segunda-feira, 12 de julho de 2021

O diamante, um símbolo do Céu Empíreo

 

Deus pôs na Criação admiráveis símbolos que nos ajudam a compreender as verdades mais altas da Fé, como a ressurreição da carne e a vida eterna. E um desses símbolos é, sem dúvida, o diamante.

  • Luís Dufaur

Os corpos dos falecidos na graça de Deus ressuscitarão esplendorosos como sóis, purificados de toda imperfeição, portando como gloriosas condecorações os sinais externos dos grandes feitos da sua vida. As feridas dos mártires serão fontes de luz; os heroísmos praticados pela Fé, as vitórias contra o vício e o pecado reluzirão como coroas de ouro que iluminarão a alma, transparecendo o brilho nos corpos.

No Céu, as almas verão a Deus face a face — Ele, que é fonte inesgotável de todas as perfeições e alegrias. E isso por toda a eternidade, sem ter nem sequer a perspectiva de qualquer sombra de perturbação. Os corpos, por sua vez, serão envolvidos numa castíssima, temperante e fabulosa variação harmônica de gáudios adequados à natureza material que lhes é própria. Companheiro de trabalhos e lutas da alma nesta Terra, o corpo terá assim seu justo prêmio.

A purificação da Terra

Para este fim, Deus criou um lugar especial para os corpos dos que se salvam: o Céu Empíreo. Além do mais, o Paraíso terrestre lhes estará franqueado, para ali se jubilarem na contemplação dessa obra-prima do universo.

Também esta Terra em que vivemos será purificada. A virtude divina, valendo-se do fogo, tirará dela tudo quanto há de impuro, feio, ruim ou grosseiro — inclusive as más obras dos homens — e lançá-los-á no inferno. Tudo quanto há de belo e bom será acrisolado e conservado na Terra. Então os bem-aventurados voltarão em corpo e alma, sem esforço nem entraves, , aos locais onde se deram grandes lances da História da Igreja, da humanidade e de sua vida pessoal, conversando entre si e trocando felizes lembranças.

Como será a matéria dos corpos ressurrectos e da Terra purificada? É difícil sabê-lo. Entretanto, uma rara pedra dá-nos disso uma certa idéia: o diamante.

Sim, a pedra mais cobiçada do mundo é uma pálida mas significativa prefigura da Terra futura!

Representações do diamante

Segundo a física, o diamante não é senão carvão que foi submetido a temperaturas e pressões extraordinárias em camadas geológicas profundas. Se o carvão acrisolado dá no diamante, o que darão os outros elementos depois da purificação final do nosso mundo? Ficamos pasmos e maravilhados ante a incógnita.

Cada diamante é como uma gota de orvalho do Céu Empíreo, e dele nos fala naturalmente. Por exemplo, o esplêndido ostensório da catedral de Palermo, Itália, enriquecido profusamente de diamantes, dá-nos uma idéia da glória do preciosís­simo Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, não somente na Hóstia consagrada, mas especialmente no Céu, ao qual Nosso Senhor ascendeu em corpo e alma (foto ao lado). Igualmente, a profusão de diamantes encastoados no ouro da soberba “glória” do Santo Costado (lado de Nosso Senhor traspassado por uma lança, e do qual jorrou sangue e água), do tesouro da mesma catedral (foto à direita). Representa a torrente inexprimível de graças conquistadas por essa chaga aberta pelos algozes de Nosso Senhor durante sua Paixão. Essa jóia religiosa nos permite imaginar também a sublime luz que se desprenderá das chagas dos mártires ressurrectos, assim como o resplendor dos corpos das Virgens e Doutores da Igreja.

A tiara pontifícia de Gregório XVI, que vemos na foto à esquerdafoi confeccionada com muitos diamantes. Eles realçam o caráter de ponte suprema e infalível entre o Céu e a Terra, próprio do Papa. E colateralmente nos faz pensar na coroa que corresponde a cada bem-aventurado no Céu.

