Juiz mudou crime para dois arguidos. O terceiro segurança saiu em liberdade
Pedro Inverno e David Jardim, os dois seguranças da discoteca Urban Beach que são vistos no vídeo a agredir com violência os jovens Magnusson Brandão, de 26 anos, e o amigo deste, André Reis, na madrugada de 1 de novembro, ficaram ontem indiciados por homicídio tentado e sujeitos à medida de coação mais gravosa, a prisão preventiva. O juiz do Tribunal de Instrução Criminal de Lisboa alterou o crime por que vinham indiciados - ofensas à integridade física graves - para homicídio tentado porque entendeu que houve intenção de matar.
Quanto ao terceiro segurança que também esteve a ser ouvido, de apelido Ramalhete, foi libertado por ordem do tribunal ficando apenas sujeito a Termo de Identidade e Residência (TIR e a proibição de contactos com os outros dois arguidos. Este segurança ficou apenas indiciado por ofensas à integridade física.
Como comunicou o tribunal, Pedro Inverno e David Jardim terão a possibilidade de passar para prisão domiciliária com pulseira eletrónica depois de os serviços de reinserção social verificaram se há condições para aplicar essa medida.
Entre os fundamentos para a decisão de aplicar a prisão preventiva estará o alarme social causado pelo impacto mediático das agressões, a murros epontapés.
Foi só mais "um dia mau"
A defesa dos arguidos veiculoua tese, à entrada do TIC, de que existiu "pressão ao mais alto nível" para que os arguidos ficassem em prisão preventiva. O advogado Joaquim Oliveira, que fez essas declarações - remetendo para o que disse sobre o caso a Procuradora Geral da República, Joana Marques Vidal e o Chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa - saiu do tribunal nada satisfeito com a medida de coação aplicada ao cliente. O advogado até desvalorizou as agressões violentas que o seu cliente terá inflingido aos dois jovens: "Todos nós temos um dia mau na nossa vida, Foi um dia mau para o meu cliente".
Joaquim Oliveira insistiu que "as coisas não começaram naquele vídeo" em que se vê os dois seguranças a pontapearem e esmurrarem as vítimas deitadas no chão e um deles a saltar a pés juntos sobre a cabeça de André Reis. Segundo o advogado, "aquilo que se vê é o final de um processo que começou lá atrás" com os dois jovens "quase em coma alcóolico em atitudes intempestivas". Depois retificou: "Quer dizer, coma alcóolico é força de expressão, estavam embriagados".
O advogado chegou mesmo a dizer que o que está escrito nos relatórios médicos sobre as lesões das vítimas "não tem nada a ver com as imagens". E concretizou: "Não há danos em tecidos ou em ossos. Como é que é possível saltar na cabeça de alguém e não haver danos", questionou, para dizer, logo a seguir, que "o salto foi no ombro e não na cabeça".
Aliás, o facto de os seguranças terem passado a mensagem de que os agredidos estariam no Urban Beach para roubar terá contribuído para a decisão da patrulha da PSP que foi ao local em não registar o auto de ocorrência de imediato no sistema nem chamar Equipas de Intervenção Rápida (EIR) que poderiam até ter detido os seguranças fora de flagrante delito, como referiu fonte policial ao DN.
Fonte: DN
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