terça-feira, 27 de junho de 2017

Funcionários da Segurança Social suspeitos de legalizar milhares de imigrantes

Polícia Judiciária deteve 12 pessoas. São suspeitos de receber dinheiro para emitir números de identificação para cidadãos do Paquistão, Índia e Bangladesh

LEONEL DE CASTRO / GLOBAL IMAGENS
A Unidade Nacional Contra a Corrupção (UNCC) da Polícia Judiciária deteve, esta terça-feira, 12 pessoas suspeitas de integrarem um esquema de corrupção na Segurança Social para a emissão de Números de Identificação (NISS) para cidadãos estrangeiros. Nos últimos anos, milhares de cidadãos da Índia, Bangladesh e Paquistão terão obtido desta forma um visto. Durante a manhã de hoje, os investigadores recolheram milhares de documentos em buscas, de forma a perceber se algum dos "legalizados" tem ligações a atividades terroristas.

De acordo com informações recolhidas pelo DN, os funcionários da Segurança Social são suspeitos de receber entre 200 e 300 euros por NISS emitido. O contacto era feito por um grupo de angariadores de imigrantes, que também cobrariam uma comissão aos interessados. Com o NISS na mão, os imigrantes poderiam dirigir-se ao SEF, pedindo a emissão de um visto de trabalho, o que lhes dava automaticamente acesso a todo o espaço europeu.

Este processo corre no Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa. Esta terça-feira, a UNCC colocou 130 inspetores no terreno para buscas e detenções.

Em comunicado, a PJ anunciou ?a detenção de 12 pessoas, entre as quais seis funcionários do Instituto da Segurança Social, por crimes de corrupção passiva e ativa para ato ilícito, abuso de poder, falsidade informática e falsificação de documentos.

"A Polícia Judiciária, através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) e no âmbito de um inquérito dirigido pelo Ministério Público (DIAP de Lisboa), deteve seis funcionários do Núcleo de Gestão do Cliente do Instituto da Segurança Social e seis cidadãos estrangeiros, oriundos de países do Sudoeste asiático", informam as autoridades em comunicado, dando conta da operação "Social Number".

De acordo com o comunicado da PJ, o "modus operandi" do crime consistia na manipulação do Sistema Informático da Segurança Social, por meio da criação e alteração de registos na base de dados, atribuindo números de identificação da segurança social fraudulentos a cidadãos estrangeiros mediante o recebimento de contrapartidas, em valores da ordem das centenas de milhares de euros.

No decurso da operação foram realizadas 48 buscas na área da Grande Lisboa, das quais 26 domiciliárias e 22 não domiciliárias. As buscas não domiciliárias foram realizadas a várias empresas e a instalações da Segurança Social, designadamente ao Centro Distrital da Segurança Social de Lisboa, tendo sido apreendidos documentos e material relacionado com a atividade criminosa em investigação e ainda mais de 50 000 euros em dinheiro.

Os detidos serão presentes a tribunal, para determinação das medidas de coação. A PJ informa que a investigação prossegue, para recolha de provas, e que a operação contou com a colaboração dos Serviços de Segurança Social.

Fonte: DN

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