Após a declaração que gerou uma onda de indignação e críticas, o Presidente Marcelo publicou uma nota no site da Presidência mas pouco ou nada acrescentou.
O Presidente da República publicou ao início da noite desta terça-feira uma nota no site da Presidência dando conta de que “tomou conhecimento da validação de 424 testemunhos de abusos sexuais na Igreja em Portugal". A nota, saliente-se, é publicada horas depois de uma declaração de Marcelo sobre o tema ter gerado polémica.
O Presidente da República sublinha, mais uma vez, a importância dos trabalhos desta Comissão, muito embora lamente que não lhe tenham sido efetuados mais testemunhos, pois este número não parece particularmente elevado face à provável triste realidade, quer em Portugal, quer pelo Mundo”, lê-se na nota, que sustenta que “vários relatos falam em números muito superiores em vários países, e infelizmente terá havido também números muito superiores em Portugal”.
Este é o paragrafo que na nota da Presidência justifica, ou pelo menos tenta esclarecer, a declaração feita esta tarde aos jornalistas, à margem de um evento no Palácio de Belém. Questionado sobre se ficou surpreendido com o número divulgado pelo Comissão Independente, Marcelo não hesitou e respondeu: “Não, não. Aliás tenho acompanhado deste o início a atividade da comissão” e, acrescentou, "não há limite de tempo para estas queixas”. E justificou.
Há queixas que vem de pessoas de 90/80 anos que denunciam o que sofreram há 60, 70 ou 80 anos. O que significa que estamos perante um universo de milhões de jovens ou muitas centenas de milhares de jovens que se relacionam com a Igreja Católica, pelo que haver 400 casos não me parece particularmente elevado. Noutros países e com horizontes mais pequenos houve milhares de casos”
O Bloco de Esquerda, pela voz do líder parlamentar Pedro Filipe Soares foi o primeiro a criticar, classificando as palavras de Marcelo “como um insulto às vítimas”. Indignação que depressa se estendeu a outros partidos.
A nota da Presidência refere ainda que o chefe de Estado “espera que os casos possam ser rapidamente traduzidos em Justiça”, vincando que “tal como fez no início de setembro, transmitindo imediatamente à PGR a denúncia que recebeu, continuará a promover e apoiar todos os esforços para que os abusadores sejam responsabilizados e afastados de qualquer situação que possa permitir a reincidência nestes comportamentos, seja no seio da Igreja Católica, ou em qualquer outra situação”.
Ana Lemos/Lusa
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