sexta-feira, 25 de agosto de 2017

O Mundo enfrenta maior crise humanitária em 70 anos. Mais de 20 milhões de pessoas em risco de fome

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O diretor do Programa Alimentar Mundial alertou hoje para aquilo que considera ser a maior crise humanitária em 70 anos, com mais de 20 milhões de pessoas no Iémen, Somália, Sudão do Sul e Nigéria em risco de fome.
“Uma fome é uma situação rara. Quatro países à beira de fome ao mesmo tempo? Nunca se ouviu falar. Enfrentamos a maior crise humanitária em 70 anos, com 20 milhões de pessoas perto de morrer à fome em quatro países”, disse David Beasley em entrevista à Lusa.
O americano, que foi nomeado para o cargo pelo secretário-geral, António Guterres, em março deste ano, diz que a situação mais grave acontece no Iémen, onde perto de sete milhões de pessoas são incapazes de sobreviver sem algum tipo de ajuda alimentar.
“O país está à beira de colapso total. A má nutrição entre as crianças está a níveis altíssimos, impedindo uma geração inteira de alcançar todo o seu potencial. O sistema financeiro está em ruínas e grandes áreas do setor público, incluindo milhares de funcionários de saúde, não recebem os seus salários há quase 10 meses”, explica.
Além da fome, o responsável diz que um surto de cólera tem atravessado o país, infetando milhares de pessoas e causando a morte de outras centenas.
“O surto está quase fora do controlo, com o sistema de saúde praticamente sem funcionar e o sistema imunitário de muitas pessoas enfraquecido devido a mal-nutrição desenfreada. Estive no Iémen no mês passado e vi crianças nos hospitais praticamente sem forcas para respirar. A escala da tragédia é imensa e de partir o coração”, explica.
O Programa Alimentar Mundial, que faz parte da ONU, está também a trabalhar com a Organização Mundial de Saúde e com a UNICEF para estabelecer centros de tratamento de emergência para tratar e combater a cólera. Além do Iémen, milhões de pessoas estão em risco de fome na Somália, no Sudão do Sul e na Nigéria. Beasley diz que a situação nestes países “infelizmente deve-se a conflitos provocados pelo homem."
“Em cada um destes países, facões em guerra têm posto a sua agenda à frente das pessoas. Guerra e violência devastam as vidas de milhões de pessoas, criando emergências de fome e doença a larga escala. Estes conflitos também dificultam o nosso acesso às pessoas que mais precisam, que estão frequentemente em áreas fora do nosso alcance”, diz o responsável.
O político, que serviu como governador da Carolina do Sul pelo partido Republicano, diz que “até líderes de todo o mundo colocarem mais pressão sobre estes países para acabar com estes conflitos, a miséria e sofrimento humano vão continuar” e que a comunidade internacional “não terá qualquer hipótese de atingir o seu objetivo principal: zero fome até 2030.”
Há vários meses que a ONU e diversas agências que a compõem denunciam o drama destes milhões de pessoas, mas apenas na semana passada o Conselho de Segurança aprovou uma resolução que reconhece o problema e promete apoio.
“A minha mensagem é simples: não podemos simplesmente deixar pessoas morrer de fome no mundo de hoje. Juntos temos de agir para salvar vidas agora. Todos podem apoiar a luta contra a fome hoje, indo até www.wfp.org e fazendo uma doação que salva vidas”, conclui David Beasley.
Lusa

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