A Alta-Comissária da Organização das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, pediu hoje ao Governo do Brasil que dê o exemplo à população no combate à pandemia.
"Espero que as lideranças do Brasil sirvam de exemplo para o povo (...) Em qualquer país do mundo onde as lideranças negam a existência da covid-19, o efeito tem sido devastador. Isso já aconteceu em muitos países, não apenas no Brasil", disse Bachelet.
A alta-comissária disse que os políticos têm uma grande responsabilidade em orientar os cidadãos no que diz respeito às recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da ciência em geral.
Bachelet destacou a necessidade de os governos alertarem cidadãos sobre a necessidade de usar máscara, de manter distância física e fazer higiene constante das mãos.
"Isso ajuda a prevenir a propagação do vírus e, se os dirigentes não o fizerem, não estão a dar o melhor exemplo. Os relatos das autoridades subestimando a gravidade do vírus tiveram um impacto negativo na resposta à pandemia", insistiu a representante da ONU.
O Presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, recusou-se desde o início da pandemia a aceitar a gravidade da doença e várias vezes desvalorizou as medidas de prevenção, e o próprio acabou por contrair o novo coronavírus.
Bachelet lamentou que o impacto da covid-19 tenha sido particularmente sério para grupos vulneráveis no Brasil, como afrodescendentes, indígenas e pessoas que vivem na pobreza.
Por outro lado, a alta-comissária da ONU argumentou que África, onde o novo coronavírus teve menos impacto, é o melhor exemplo de que mesmo países com recursos limitados poderiam enfrentar esta crise de saúde se tivessem uma orientação política clara.
O Brasil é o país lusófono mais afetado pela pandemia e um dos mais atingidos no mundo, ao contabilizar o segundo maior número de mortos (mais de 6,6 milhões de casos e 178.159 óbitos), depois dos Estados Unidos.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.557.814 mortos resultantes de mais de 68,2 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Lusa
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