quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Suspeita de crime na contaminação de alimentos com dioxinas na Alemanha Já foram encerradas mais de 4000 explorações agríciolas

As autoridades alemãs começaram a investigar a possibilidade de haver origem “criminosa” no escândalo dos alimentos contaminados com dioxinas, que obrigaram ao encerramento de 4709 explorações agrícolas.

Galinhas e porcos foram alimentados com rações contaminadas
 (InaFassbender/Reuters)

Na Holanda foram apreendidos 136 mil ovos, sob a suspeita de estarem contaminados, e no Reino Unido soube-se que foram já vendidos bolos e quiches feitos com ovos alemães – importados já sob a forma líquida – que teriam níveis demasiado elevados de dioxinas. Não há, no entanto, perigo imediato para a saúde.
A maioria das explorações encerradas (existem 375 mil na Alemanha) faz criação de porcos, mas estão ainda a fazer-se testes para verificar se há contaminação da carne de porco e do leite de vaca – e ficam na Baixa Saxónia. Foi neste estado alemão que foi distribuída a maior parte das rações animais que continham na sua composição as 3000 toneladas de ácidos gordos contaminados com dioxinas, distribuídas na Alemanha durante os meses de Novembro e Dezembro.
As dioxinas em causa são subprodutos de exploração industrial, provenientes de uma empresa alemã produtora de biodiesel a partir de óleo de palma e soja, chamada Petrotec. Esta empresa, segundo a edição em inglês na Internet da revista alemã Der Spiegel, alega que os ácidos gordos que colocou no mercado só deviam ser usados para fabricar lubrificantes industriais, e não rações animais.
Mas a Harles und Jentzsch, a empresa na berlinda, que está a concentrar as atenções da investigação judicial que está a decorrer na Alemanha, diz que não estava a par dessas limitações.
“Não utilizámos gorduras não autorizadas”, defendeu-se o patrão da empresa, Siegfried Sievert, numa entrevista concedida à televisão Spiegel TV, que deve ser transmitida na íntegra no domingo. Sievert afirma desconhecer a origem da contaminação com dioxinas e acrescenta que a empresa está a “trabalhar em estreita colaboração com as autoridades”.
Mas as autoridades, que falam numa presença de dioxinas 77 vezes superior ao permitido, dizem ser pouco crível que se esteja em presença de um simples erro de manipulação. “Em tais quantidades, não pode ser só um erro”, declarou um responsável do governo da Baixa Saxónia, Konrad Scholz, citado pela AFP.
Empresa não registada?
“As primeiras indicações apontam para um elevado nível de actividade ilegal”, disse uma porta-voz do Ministério da Agricultura, Ilse Aigner, citada pelo site da BBC. “Há indicações de que a empresa nem sequer está registada oficialmente, para não estar sujeita a controlos oficiais.”
Segundo o Governo de Berlim, podem ter sido contaminadas até 150 mil toneladas de alimentos para animais. Os ovos, a carne e o leite desses animais podem ter sido usados em muitos outros produtos, e exportados para outros países, por vezes já processados – como aconteceu com os bolos e quiches no Reino Unido.
O perigo para a saúde humana não será imediato, porque as dioxinas estão já muito diluídas. Mas estes químicos, que podem ocorrer naturalmente ou em resultado de processos industriais, são absorvidos pelas células gordas e ficam lá armazenados, pois têm uma grande estabilidade.
Podem causar problemas de desenvolvimento e no sistema reprodutivo e imunitário, interferindo com as hormonas. Podem ainda levar ao desenvolvimento de cancro.

Por Clara Barata
Fonte: Público 07.01.2011- 19h 50

Comentário: Foi noticia, deixou de ser noticia porquê?


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