Neste espaço, nos posts dos dias 31 de outubro e 1º novembro, publicamos matérias a respeito da “esquerda católica” festejando os 500 anos da rebelião de Lutero. Elas apontaram o quão abstruso é comemorar a rebelião do heresiarca contra a Igreja Católica. No mesmo sentido da pergunta abaixo (em negrito) recebemos duas objeções — normalmente os protestantes sempre repetem as mesmas objeções. Como elas já foram primorosamente respondidas pelo Monsenhor José Luiz Villac, seguem as respostas publicadas na revista Catolicismo, Nº 574, Outubro/1998.
Pergunta — Qual foi o verdadeiro motivo que fez Martin Lutero se revoltar contra a Igreja? Segundo a História, foi porque ele era contra o luxo do Vaticano. O que a Igreja pensa sobre isso?
Resposta — A afirmação de que Lutero revoltou-se contra a Igreja por ter-se escandalizado com o luxo do Vaticano, não é historicamente correta. Na realidade, tal revolta pode ser explicada – ademais de fatores preternaturais que não podem ser descartados, provenientes de uma violenta ação diabólica contra a Santa Igreja Católica — também por fatores psicológiscos como o temperamento exaltado e insubmisso, e o voto inconsiderado que fez Lutero de tornar-se religioso (por medo e não por vocação autêntica, ao que tudo indica) e, finalmente, pela má formação filosófica e teológica que recebeu, afetada de erros que já haviam sido condenados.
Com efeito, Lutero reeditou erros do inglês Wiclef, do checo Jan Huss e das heresias medievais que defendiam uma Igreja dos Santos, puramente carismática e sem Hierarquia.
Em relação ao esplendor do Vaticano, é preciso como premissa considerar que Deus deve ser louvado com magnificência e seu culto deve necessariamente refletir a infinita grandeza e santidade divinas. Por ordem expressa de Deus, já no Antigo Testamento, Salomão construiu o Templo com o máximo de riqueza, não somente empregando madeiras preciosas, mas utilizando ainda verdadeira profusão de ouro.
Assim, lemos no Iº Livro dos Reis:
“Mandou revestir de ouro todo o Templo, de cima a baixo; mandou recobrir de ouro também todo o altar destinado ao recinto dos fundos.“No recinto dos fundos o Rei mandou fazer de madeira de oliveira brava dois querubins, cada um com cinco metros de altura. Uma asa do querubim media dois metros e meio e outros tantos media sua segunda asa, de modo que entre uma e outra extremidade das asas havia cinco metros. Também o segundo querubim tinha cinco metros, de modo que os dois querubins tinham a mesma dimensão e aparência: a altura dos dois querubins era de cinco metros. Estes querubins, Salomão os colocou no meio do recinto interno; eles tinham as asas desdobradas, de modo que a asa de um tocava numa parede e a do outro tocava na outra parede, e no meio do recinto a asa de um encostava na do outro. Salomão mandou revesti-los de ouro.“Mandara cobrir de baixos-relevos esculpidos, representando querubins, palmeiras e grinaldas de flores entreabertas, todo o âmbito das paredes do Templo, por dentro e por fora. Também o pavimento do Templo, revestiu-o de ouro por dentro e por fora.“Na entrada para o recinto dos fundos mandou fabricar batentes de portas de madeira de oliveira brava, formando a padieira e o umbral a quinta parte da porta. Quanto às duas folhas da porta de madeira de oliveira brava, mandou esculpir nelas baixos-relevos com querubins, palmeiras e grinaldas de flores entreabertas e revesti-las de ouro; aplicou as folhas de ouro batido nos querubins e nas palmeiras. Do mesmo modo, fez para a entrada do recinto central umbrais de madeira de oliveira brava, formando um quarto do conjunto. Fez igualmente duas folhas de madeira de junípero; pôs duas almofadas giráveis numa das folhas da porta e duas almofadas giráveis na outra folha. Nas folhas mandou esculpir baixos-relevos de querubins, palmeiras e grinaldas de flores entreabertas, revestindo-os de ouro bem ajustado sobre os relevos.“Salomão ainda construiu o muro do pátio interno com três carreiras de pedra esquadriadas e uma carreira de barrotes de cedro.“No ano quarto, no mês de Ziv, tinham sido lançados os fundamentos da casa do Senhor, e no ano 11, no mês de Bul, que corresponde ao oitavo mês, estava terminada a casa, de acordo com todos os planos e requisitos. Salomão a levantou em sete anos.”
Como vemos, o luxo a serviço do louvor de Deus não somente não é condenável, mas é virtuoso e desejado por Ele mesmo. A riqueza e esplendor dos templos ajudam-nos a compreender melhor a beleza e a grandeza divinas, predicados de sua santidade sem limites. E é um tributo que a criatura presta ao Criador e Soberano Senhor de todas as coisas, de todas as riquezas, de tudo o que existe.
Os protestantes e os anticlericais que falam contra essa riqueza dos templos são, no fundo, igualitários com tendências socialistas e miserabilistas, como mostrou, aliás, o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira em sua obra máxima Revolução e Contra Revolução.
Em relação aos protestantes, não devemos nos deixar enredar por seus sofismas e pretender rebater acusação por acusação, mas rejeitar em bloco sua doutrina — a do Livre Exame — segundo o qual cada um pode interpretar a Bíblia como bem entenda, e que não é preciso um magistério autêntico e uma autoridade instituída por Deus para ensinar, santificar e governar o povo fiel.
Fonte: ABIM
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