Onze dos 14 sobreviventes da tragédia que vitimou 64 migrantes ilegais no passado dia 24 de Março na Província de Tete regressaram à Etiópia, seu país de origem, em mais uma operação da Organização Internacional para as Migrações (OIM) com o apoio da União Europeia.
Os migrantes fazem parte de um grupo de 78 indivíduos descobertos pelas autoridades moçambicanas no Distrito de Moatize, na Província de Tete, no contentor de um camião proveniente do Malawi e que estariam a tentar cruzar o nosso país a caminho da África do Sul.
“Sofri tortura por contrabandistas, andei em florestas durante vários dias, mal tinha comida e água. Mas o pior de tudo foi a viagem no contentor, era um espaço que mal podia acomodar 20 pessoas e eles carregaram 78 de nós, um em cima do outro, gritamos por ar, implorando para que abrissem a porta. No último posto de controle, batemos no contentor, gritando pelas nossas vidas, foi quando a polícia nos ouviu”, relatou à OIM um dos sobreviventes.
Quando as autoridades moçambicanas abriram o contentor descobriram 64 cadáveres, haviam perdido a vida por asfixia, e 14 sobreviventes que receberam cuidados médicos e estiveram em quarentena devido à covid-19.
Numa operação coordenada pela Organização Internacional para as Migrações (OIM), com o apoio da União Europeia, 11 dos sobreviventes regressaram à Etiópia durante a semana passada após viajarem primeiro para a Cidade de Maputo de onde embarcaram para Adis Abeba.
Contudo três dos sobreviventes escapuliram-se às autoridades na Província de Tete e até ao momento não foram localizados.
“Na Etiópia eu trabalhava em empregos eventuais sem rendimentos estáveis, decidi ir para a África do Sul para trabalhar, economizar dinheiro e regressar para viver melhor”, contou outro dos sobreviventes à OIM que indica que os migrantes ilegais pagam entre 2.500 a 6 mil dólares norte-americanos a traficantes que prometem viagem segura até a África do Sul, porém assim que saem da Etiópia começa uma jornada angustiante, caminhando a pé, na escuridão, sem comida nem água.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
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