Um estudo realizado no Centro de Investigação e Intervenção Social (CIS-Iscte), recentemente publicado na revista Nursing Open, explorou as experiências de pessoas mais velhas com dor crónica em estruturas residenciais para pessoas idosas, quando recebem apoio social formal relacionado com a sua dor. A investigação destaca a importância de uma comunicação eficaz entre os cuidadores formais no bem-estar dos residentes de unidades de cuidados de longa duração que vivem com dor crónica.
As investigadoras do CIS-Iscte Marta Matos e Sónia Bernardes tiveram como objetivo explorar as experiências de pessoas idosas que residem em estruturas residenciais para pessoas idosas e identificar os tipos de respostas dos cuidadores que são consideradas úteis ou inúteis na adaptação à dor crónica. Através da realização de entrevistas a um grupo diversificado de residentes, que sofriam de dor crónica, foi possível compreender que as pessoas residentes preferem receber ajuda que seja protetora da sua autonomia (psicológica e funcional) e quando as interações com os cuidadores e cuidadoras se revestem de uma sensação de ligação e familiaridade (como numa relação informal). A equipa de investigação adotou a perspetiva da pessoa que recebe os cuidados e obteve informações valiosas sobre as práticas facilitadoras que podem ter um impacto positivo no percurso de gestão da dor dos residentes.
Marta Matos, a primeira autora do artigo, explicou que “O primeiro tema que emergiu do estudo foi a importância do apoio útil durante uma crise de dor. As pessoas que participaram neste estudo salientaram a importância de receber apoio que reduzisse a intensidade da dor durante as crises. Isto sugere que a assistência atempada e adequada durante episódios de dor é crucial para as pessoas residentes com dor crónica.” Sónia Bernardes acrescenta: “Estas pessoas também salientaram a necessidade de apoio que facilitasse o seu envolvimento nas atividades diárias, apesar da dor crónica, o que sugere que a assistência em tarefas e atividades pode melhorar significativamente a qualidade de vida de quem reside em cuidados de longa duração com dor crónica.”
Considerando algumas limitações do estudo, a equipa de investigação reconhece que o formato (online) das entrevistas pode ter sido contraproducente em termos de profundidade e duração. Salientam também a necessidade de mais investigação sobre os papéis de género e a influência do contexto sociocultural nos cuidados relacionados com a dor, como por exemplo, a inclusão de mais homens em estudos de investigação desta natureza e a consideração de outros contextos de cuidados de longa duração.
As implicações desta investigação são vastas, uma vez que a dor crónica afeta uma grande proporção de pessoas residentes de cuidados de longa duração. “Ao reconhecerem a importância do apoio social e de respostas eficazes, os prestadores de cuidados de saúde podem contribuir para a qualidade de vida das pessoas mais velhas que vive com dor crónica”, concluem as investigadoras.
Pedro Simão Mendes
Comunicação de Ciência (CIS-Iscte)
APImprensa
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