O Observatório sobre Crises e Alternativas considera que os estágios financiados pelo IEFP se transformaram "num elevado esquema de rotação", tendo em conta "a fraca empregabilidade" da medida de emprego, pois apenas um terço dos jovens são integrados nas empresas.
As políticas ativas de emprego aplicadas entre 2008 e 2015 foram analisadas pelo Observatório do Centro de Estudos Sociais (CES) da Universidade de Coimbra, que salientou, baseando-se no último relatório anual do IEFP, os 197,5 milhões de euros gastos pelo instituto de emprego com os Estágios Emprego de 70 mil jovens em 2015.
Esta é a principal medida de apoio à contratação de recém-licenciados, com o Estado a assegurar 80% dos encargos salariais.
O número destes estagiários aumentou seis vezes entre 2011 e 2015, de 11 mil para 70 mil, mas este crescimento não teve correspondência em termos de empregabilidade, dado que o número de estagiários que foram contratados pela empresa onde estagiaram caiu 10 pontos percentuais de 2013 para 2014.
Segundo o estudo do Observatório, que será hoje publicado na internet, o estágio aumenta entra 10 a 25% a probabilidade de conseguir um emprego, mas "a maioria dos jovens não consegue mais do que ficar na empresa durante os nove meses do estágio".
"Em vez de os contratar, as empresas preferem recrutar outros jovens estagiários e continuar a pagar apenas 20% dos salários", diz a análise.
Por isso, os investigadores que assinam o estudo, Pedro Hespanha e Jorge Caleiras, consideram, que existem uma subversão da lógica da medida de apoio ao emprego.
"No fundo, os estágios transformaram-se num elevado esquema de rotação. Os estágios são sucessivos e a situação é cada vez mais recorrente", dizem os autores do caderno.
Referem ainda um relatório do Tribunal de Contas que alertava para "a fraca empregabilidade destes estágios", pois "apenas um terço dos jovens que receberam apoios do Estado em 2014 acabaram por ser integrados nas empresas, uma vez terminado o estágio".
O estudo é o 10.º caderno do Observatório sobre Crises e Alternativas e analisa os impactos que a crise e o programa de "ajustamento estrutural" acordado com a 'troika' de instituições credoras (Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco Central Europeu) tiveram nas políticas de emprego e no serviço público de emprego.
O caderno aborda as políticas de emprego nos Programas de Governo e no Memorando de Entendimento e analisa os impactos da crise e da austeridade no serviço público de emprego e nas políticas de emprego entre 2008 e 2015.
O estudo vai ser apresentado e debatido num colóquio, na quarta-feira, que contará com a participação do secretário de Estado do emprego.
Fonte: Lusa
Foto: © IEFP
Nenhum comentário:
Postar um comentário