♦ Francisco Machado
Narraremos neste artigo a história de Andy Mooney [foto], menino escocês que cresceu em uma moradia social na pequena cidade de Whitburn, entre Glasgow e Edimburgo (Escócia). Filho de um minerador, ele deixou a escola aos 16 anos para trabalhar e ajudar no sustento da família.
Muitos anos se passaram quando certo dia, já adulto, estando Andy na fila de espetáculo de patinação no gelo em Phoenix, no Arizona (EUA), ele teve uma ideia que rende até hoje bilhões de dólares anuais à Disney.
Esta é a história de como nasceu uma ideia surgida numa fila. Uma ideia e a descoberta de um filão de ouro. Andy estava seriamente empenhado em conhecer e ficar por dentro de todos os aspectos da Disney. Isso incluiu assistir a uma apresentação da Disney on Ice, na qual patinadores encenam histórias daquele mundo maravilhoso.
Enquanto estava na fila, reparou que muitas meninas — inclusive suas mães — estavam usando vestidos genéricos de princesa, para se assemelharem a heroínas da Disney, como Branca de Neve, Cinderela e Aurora da Bela Adormecida.
A Disney não vendia esse tipo de vestido na época, mas Mooney percebeu na hora que a empresa estava perdendo uma oportunidade incrivelmente lucrativa. “Eu estava na fila com mães e filhas, todas vestidas da cabeça aos pés de princesas, com acessórios que tinham feito em casa”, conta Mooney, de 63 anos.
“E perguntei a algumas mães: ‘Se a Disney fizesse vestidos oficiais como este, você compraria?’ Todas responderam que comprariam vários.”
A série Princesas da Disney foi lançada pouco tempo depois. Mooney e sua equipe não só lançaram vestidos inspirados nos personagens femininos mais conhecidos, como também decidiram promover livros, merendeiras, bonecas, revistas, jogos de computador, pijamas e parcerias com fabricantes de alimentos.
A ideia era começar a vender basicamente tudo o que fãs da Disney, de diferentes idades, gostariam de comprar, tendo como inspiração uma ou mais princesas.
“Até o fim de 2001, as vendas da linha de Princesas da Disney somaram algo em torno de US$ 300 milhões, e hoje chegam a mais de US$ 6 bilhões por ano”, estima ele.1 Ou seja, uma ideia que redundou na descoberta de um filão de ouro.
Qual a moral da história do escocês Andy? Deixando de lado o aspecto comercial, constatamos que foi atendido um desejo profundo da opinião pública de um mundo ideal, seja nos trajes, seja nos ambientes e estórias, remetendo ao maravilhoso.
O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, em sua magistral coluna Ambientes, Costumes, Civilizações na revista Catolicismo, escrevendo sobre “O Maravilhoso, o real e o horrendo na literatura infantil” [foto ao lado] — que pode ser aplicado aos trajes —, afirma: “As histórias, todos o sabem, são os primeiros contatos das crianças com a vida.” E prossegue:
“Através delas a inteligência infantil transpõe os limites do ambiente doméstico, e aprende as noções iniciais sobre a sociedade humana, com as inúmeras diferenciações que comporta, as atrações que oferece, os deveres que impõe, as decepções que traz, e o jogo complicado das paixões nos altos e baixos desta grande luta que é a existência. ‘Militia est vita hominis super terram’, diz a Sagrada Escritura (Job 7,1) […].
“Daí haver importância essencial, para uma civilização católica, em proporcionar às crianças uma literatura profundamente e sadiamente religiosa. Não falamos apenas do curso de Catecismo e História Sagrada, que deve ser o centro de tudo, mas de histórias que fossem como que o comentário, o prolongamento, a aplicação do que a Religião ensina.
“Quando falamos da literatura infantil, incluímos evidentemente nesta designação genérica as ilustrações que ela comporta legitimamente, e de que se faz um uso muitas vezes exagerado”.2
Na literatura infantil e nas ilustrações poderiam ser ressaltados os trajes, os ambientes e os personagens arquetipizados. É ainda Dr. Plinio quem fala:
“Há no homem, pelo fato de o homem ter sido criado por Deus, para Deus, há no homem uma necessidade de maravilhoso, que é uma expressão de sua necessidade de Deus.
“O homem procura uma ordem de ser mais alta que ele, e procura o próprio Deus”. […]3
No momento em que presenciamos a ignominiosa investida contra a inocência das crianças, atacadas diariamente em seus lares por programas televisivos incentivadores de maus exemplos de toda espécie, de modos de ser e trajes extravagantes contrários à moral católica, da antinatural e perversa ideologia de gênero etc., não é salutar o que revela a história do escocês Andy e sua descoberta?
ABIM
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Notas:
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