quarta-feira, 5 de abril de 2017

Dias Loureiro: "Estou estarrecido. É um arquivamento com insinuações"

Ministério Público alega falta de provas e decidiu arquivar o inquérito contra Dias Loureiro e Oliveira e Costa no caso BPN. Despacho de arquivamento tem 101 páginas, conclui que não houve crime, mas mantém todas as suspeitas.
Dias Loureiro foi constituído arguido em 2009
Em declarações ao DN, o antigo ministro de Cavaco Silva e ex-dirigente do PSD afirma-se "estarrecido e preocupado" com o despacho de arquivamento do Ministério Público. O documento, a que o DN teve acesso, conclui que "uma vez que não foi reunida prova suficiente, suscetível de ser confirmada em sede de julgamento, da intenção de enriquecimento dos arguidos Dias Loureiro e Oliveira e Costa, resta-nos afastar a prática de crime de burla". Sem capacidade para provar o enriquecimento, o MP deixou cair a prática dos crimes de fraude e burla qualificadas, e "impôs-se" a conclusão de que "não foi possível a imputação do crime de branqueamento", logo impôs-se também o arquivamento dos autos.

O ex-ministro e ex-dirigente do PSD Dias Loureiro e o antigo presidente do BPN e ex-secretário de Estado José de Oliveira e Costa estavam indiciados pelos crimes de burla qualificada, branqueamento e fraude fiscal qualificada, num processo que deu os primeiros passos há oito anos. A investigação debruçou-se, desde 2009, sobre a "prática de factos conexos com o Grupo BPN/SLN, com o negócio de venda da sociedade REDAL, de Marrocos, e com a aquisição de uma participação de 25% do capital da sociedade BIOMETRICS, de Porto Rico", negócios que aconteceram no início da década, a partir de 2001.

Nas 101 páginas do despacho de arquivamento, e apesar da conclusão final - arquivamento por falta de provas - o MP sublinha e coloca em negrito algumas passagens em que mantém todas as dúvidas e suspeitas que sustentaram a investigação. A procuradora Cláudia Oliveira Porto usa frases como "pese embora o facto de não ter sido recolhida prova suficiente do recebimento dessa vantagem pessoal, à custa do grupo BPN/SLN, subsistem as suspeitas, à luz das regras da experiência comum". Numa outra passagem, o MP afirma que "toda a prova produzida nos autos revela-nos uma engenharia financeira extremamente complexa, a par de decisões e práticas de gestão que, a serem sérias, são extremamente pueris e desavisadas, o que nos permite suspeitar que o verdadeiro objetivo (...) foi tão-só o enriquecimento ilegítimo de terceiros à custa do Grupo BPN, nomeadamente Dias Loureiro e Oliveira e Costa". Esta frase convive, no mesmo documento, com esta: "as diligências efetuadas não nos permitiram detetar e concretizar esse eventual enriquecimento".

Numa breve conversa telefónica com o DN, já depois de ter sido notificado da decisão do MP e de ter lido o despacho de arquivamento, Dias Loureiro sublinha que esteve "oito anos sob suspeita, e tudo devido a um inquérito". "Estamos a falar do arquivamento de um inquérito", sublinha o antigo ministro social-democrata, lembrando que foi ouvido pelas autoridades numa única ocasião, há oito anos, altura em que lhe apresentaram os factos e os crimes de que era indiciado. "Fico estarrecido com isto. Estarrecido e preocupado", diz Dias Loureiro, lembrando que nestes oito anos sempre manteve o silêncio, e que foi nesse estado que foi assistindo a "fugas de informação sistemáticas, para agora se fazer um arquivamento com insinuações". O antigo dirigente do PSD estranha ainda que a acusação tenha passado oito anos a investigar, "oito anos em que viram tudo o que tinham para ver" da vida dele, para agora arquivarem o processo mantendo dúvidas. "Se tinham dúvidas deveriam ter usado o contraditório, se tinham dúvidas, perguntavam", diz Dias Loureiro, sublinhando que, depois do primeiro interrogatório, nunca mais foi ouvido ou notificado de nada.

Fonte: DN

Comentários: estamos uma montanha que pariu um ratinho, aliás, como já estamos habituados.
Também me sinto estarrecido, pois o homem deu um pontapé numa pedra e a massa jorrou como água. Conclusões iguais vão ser dadas a conhecer sobre outros casos.

J. Carlos

Um comentário:

  1. Coitado do homem, "está estarrecido". Aqui vai para ele: e nós estamos fod....será que este "atleta" consegue explicar a sua fortuna! Sao estes e outros que tais que nos fazem pagar, bem caro, o nosso modo de vida.

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