Fala-nos também dos símbolos materiais com que serão recobertos os bem-aventurados no Céu Empíreo o deslumbranteracional[broche que fecha a capa pluvial] do Papa Leão XIII, da foto  ao lado

Prefiguras

O diamante, a mais dura das pedras, é símbolo da virtude inabalável. Ele destina-se a prestigiar a virtude e a santidade. Isto é especialmente verdadeiro quando se trata daquelas instituições na Terra que melhor refletem a ordem e a santidade do Céu: a Santa Igreja Católica e a Civilização Cristã. Exemplo magnífico é constituído pela insígnia do Toison d’Or (Tosão de ouro), composta para os reis de Portugal com 400 diamantes brasileiros. A Ordem do Veludo de Ouro, essencialmente secular e honorífica, engajava os seus membros a exaltar o espírito cavalheiresco, tendo como fim principal a glória de Deus e a defesa da Religião cristã. Ela, entretanto, é apenas uma prefigura dos insignes sinais que portarão na eternidade todos aqueles santos que guerrearam pela Igreja e pela Cristandade nesta vida terrena e passageira. No mesmo sentido falam-nos as duas peças ao lado: a Grande Cruz e a condecoração das Ordens Militares de Cristo, Santiago e Avis, coroadas pelo Coração de Jesus rodeado de espinhos ao lado.

Símbolo de valores morais

Na ordem social e política cristã, cabe à nobreza, e de modo especial aos reis, serem para o povo um modelo de prática adamantina (a palavra se origina de diamante) das virtudes católicas: Santo Henrique, imperador alemão; São Luís IX, rei da França; São Fernando de Castela; São Pedro Urséolo, Doge de Veneza; Santa Isabel da Hungria; Santa Isabel de Portugal; Santa Clotilde —para mencionar apenas alguns, mas esplêndidos exemplos disso.

É pois benéfico para a sociedade que sejam ornados com símbolos da Pátria celeste aqueles que, com seu estilo requintado de vida, nos figuram o ideal do Céu. É o caso do diadema da rainha Maria Pia de Portugal — feito por volta de 1860 com diamantes do Brasil — ou o da rainha Isabel da Bélgica.

O quadro de Cristina de Lorena, à direita, Grã-duquesa da Toscana, ornada com diamantes e pedras preciosas, leva-nos a admirar um conjunto de valores morais e culturais que, na sua perfeição sem mancha, só conheceremos na corte celeste. No quadro da rainha de Espanha, Maria Luísa, o requinte de refinamento, educação e delicadeza quase faz esquecer a riqueza dos diamantes que ela ostenta. A pintura, entretanto, é uma pálida figura do resplendor que a visão beatífica comunicará às almas bem-aventuradas, e que excederá o brilho das recompensas reservadas para os corpos ressuscitados no grande palácio do Céu.

Uma antipatia moderna

Em sentido contrário, compreende-se bem quanto o abuso desses símbolos é oposto às finalidades com que Deus os criou. É o caso do seu emprego pelas religiões pagãs; ou para o mero gozo da vida, vaidade ou exibição de dinheiro pelo dinheiro. Exemplo típico foi o do diamante Oeil de l’Idole, que um soldado inglês arrancou da testa de um ídolo indiano. Ou certas obras de joalheria moderna, que empregam nobres pedras para figurar animais ou formas extravagantes, imorais, nojentas ou nocivas.

Mas o antigo paganismo — é preciso reconhecê-lo — não caiu tão baixo quanto o igualitarismo sórdido da nossa época, que odeia por princípio tudo quanto alimenta o desejo do Céu, e por isso antipatiza com elementos como o diamante, que nos proporcionam antegozo e apetência da eterna bem-aventurança.

ABIM

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O carvão, o brilhante e o raio de sol

“O diamante é um carvão que,

nas trevas e sob a pressão dos sofrimentos mais atrozes,

admirou tanto a luz,

que se transformou num raio de sol”.

Plinio Corrêa de Oliveira

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