze”. Será um “tiro ao alvo” espacial com um final feliz graças à ciência.
Luís Monteiro (Médico)
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