Moçambique é um dos piores países do mundo na protecção da saúde e futuro das crianças, indica um relatório divulgado nesta quarta-feira (19) pela Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e pela revista de medicina The Lancet. Embora representem 46 por cento da população o Governo não tem nenhum plano concreto para inverter este cenário dramático e o Presidente Filipe Nyusi praticamente ignoro-as no seu discurso de investidura.
“Apesar das melhorias na mortalidade infantil, nutrição e educação nas últimas décadas o futuro das crianças é incerto. Mudanças climáticas, degradação ecológica, migrações, conflitos, desigualdades e práticas comerciais predatórias ameaçam a saúde e o futuro das crianças em todos os países do mundo”, revela o documento apresentado por uma comissão de mais de 40 especialistas de todo o mundo convocados pela OMS, UNICEF e a The Lancet.
A co-presidente da Comissão e ex-primeira-ministra da Nova Zelândia, Helen Clark, estimou que “cerca de 250 milhões de crianças menores de 5 anos de idade em países de baixa e média renda correm o risco de não atingir seu potencial de desenvolvimento, com base em medidas proxy de baixa estatura e pobreza. Mas com uma preocupação ainda maior, cada criança no mundo todo agora enfrenta ameaças existenciais decorrentes das mudanças climáticas e das pressões comerciais”.
Helen Clark apelou aos “países para reverem a sua abordagem à saúde da criança e do adolescente, para garantir que não apenas cuidemos de nossas crianças hoje, mas também protejamos o mundo que eles herdarão no futuro”.
O relatório, intitulado “A Future for the World’s Children?”, inclui um novo índice global de 180 países, comparando o desempenho no desenvolvimento de crianças, incluindo medidas de sobrevivência e bem-estar infantil, como saúde, educação e nutrição; sustentabilidade, com um proxy para emissões de gases de efeito estufa, e equidade ou diferenças de renda onde Moçambique figura na posição 170.
O índice mostra que crianças na Noruega, Coreia do Sul e Holanda têm as melhores chances de sobrevivência e bem-estar, enquanto os petizes na República Centro-Africana, Chade, Somália, Níger, Mali, Guiné-Conacry, Nigéria, Sudão do Sul, Serra Leoa, Afeganistão e Moçambique enfrentam as piores chances.
Presidente Nyusi ignorou as crianças no discurso de investidura
“Mais de 2 biliões de pessoas vivem em países onde o desenvolvimento é dificultado por crises humanitárias, conflitos e desastres naturais, problemas cada vez mais associados às mudanças climáticas", disse o co-presidente da Comissão, o senegalês Awa Coll-Seck.
Para proteger as crianças, os autores independentes da Comissão pedem um novo movimento global impulsionado por e para crianças com várias recomendações específicas tais como: Colocar crianças e adolescentes no centro de nossos esforços para alcançar o desenvolvimento sustentável; Novas políticas e investimentos em todos os sectores para trabalhar em prol da saúde e dos direitos da criança; Incorporar as vozes das crianças nas decisões políticas; Interromper com extrema urgência as emissões de CO2, para garantir que as crianças tenham um futuro neste planeta.
“Este relatório mostra que os tomadores de decisão do mundo estão, com demasiada frequência, falhando com as crianças e os jovens de hoje: deixando de proteger sua saúde, deixando de proteger seus direitos e deixando de proteger seu planeta”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus. “Isso deve ser um alerta para os países investirem em saúde e desenvolvimento infantil, garantir que as vozes das crianças sejam ouvidas, proteger seus direitos e construir um futuro adequado para meninas e meninos”.
No nosso país os decisores do partido Frelimo, após falharem durante 44 anos, preparam-se para mais 5 anos sem proteger o presente nem investir no futuro das crianças, de acordo com o Censo eram 12,5 milhões em 2017 os cidadãos com idades entre os 0 e 14 anos de idade, a julgar pelo discurso inaugural do Presidente Filipe Nyusi, onde são referidas em apenas duas ocasiões e nem sequer tiveram direito a um capítulo de acções próprias, primazia é dada aos combatentes e a juventude.
A taxa de mortalidade infantil, segundo o Instituto Nacional de Estatística, diminuiu de 93,6 por cento em 2007 para 67,3 por cento em 2017 contudo a quantidade de crianças fora da escola aumentou de 34,3 por cento para 38,6 por cento. As taxas de cobertura de saúde infantil estão estagnadas nos 69 por cento, 43 por cento das crianças moçambicanas tem desnutrição crónica, 8 por cento delas padece de desnutrição aguda.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
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