Foto: Vaticano / Serviço de imprensa
- Luiz Sérgio Solimeo
Como era de esperar, em sua recente viagem de 2 a 3 de abril a Malta, o Papa Francisco falou aos imigrantes africanos, que veem essa ilha como uma porta de entrada na União Europeia.
O Papa argentino é um dos mais ardentes defensores das contínuas ondas de imigrantes, na sua maioria muçulmanos, que estão conquistando a Europa em uma invasão pacífica.
De fato, em vez de assimilar a cultura e a religião do Velho Continente, eles se fecham em guetos, em muitos dos quais a polícia não ousa entrar, e se comportam como em terra conquistada. O número de mesquitas está aumentando, enquanto igrejas católicas são fechadas ou vendidas para vários propósitos profanos.[1]
A cruz removida para agradar os muçulmanos?
O Papa Francisco fez seu discurso num pódio montado no local de acolhida dos imigrantes [foto acima]. Mas os organizadores não quiseram a presença da Cruz de Nosso Senhor, símbolo de nossa fé, quando o Vigário de Cristo — título que Francisco descartou há alguns anos — estivesse falando.[2]
Um artigo publicado em 29 de março no site da Arquidiocese de Malta explica o motivo da ausência do crucifixo: “O pódio não será adornado com um crucifixo, dado que a maioria dos migrantes são muçulmanos”.[3]
De fato, o islã odeia o símbolo de nossa Redenção porque abomina a própria noção de Redenção, quando o Verbo de Deus Encarnado se sacrificou por nós na Cruz.
Segundo Maomé, “Jesus [que para ele não era Deus, mas apenas um mero profeta] voltará no fim dos tempos para destruir todas as cruzes”.[4]
O historiador e jornalista Raymond Ibrahim, que acompanha de perto a perseguição aos cristãos pelos muçulmanos, mostra como tem havido numerosos casos recentes de cristãos mortos ou espancados violentamente por islamitas por usarem cruzes.[5]
Assim, para não desagradar os inimigos da Cruz, o símbolo da nossa Redenção foi excluído do local onde o Papa deveria saudar os imigrantes, predominantemente muçulmanos.
São Paulo pregou Jesus Cristo Crucificado
Naturalmente, a notícia de que a Cruz estaria ausente do pódio papal — e, mais ainda, a razão dada para sua ausência — provocou muitas reações.
O Dr. Philip Beattie, economista e professor da Universidade de Malta, presidente de Pró Malta Christiana (grupo de leigos católicos que defendem os valores da civilização cristã inspirados no pensamento de Plinio Corrêa de Oliveira) estabeleceu o seguinte contraste: “São Paulo pregou a ‘Cristo crucificado’ — uma pedra de tropeço para os judeus e loucura para os gentios’ (1 Cor. 1,23) quando ele trouxe o Evangelho a Malta. O Apóstolo vangloriou-se no escândalo da Cruz. Por que o Papa se envergonha da cruz diante dos muçulmanos, especialmente durante a Quaresma?”[6]
O Prof. Beattie afirmou que a maioria dos imigrantes ilegais contrabandeados para Malta em barcos precários provenientes da costa da Líbia não é composta por refugiados genuínos, mas por migrantes econômicos, principalmente jovens muçulmanos com idades entre 18 e 28 anos.[7] O presidente de Pró Malta Christiana concluiu: “Francisco não disse nada sobre o ataque antifamília desencadeado pelo lobby LGBTQ+ e seus aliados socialistas, durante seu discurso dirigido ao presidente de Malta, George Vella. E também permaneceu em silêncio diante da ameaça do primeiro-ministro Robert Abela de discutir a introdução da eutanásia e de estender ‘plenos direitos reprodutivos’ e ‘triagem genética’ para bebês ainda não nascidos, no manifesto eleitoral de 2022 do Partido Trabalhista. Tanto Vella como Abela são católicos”.[8]
Abandono da cruz onde cavaleiros deram a vida para defendê-la
Raymond Ibrahim destaca o aspecto simbólico do abandono da Cruz de Cristo no exato lugar onde os Cavaleiros de Malta e os malteses deram suas vidas para defendê-la em 1565.[9] O Grão-Mestre da Ordem de Malta ou São João de Jerusalém, Jean Parisot de la Valette, exortou então seus cavaleiros com estas belas palavras:
“É a grande batalha da Cruz e do Alcorão, que agora deve ser travada. Um formidável exército de infiéis está prestes a investir em nossa ilha. Nós, de nossa parte, somos os soldados eleitos da Cruz, e se o Céu exige o sacrifício de nossas vidas, não pode haver ocasião melhor do que esta. Apressemo-nos então, meus irmãos, ao altar sagrado. Lá renovaremos nossos votos e obteremos, por nossa fé nos sacramentos, aquele desprezo pela morte que só por si pode nos tornar invencíveis”.[10]
Com a ajuda da Providência e um heroísmo superior ao heroísmo meramente humano, os Cavaleiros de Malta colocaram em fuga a enorme esquadra turca.[11]
Quem se envergonha de Cristo…
Abandonar a Cruz em uma ocasião tão solene é envergonhar-se de Jesus Cristo, Nosso Senhor.
No Evangelho de São Lucas, lemos as terríveis palavras do Divino Mestre sobre aqueles que se envergonham d’Ele e de sua doutrina: “Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na sua glória, na glória de seu Pai e dos santos anjos” (Lc 9, 26).
