“Portugal é de confiança, tem estabilidade e contas certas”. O rodapé com esta afirmação aparecia no ecrã da têvê. Por cima deste, uma outra afirmação. “Caos no aeroporto de Lisboa”, com dezenas de voos cancelados e muitos turistas a afirmarem-se irritados, e a relatar que nem informação tinham.
Somos assim. Vendemos bem a ideia de que somos um país bom para visitar e viver e depois espalhamos na toalha todo o tipo de nódoas. Nós, portugueses, estamos mais do que habituados (lamentavelmente!). Os estrangeiros não terão essa tolerância. São convidados a viver num país que se permite ao luxo de ter em permanência cancelamentos de voos, que se precisarem do serviço de saúde, para um parto por exemplo, terão que percorrer vários hospitais até encontrar um com capacidade para o servir. Como o hospital do Algarve a fechar o serviço de pediatria. Uma criança estrangeira a passar férias não tem assistência se necessitar! Lamentável.
E a desilusão maior é que não corre mal pela falta de dinheiro. É mesmo pela incapacidade crónica que temos de saber gerir.
Mais de dois milénios depois, continuamos a ser aquela gente que não se sabe governar, nem deixa que a governem. Como disse o cônsul romano ao seu imperador.
Dói. Para quem estima o seu país, olha-se com desilusão e preocupação. Pois o nosso presente e futuro está em muito no turismo. Está também dependente do investimento estrangeiro. Por isso é ainda mais preocupante a repetida desorganização dos nossos serviços públicos. De comissão em comissão, de discurso em discurso, de promessa em promessa. Não se vê luz ao fundo do túnel!
Presidente da Direção da ANIR
Eduardo Costa, Correio de Azeméis
Destaque
“Para quem estima o seu país, olha-se com desilusão e preocupação.”
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