Nocturno, último romance de António Canteiro, vai ser apresentado na sede da Associação Musical da Pocariça, no próximo sábado, dia 30 de outubro, pelas 16h30. A apresentação estará a cargo de António Tavares, romancista galardoado e vencedor do Prémio Leya 2015, que vai estar na sessão acompanhado pelo autor e por Dina Lopes, autora da pintura a óleo Nocturno que serve de capa do romance.
Com organização do Município de Cantanhede, em colaboração com a Associação António Fragoso e a Gradiva Publicações, a iniciativa contará ainda com a projeção da obra “Nocturno” em Mi, interpretado pela Orquestra António Fragoso, e com a leitura de textos por José Castela e Cândida Ferreira, do Grupo de Teatro Bonifates, de Coimbra.
A narrativa, em jeito de romance, transporta-nos para a sub-região da Gândara de Carlos de Oliveira, no ido ano de 1918, tempo em que se vivia a gripe pneumónica, uma pandemia em tudo semelhante à que vivemos hoje. O protagonista, o músico António de Lima Fragoso, sucumbe aos 21 anos à doença da febre amarela, em outubro desse mesmo ano, revelando-se um mês fatídico para a família, com o desaparecimento de mais três irmãos, duas primas e uma tia, vítimas mortais da mesma doença, todos debaixo do mesmo teto, na sua casa da Pocariça, Cantanhede.
António de Lima Fragoso, aluno de Thomás Borba e Luís Freitas Branco, concluiu o exame final de piano no Conservatório Nacional com 20 valores e compôs uma obra musical notável, escreveu Contos e Cartas a Maria, obra literária que dirigia a um sujeito ambíguo no seu ideário socio-afetivo, que poderia muito bem tratar-se da amiga e pintora, Maria Amélia Carneiro, sua conterrânea da Pocariça, com quem convivia, amiúde, partilhando «artes» durante a permanência de ambos na cidade do Porto, aos fins de semana e durante as férias na aldeia natal.
Recorde-se que o romance Nocturno, de António Canteiro, venceu o Prémio Ferreira de Castro de Ficção Narrativa de 2020, considerado pelo júri como “uma proposta consistente e original” que destaca ainda “o vocabulário poético, o rigor e a estrutura criativa desta obra, que apresenta uma escrita de qualidade, hábil combinatória ficcional das componentes biográfica, memorialística e ensaística interartes, com páginas verdadeiramente geniais”.
António Canteiro, pseudónimo de João Carlos Costa da Cruz, nasceu em S. Caetano, em 1964. Vive atualmente em Febres, Cantanhede.
Na área do romance publicou vários livros que foram premiados: Parede de Adobo (CSPSC) recebeu Menção Honrosa do Prémio Carlos de Oliveira, em 2005; Ao Redor dos Muros (Gradiva Publicações) venceu o Prémio Alves Redol, em 2009; Largo da Capella (Gradiva Publicações) obteve a Menção Honrosa do Prémio João Gaspar Simões, em 2011; Logo à Tarde vai Estar Frio (Gradiva Publicações) foi galardoado com Menção Especial do Júri, no Prémio João José Cochofel/Casa da Escrita de Coimbra, e vencedor, em 2015, do Prémio Maria Amália Vaz de Carvalho; A Luz Vem das Pedras (Gradiva Publicações) obteve, em 2015, o Prémio Alves Redol; Vamos Então Falar de Árvores (Editora Húmus) venceu ex aequo o Prémio Bento da Cruz, em 2018. Na área da poesia, O Silêncio Solar das Manhãs (Gradiva Publicações) venceu o Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama, em 2013; Na Luz das Janelas Pestanejam as Sombras (Ed. LASA) arrecadou o Prémio de Poesia de Bocage, em 2015; A Casa do Ser (Gradiva Publicações) recebeu o Prémio de Poesia de Bocage, em 2018; Não Fosse o Tumulto de Um Corpo, poesia inédita, venceu o Prémio Literário António Cabral 2019.
A sua obra mais recente, Nocturno, foi o romance vencedor do Prémio Literário Ferreira de Castro, em 2020.
Dina Lopes, autora da pintura da capa, nasceu em Anadia, em 1972. Licenciou-se em Pintura na ARCA - Escola Universitária das Artes de Coimbra, em 1998. Tem realizado várias exposições coletivas e individuais em Portugal e no estrangeiro, tendo desenvolvido uma técnica muito própria que nos leva a viajar no Tempo e no Espaço através da sobreposição de Imagens e Transparências. Algumas das suas obras fizeram parte dos cenários da RTP Internacional, em 2001. Entre outras ilustrações contam-se a da capa do CD «Coimbra no Outono da Voz», de António de Almeida Santos (2002), e de livros e jogos didáticos entre 2003 e 2008. Está representada em coleções públicas (Assembleia da República e Câmara Municipal de Cantanhede), bem como em coleções privadas em Portugal e noutros países.
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