O Presidente Filipe Nyusi aproveitou a Cimeira da União Africana, que decorreu na Etiópia, para voltar a sensibilizar o seu homólogo da Cyril Ramaphosa no sentido de ajudar a extradição de Manuel Chang para Moçambique. É que embora a detenção esteja a ser dirimida num tribunal a decisão final sobre a extradição cabe ao Ministro sul-africano da Justiça e Serviços Correcionais.
Depois da deslocação de Ramaphosa à Maputo no passado dia 14 de Janeiro para interceder pela detenção do cidadão sul-africano acusado de ser o financiador do “Al Shabaab” em Cabo Delgado neste domingo (10) foi a vez do Chefe de Estado moçambicano, à margem da 32ª Sessão Ordinária da Conferência dos Chefes de Estado e de Governo da União Africana, que decorreu em Addis-Abeba, abordar o Presidente da África do Sul para conseguir uma decisão que vá de encontro aos interesses do partido Frelimo relativamente ao antigo ministro das Finanças.
Chang foi detido no passado dia 29 de Dezembro de 2018 no aeroporto OR Tambo, em Joanesburgo, e enfrenta um pedido de extradição das autoridades dos Estados Unidos da América (EUA) que o pretendem julgar por corrupção e lavagem dos biliões de dólares que foram roubados usando o nome do povo moçambicano.
Embora o partido Frelimo e o Governo moçambicano afirmem publicamente que é “importante que os órgãos da justiça continuem a fazer o seu trabalho para o apuramento da verdade e ao esclarecimento dos factos sem qualquer tipo de interferência” a verdade é que a Procuradoria-Geral da República, o Tribunal Supremo e até a Assembleia da República têm estado a ser instrumentalizados na tentativa de evitarem a extradição do assinante das Garantias bancárias ilegais que possibilitaram os empréstimos de mais de 2 biliões de dólares para as empresas Proindicus, MAM e EMATUM.
Num vídeo disponibilizado pela presidência sul-africana é possível constatar que Filipe Nyusi deslocou-se sem marcação para os aposentos da delegação sul-africana, acompanhado pelo ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação e ainda por alguns assessores. O Chefe de Estado moçambicano até desculpa-se pela visita, “desculpa por vir a sua casa”.
Em declarações aos jornalistas que o acompanharam à Etiópia o Presidente moçambicano afirmou que: “Falamos da partida prematura do senhor Andre (Hanekon) que tinha sido capturado mas também passamos revista sobre alguns aspectos relacionados com a detenção do nosso cidadão e as intenções de Moçambique em relação a isso e em respeito da Justiça”.
Nenhum declaração foi prestada por Cyril Ramphosa ou pela sua assessoria de imprensa sobre o encontro informal.
Mas o @Verdade apurou que o Presidente Nyusi apelou ao seu homólogo para decidir favorável sobre o pedido de extradição submetido pelas autoridades moçambicanas.
É que embora o processo de Manuel Chang esteja a ser dirimido no Tribunal de Kempton Park a decisão final sobre os pedidos de extradição para os EUA ou Moçambique será tomada pelo Ministro sul-africano da Justiça e Serviços Correcionais, Michael Masutha, portanto é uma decisão política e não apenas judicial. E o presidente do partido Frelimo apelou aos laços históricos que o unem ao presidente do ANC para tentar salvar o seu correligionário.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
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