O Centro Hospitalar Universitário Lisboa Central refutou hoje "qualquer referência a tratamento indigno" de cadáveres de doentes covid-19 e afirmou que vai avaliar "eventuais situações que se possam aproximar" às relatadas por uma estrutura sindical.
"O Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC) refuta qualquer referência a tratamento indigno de cadáveres e garante que o transporte dos mesmos é efetuado de acordo com procedimento interno que respeita todas as normas de higiene, segurança e dignidade exigidas", refere uma nota enviada pelo gabinete de imprensa do CHULC à Lusa.
A nota responde a uma denúncia feita hoje pelo Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS) que, em comunicado, relatou "graves irregularidades" no tratamento de cadáveres covid-19 e a demora de várias horas na recolha de corpos de doentes que morreram de covid-19 das enfermarias onde estavam internados, o que classificou como um atentado à dignidade de doentes e familiares, atribuindo responsabilidades ao Conselho de Administração (CA) do CHULC, por não ter, segundo o sindicato, preparado devidamente a segunda vaga da pandemia e por não contratar os recursos humanos em falta.
Na resposta enviada, sublinha-se que a necessidade de transporte é permanente "numa altura de grande pressão do ponto de vista assistencial" viviva pelas seis unidades dispersas pela cidade de Lisboa.
"Este tipo de transporte é assegurado em viaturas dedicadas e preparadas para o efeito que, aliás, servem outros hospitais da região de Lisboa quando é necessário o transporte de cadáveres para o Instituto de Medicina Legal", lê-se no comunicado.
"Ainda assim, o CHULC avaliará eventuais situações que se possam aproximar ao que é relatado, de forma a aferir a sua conformidade com os procedimentos definidos", conclui a nota.
Acrescenta ainda que à sobrecarga que se começa a sentir nos hospitais devido ao período de festividades junta-se a falta de camas para internamento provocada pelo atraso na libertação das camas ocupadas por cadáveres, permanecendo os utentes nas urgências por um "tempo excessivo".
Contactado pela Lusa, o dirigente do SMZS e médico neurologista João Marques Proença afirmou que os corpos chegam a ficar por recolher no Hospital Curry Cabral até 12 horas, uma "situação insustentável" que se arrasta "há quatro ou cinco dias", o período que o sindicato levou a "indagar e recolher informação" junto de médicos para fundamentar a denúncia apresentada.
João Marques Proença disse ainda que o sindicato não contactou o CA do CHLC sobre esta matéria por antecipar que não obteria resposta.
O CHLC inclui o Hospital de São José, o Hospital Curry Cabral, o Hospital Dona Estefânia, o Hospital Santa Marta, o Hospital Santo António dos Capuchos e a Maternidade Alfredo da Costa.
Fonte: Lusa
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