Viva A Liberdade
2015/11/15 12:12 | Diário do Sul, Visto do
Alentejo | Link permanente
Quando aterrei
em Lisboa, chegado de um voo transatlântico, na madrugada de dia 14 de
Novembro, senti no rosto das pessoas uma estranha inquietação. Não demorou
muito tempo a saber a razão. O meu telemóvel estava inundado de mensagens e de
notícias ainda algo difusas sobre mais um ciclo de atentados em Paris.
Naquele momento,
como deve ter acontecido com milhões de outras pessoas por toda a Europa, fui
invadido por uma imensa angústia. Um sentimento de que nada voltaria a ser como
dantes, depois de ver brotar mais uma vez do nosso próprio tecido social os gérmenes
da sua autodestruição.
Vieram-me de
súbito à memória as imagens de horror que marcaram tantos ciclos de
intolerância na história da humanidade. Temos agora que ser capazes de ser
diferentes, sem deixar de ser fortes. Não nos podemos deixar subjugar ao ódio
nem ao medo. Temos que agir.
Os terroristas
abominam o nosso modo de vida, a nossa liberdade de escolha, a nossa forma de
viver. Muitos justificam que isso se deve a não terem sido integrados
esquecendo que uma coisa é a integração e a dignidade social que todos merecem
como princípio (e em que por vezes falhámos) e outra é a assimilação que a
nossa cultura de tolerância não força.
Não é em
vão que proclamamos os valores da liberdade, da igualdade e da fraternidade e
que procuramos cada vez mais lutar contra os que querem mercantilizar o Homem e
retirar-lhe a oportunidade de ser digno e feliz.
Como já dizemos
e fizemos muitas vezes, em tantas outras feridas cravadas no corpo da nossa
sociedade aberta e tolerante, o 14 de Novembro exige ação. Temos que reforçar
os serviços de segurança, para separar o trigo do joio e não deixar contaminar
a ira por comunidades que na sua larguíssima maioria são inocentes.
Temos que lutar
com as ideias mas também com as armas defensivas mais potentes que tivermos. E
não podemos sucumbir ao medo. Deixar de sermos como somos. Livres, diversos,
viajantes.
No dia em
que nos tolhermos com receio e deixarmos de viver como sonhámos viver, os
inimigos da sociedade aberta celebrarão o seu triunfo e não os podemos deixar
triunfar.
É claro que
vamos correr riscos acrescidos. Mas não há luta sem riscos. O Ocidente precisa
de heróis. Gente que cante a liberdade mesmo quando for perigoso cantar a
liberdade. Gente que pratique a liberdade mesmo que quando for perigoso
praticar a liberdade. A barbárie não passará.
Carlos Zorrinho
Nenhum comentário:
Postar um comentário