OPINIAO | | POR GONÇALO GONÇALVES
Doze anos de governação sem projeto deixaram Aveiro à deriva e refém da máquina partidária do PSD/CDS. Esses três executivos fragilizaram e desmantelaram os serviços públicos do município e mantêm-se desejosos de continuar a tirar o que é de todos!
Sob a batuta de Ribau Esteves, os eleitos pela coligação aprovaram o saque à população, utilizando a desculpa do inevitável e recusando soluções que protegessem os munícipes da austeridade, que tanto massacrou os portugueses. O chamamento para vergarem-se a um discurso profético da chegada do “Diabo” de Passos Coelho era demasiado tentador e facilitador para quem não tinha ideias para Aveiro.
O mesmo executivo que inviabilizou o apoio à população e hipotecou o futuro das próximas gerações, de forma hipócrita, começou a fomentar a especulação e o favorecimento a grandes grupos económicos. Em ano de eleições, já são visíveis as intervenções de cosmética: alcatrão, algumas pequenas obras nas freguesias e alguns apoios a associações locais. Tudo enquadrado com dezenas de outdoors espalhados pelo concelho como se de cogumelos se tratasse…
A máquina partidária do PSD/CDS aposta no culto da personalidade e assim esconde o seu projeto eleitoral, indo ao encontro daqueles que na ilusão dizem que nas eleições autárquicas votam nas pessoas e não nos partidos.
E assim começa o engodo político!
Temos um candidato/presidente que defende a todo o custo as grandes empresas/especuladoras e pouco faz pelos habitantes. Alguns podem pensar que defender empresas como a Navigator é promover a criação de emprego na região, mas isso não é bem assim. Hoje em dia, com o avanço da tecnologia, a mão de obra que é necessária para que uma indústria como esta funcione é insignificante, se comparada com as necessidades de há vinte anos. No caso desta empresa, poderíamos pensar que iria reforçar e valorizar a produção nacional da matéria-prima (eucalipto), mas também não é verdade. Ela paga o valor mínimo possível aos fornecedores nacionais e quando diminui a oferta interna, ela esmaga os preços da matéria-prima com importações de madeira vinda de outros países, adquirida por valores superiores. Na realidade, é uma empresa que oprime os produtores nacionais com a especulação da matéria-prima e lucra com a desorganização florestal portuguesa. Devido à sua fome voraz, absorve muitos recursos, sem dar espaço para a criação de outros negócios relacionados com a exploração/transformação florestal.
Se o sector privado tem o direito ao lucro, também tem de contribuir de forma sustentável para a comunidade. Esta não pode sacrificar-se em prol do lucro das entidades privadas.
Mas voltando ao engodo, mais especificamente ao Partido Socialista. Desengane-se quem considera que o PS é oposição em Aveiro. Não, não é. É o partido da abstenção, que em alguns casos até apoiou as políticas do PSD/CDS, sem esconder as semelhanças nas políticas para o município!
O Bloco de Esquerda votou contra tudo aquilo que prejudicasse a população e apresentou propostas para reverte essa política de sacrifício para os aveirenses.
O BE chega a estas eleições com seriedade, propondo o que tem defendido nos órgãos para os quais foi eleito, tanto local como a nível nacional, como uma verdadeira alternativa na defesa das populações.
Sabemos que podemos fazer a diferença em Aveiro e na grande maioria dos concelhos/freguesias do distrito.
Deixem-me relatar uma pequena conversa que tive com um eleitor de uma freguesia onde o BE não concorre com listas para assembleia de freguesia.
— Não sei em quem votar… O representante do PSD não é de confiança, o candidato pela outra lista já esteve envolvido em esquemas e o que concorre pelo CDS, sem comentários... — diz o eleitor apreensivo e com pena de não haver outras propostas políticas a votos.
— Mas, as listas são constituídas por mais pessoas… Já leu os programas? — digo-o esclarecendo que nestas eleições não estamos a votar numa só pessoa, mas sim em partidos, que apresentam programas/ideias. — Leia os programas e depois faça a sua escolha!
Com esta conversa, percebi que o engodo anda por aí, e faz parte das máquinas partidárias como solução para não discutir com seriedade ideias para os problemas reais.
É urgente acabar com a mentira e o engodo, com esta política de faz de conta, que são todos “bons rapazes”, que “são todos iguais”. Ela descredibiliza os políticos, as instituições públicas e a república, afastando os eleitores da sua contribuição para uma sociedade melhor.
Precisamos de um Bloco de Esquerda mais forte, para fortalecer o debate político e consequentemente a democracia local.
Gonçalo Gonçalves
2.º candidato Câmara Municipal de Aveiro
1.º candidato Assembleia de Freguesia de Requeixo, Nossa Senhora de Fátima e Nariz
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