O INEM sinalizou 42 pessoas da zona afetada pelo incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande com necessidade de acompanhamento e de reavaliação, disse hoje a coordenadora do Centro de Apoio Psicológico e Intervenção em Crise (CAPIC).
Até ao momento, foram sinalizadas 42 pessoas com necessidade de "acompanhamento e de reavaliação", por estarem num "processo de luto", em que perderam familiares ou casas na sequência do incêndio que provocou 64 mortos, disse à agência Lusa a coordenadora do CAPIC do INEM, Sónia Cunha, referindo que foram identificados seis casos "com sinais de risco".
As seis situações mais graves e complexas "foram consideradas de emergência e encaminhadas para os serviços de urgência dos serviços psiquiátricos dos CHUC [Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra]", afirmou Sónia Cunha, que esteve a coordenar uma equipa de cerca de 60 psicólogos de diferentes instituições que estiveram a garantir a resposta de emergência até quinta-feira.
Segundo a especialista, os casos foram sendo identificados ao longo da semana passada, tendo sido feitos contactos de monitorização para avaliar "a evolução das reações", para saber se estas se intensificaram ou diminuíram.
Este ‘follow up' "dá sinais de que a pessoa pode vir a desenvolver uma patologia e que tem de ser referenciado".
Sónia Cunha sublinhou que os vizinhos e os familiares devem estar atentos "a sinais de risco" e procurar "ajuda via 112, centro de saúde ou, até, através da linha Saúde 24, para pedir aconselhamento".
Os sinais poderão ser uma "alteração significativa do comportamento", ou a pessoa não conseguir "assumir tarefas e responsabilidades habituais", como não conseguir trabalhar ou não conseguir dormir.
Segundo a coordenadora do CAPIC, que esteve hoje no terreno, os sinais de alerta normalmente são detetados pelas pessoas mais próximas ou pelas equipas de saúde de proximidade.
"Não são tanto os psicólogos", constatou, sublinhando que estes profissionais devem ser "gradualmente" retirados do terreno e a resposta deve-se centrar posteriormente nas unidades de saúde de referência.
"Até um mês, [a situação] ainda é considerada de crise", podendo haver reações "intensas" por parte das pessoas, mas, a partir daí e até três meses após o incidente, "há uma aparente normalização da comunidade".
Sónia Cunha vincou ainda que é necessário preparar os psicólogos para a efeméride de um ano desde o incêndio, porque "é uma data crítica".
A normalização, segundo a literatura científica, poderá apenas ser completamente reposta passados três anos, "dependendo das comunidades", explanou a coordenadora do CAPIC.
Fonte: MadreMedia/Lusa
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