Luis Dufaur
Xi Jinping se mostrou profundamente preocupado a seus próximos após ler um relatório sobre a saúde ideológica das universidades chinesas apresentado pela Comissão Central de Inspeção Disciplinar do PCCh, no mês de setembro 2021.
Qualquer estudante chinês de graduação poderia ter contado a ele o que a Comissão descobriu após inspecionar 31 faculdades e universidades em toda a China, observou “Bitter Winter”.
E isso se resume em poucas, mas incisivas palavras: os alunos não se importam com os cursos obrigatórios sobre marxismo ou sobre o pensamento de Xi Jinping.
Eles os consideram um mal necessário e tentam não perder muito tempo com ideologia, concentrando-se em cursos sobre medicina, administração ou qualquer outra coisa que os ajudará após a faculdade na luta por um emprego.
Ninguém ousaria pular ou criticar os cursos ideológicos. Mas tirar uma soneca durante eles nunca foi realmente proibido e é muito praticado.
O relatório qualifica essa defecção de “fortalecimento inadequado da construção política”, e reconhece que “a educação ideológica e política é relativamente fraca”.
Recomenda que os alunos “estudem e implementem os pensamentos de Xi Jinping sobre o socialismo com características chinesas na nova era”.
Porém deplora que os estudantes não o fazem, ou não com entusiasmo suficiente.
A raiz desse problema, afirma o relatório, estaria numa “teoria do status especial das universidades” heterodoxa.
Essa, diz, adota conceitos burgueses de liberdade acadêmica e acredita que a academia é uma zona livre onde a prioridade do marxismo e do pensamento de Xi Jinping pode não se aplicar.
Professores e administradores universitários também seriam responsáveis por este estado de coisas, lamentável para o socialismo, e já teriam sido identificados e denunciados para punição adequada.
É o que os setores mais educados chamam de “Segunda Revolução Cultural”. Na primeira Mao mandou exterminar homens cultos e proprietários para nivelar a mente e a educação de todos.
Também as universidades serão “retificadas” para que em todas as escolas a história do PCCh, do marxismo e do pensamento de Xi Jinping sejam considerados cursos principais, e não marginais.
Depois do mundo das empresas e dos negócios; da galáxia dos videojogos e do entretenimento e da liberdade da Internet, agora chegou a vez das universidades serem “retificadas” num preço que pode significar a degola moral e física de incontáveis pessoas mais instruídas
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