Esconder a Cruz de Cristo daqueles que, como os muçulmanos, a odeiam por motivos doutrinários, equivale a se envergonhar da Cruz, do Salvador e de sua doutrina. E sugere aos que chegam a um continente cristão que não precisam se converter à verdadeira Fé.
Deus deseja todas as religiões?
Por que o Papa Francisco haveria de se preocupar com a invasão da Europa por meio da imigração muçulmana quando ele assinou um documento que afirma: “O pluralismo e a diversidade das religiões […] são queridos por Deus em sua sabedoria?”[12]
Admitir que todas as religiões são queridas por Deus, que só pode querer o bem, equivale a dizer que todas as religiões são boas e levam a Deus, independentemente de suas crenças e cerimônias. Esta heresia coloca Nosso Senhor Jesus Cristo em pé de igualdade com Maomé, Buda e toda espécie de idólatras.[13]
Ao fazê-lo, não estará Francisco ignorando o Grande Mandamento de Nosso Senhor aos Apóstolos: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado” (Mc 16, 15-16)?
Tentando salvar a face…
Em uma tentativa de salvar a face dos organizadores da visita papal, o site da Arquidiocese de Malta excluiu do artigo a frase comprometedora, explicando por que a Cruz não estava no pódio papal: “O pódio não será adornado com um crucifixo, dado que a maioria dos migrantes é muçulmana”.
Tarde demais: muitas pessoas haviam lido (e copiado) aquele artigo antes que a Arquidiocese o censurasse.
Pior ainda, o Times of Malta, onde o artigo em questão havia sido publicado, republicou-o após o corte, eliminando igualmente a frase reveladora, mas trazendo a seguinte nota: “Modificado em 16 de abril de 2022: uma versão anterior afirmava que o pódio não tinha um crucifixo porque a maioria dos migrantes era muçulmana”.[14]
Isso mostra a má fé da Arquidiocese de Malta, cujo ordinário não é senão o arcebispo Charles Jude Scicluna, Secretário Adjunto da Congregação para a Doutrina da Fé!
Notas
[1] Ver Luiz Sérgio Solimeo, Islam and the Suicide of the West (Spring Grove, Penn.: The American Society for the Defense of Tradition, Family, and Property, 2018).
[2] Maike Hickson, “Pope Francis Drops ‘Vicar of Christ’ Title in Vatican Yearbook,” LifeSiteNews, Apr. 2, 2020, https://www.lifesitenews.com/news/pope-francis-drops-vicar-of-christ-title-in-vatican-yearbook
[3] Claudia Calleja, “The Story That the Pope’s Podium in Malta Will Tell,” Times of Malta, Mar. 29, 2022, https://timesofmalta.com/articles/view/the-story-that-the-popes-podium-in-malta-will-tell.943836, republished by the Archdiocese of Malta, Mar. 29, 2022, https://church.mt/the-story-that-the-popes-podium-in-malta-will-tell/
[4] Said Bukhari, n° 2476, in Solimeo, Islam and the Suicide of the West, 124.
[5] Raymond Ibrahim, “Muslim Hate for the Christian Cross,” Dec. 27, 2021, https://www.raymondibrahim.com/2021/12/27/muslim-hate-for-the-christian-cross/.
[6] Jules Gomes, “Malta: Pope Dumps Cross to Appease Muslims,” ChurchMilitant.com, Apr. 4, 2022. https://www.churchmilitant.com/news/article/malta-pope-cancels-cross-to-appease-muslims
[7] Ibid.
[8] Ibid.
[9] Raymond Ibrahim, “Pope Francis Abandons Christ’s Cross to Appease Muslims,” American Thinker, Apr. 12, 2022, https://www.americanthinker.com/articles/2022/04/pope_francis_abandons_christs_cross_to_appease_muslims.html
[10] Ernle Bradford, The Great Siege: Malta 1565 (Ware, Hertfordshire, U.K: Wordsworth Editions Limited), 57.
[11] Cf. idem, p. 141.
[12] “A Document on Human Fraternity for World Peace and Living Together,” Vatican.va, Feb. 4, 2019, http://w2.vatican.va/content/francesco/en/travels/2019/outside/documents/papa-francesco_20190204_documento-fratellanza-umana.html
[13] Tanto o Dr. John Lamont como o filósofo Josef Seifert consideram esta declaração herética. Mais tarde, perguntado por D. Athanasius Schneider se com essa declaração ele se referia à vontade permissiva de Deus (que permite que o mal aconteça) e não à sua vontade positiva, Francisco concordou. Mas não saiu nenhuma declaração oficial esclarecendo essa questão nem inúmeras outras declarações do papa no mesmo sentido. Ver Luiz Sérgio Solimeo, “Theological and Canonical Implications of the Declaration Signed by Pope Francis in Abu Dhabi,” TFP.org, Feb. 27, 2019, https://www.tfp.org/theological-and-canonical-implications-of-the-declaration-signed-by-pope-francis-in-abu-dhabi/; Maike Hickson, “Bp. Schneider: Pope Must Formally Correct Statement That God Wills False Religions,” LifeSiteNews, May 8, 2019, https://www.lifesitenews.com/news/bp-schneider-pope-must-formally-correct-statement-that-god-wills-false-religions/
[14] Calleja, “The Story That the Pope’s Podium in Malta Will Tell.”
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