Cantanhede
passa a dispor, a partir do próximo domingo, 29 de setembro, de um
equipamento cultural único na região. Trata-se do MACC – Museu de
Arte e do Colecionismo de Cantanhede, que nasce a partir da doação
ao Município de Cantanhede pelo médico, político e humanista,
Cândido Ferreira, de um acervo constituído por centenas de milhar
de peças reunidas em cerca de 100 coleções.
O
MACC está organizado em sete grandes áreas de colecionismo,
designadamente pintura, mobiliário e artes decorativas portuguesas,
arqueologia de todas as civilizações, artesanato do mundo, história
do dinheiro, história postal, temas de bibliografia e afins e
colecionismo dito popular.
Instalado
no centro da cidade, na sequência da reabilitação e adaptação da
Casa do Capitão Mor, antiga Casa Municipal da Cultura, à qual surge
agora justaposto um novo módulo construtivo implantado na área
antes ocupada pelas antigas instalações da Escola Técnico
Profissional de Cantanhede, este equipamento cultural aposta forte
nas funções cultural, patrimonial e educativa, que não podem
deixar de fazer parte de equipamentos coletivos desta natureza.
Estruturado
a partir do programa museológico do professor doutor Fernando
António Baptista Pereira e da museografia assinada pelo Atelier
P0-6, o MACC procurará celebrar a Arte e o gosto colecionista
mediante estratégias expositivas muito originais, alternando
salas-arquivo e outros dispositivos de arquivo/vitrine dedicadas à
História do Dinheiro (Numismática e Circulação Fiduciária), à
História Postal (Filatelia e Postais) e, ainda, às outras coleções
(rótulos, relógios, canecas, caixas de fósforos, brinquedos, pins,
aparelhos de rádio, etc.) com salas dedicadas a ambientes de
colecionadores dedicados à Pintura, à Escultura e às Artes
Decorativas dos séculos XIX e XX.
Completam
o programa funcional do MACC uma galeria de exposições temporárias
aberta ao intercâmbio de produções internas com produções
internacionais, um jardim futuramente destinado a feiras do
colecionismo, que vão procurar fazer de Cantanhede a capital do
colecionismo em Portugal, e uma cafetaria/doçaria.
Reconhecido
nacional e internacionalmente pela qualidade e consistência das suas
coleções, Cândido Ferreira, falecido há pouco mais de um ano,
sempre afirmou ter sido o seu “espírito inquieto” que o levou a
juntar objetos. Daí que a doação do seu vasto espólio mais não é
do que a devolução “aos seus legítimos proprietários, que são
o nosso povo e os povos com quem nos cruzamos ao longo de uma
História de que Portugal só pode orgulhar-se”.
O
MACC nasce, desta forma, de uma virtuosa conjugação de vontades.
Por um lado, de um colecionador privado que abdica da propriedade de
um acervo para disponibilizar ao público, por outro o Município de
Cantanhede, que disponibiliza os seus recursos humanos, técnicos e
financeiros, para assumir responsabilidades sobre o destino desse
mesmo acervo.
Voto
de louvor e reconhecimento a Cândido Ferreira
Recorde-se,
a propósito, que a Assembleia Municipal de Cantanhede aprovou, em 7
de abril de 2019, a atribuição de um voto de louvor e
reconhecimento a Cândido Ferreira, tendo em conta o inestimável
benefício que o seu gesto de benemerência representa para o
concelho, ao nível da oferta de serviços culturais e do reforço da
atratividade do território, sem esquecer os méritos que evidenciou,
quer profissionalmente, como médico na sua área de especialização,
mas também como ensaísta e romancista ou ainda como político muito
empenhado na defesa de importantes causas sociais.
Natural
de Febres, Cândido Manuel Pereira Monteiro Ferreira, faleceu a 21 de
março de 2023, aos 74 anos. Teve uma carreira de referência na
Medicina, área na qual se licenciou, em 1973, pela Universidade de
Coimbra. Especialista em Nefrologia, destacou-se ainda pela atividade
político-partidária, mas também enquanto escritor de romances,
contos, crónicas e ensaios, sendo membro da Associação Portuguesa
de Escritores, a convite da Direção.
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