A campanha de 2023 do Campo Arqueológico de Proença-a-Nova pôs a descoberto vestígios do piso original de um caminho de acesso ao forte a partir do lado sul na Bateria das Baterias, em Catraia Cimeira, e que se acredita ter tido influência naquela estrutura militar. Na Bateria das Baterias, o objetivo era dar continuidade aos trabalhos de 2018, com o objetivo de escavar o aterro interno, identificar a localização do armazém de pólvora e de outras estruturas que possam incorporar a bateria. De acordo com Mário Monteiro, responsável pelos trabalhos neste primeiro campo, cujos trabalhos decorreram entre 10 e 23 de julho, foi dado um grande avanço nas investigações.
Entre 10 e 23 de julho as investigações prosseguiram com o 2º Campo na Anta da Moita da Galinha, em Moitas, tendo como objetivo principal a salvaguarda física e de conhecimento acerca desta sepultura pré-histórica, integrável no conjunto megalítico das Moitas, prevenindo danos involuntários relacionados com o uso do solo (rede viária e povoamento florestal) e eventuais danos que possam ocorrer em consequência do aumento da carga humana sobre este sítio, com a sua integração no percurso pedestre PR1 PN História na Paisagem.
No total, a campanha deste ano contou com 14 estudantes, 5 arqueólogos e uma pintora/desenhadora de peças, a grande maioria repetente que regressam a Proença-a-Nova ano após ano, não só pelo contexto histórico das investigações, mas pela “comida, local, ambiente, as pessoas. Proença-a-Nova é acolhedora e somos sempre muito bem tratados aqui”, revelam as alunas de arqueologia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. “Além disso, como estudantes aprendemos bastante no contexto prático, foi aqui que realizei o meu primeiro trabalho de campo em pré-história e isso também me influenciou a seguir esta linha de estudo no Mestrado”, acrescentou uma das alunas.
O CAPN de 2023 recebeu ainda a visita de 3 especialistas de ambas as cronologias investigadas – Invasões Peninsulares (desde 1762 a 1808) e Megalitismo (mais de 5000 anos de história na paisagem). O CAPN inclui ainda outras atividades lúdico-didáticas, como conferências, debates e visitas de estudo. Este ano realizaram-se duas conferências, a primeira com o tema “Avaliação de impacte ambiental e salvaguarda do património arqueológico”, que aconteceu a 9 de julho e contou com o orador João António Ferreira Marques, da Direção Geral do Património Cultural, e a segunda com o tema “Avaliação de Impacte Ambiental: antes, agora e depois”, a 19 de julho, com a intervenção de Gertrudes Branco da Direção Regional de Cultura do Centro. Os participantes realizaram as habituais visitas de estudo, este ano para conhecer as fortalezas de Marvão e de Castelo de Vide.
O Campo Arqueológico de Proença-a-Nova (CAPN) realizou a sua 12ª edição e é um modelo misto de campo de trabalho, investigação e aprendizagem para alunos, preferencialmente dos ramos da arqueologia, da história e das arqueociências. O intuito destes campos é estudar, preservar e divulgar os sítios arqueológicos do concelho dando a conhecer um património que ainda é desconhecido de muitos e conta com o apoio de diversas entidades nomeadamente o Município de Proença-a-Nova, a Associação de Estudos Alto do Tejo, o Seminário do Preciosíssimo Sangue, a União de Freguesias de Proença-a-Nova e Peral, a Junta de Freguesia de Montes da Senhora e a empresa Emerita.
Andreia Gonçalves
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