segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

IPO de Coimbra recebe projeto inovador de promoção da Saúde através da Música

 O IPO de Coimbra, a Direção Regional de Cultura do Centro e a Orquestra Sem Fronteiras assinaram hoje, segunda-feira 12 de dezembro de 2022, um protocolo de parceria no âmbito do projeto artístico A MÚSICA NO LUGAR CERTO, projeto inovador que interliga a arte e a promoção da saúde, visibilizando o poder terapêutico da música.
Assinaram o protocolo Suzana Menezes, Diretora Regional de Cultura do Centro, Maria Margarida Torres de Ornelas, Presidente do Conselho de administração do IPO Coimbra, Martim Sousa Tavares, Maestro e Presidente da Direção da Orquestra Sem Fronteiras.
A arte é um meio privilegiado para comunicar e transmitir emoções. O estudo desenvolvido pelo Gabinete Regional da Organização Mundial de Saúde para a Europa indica que a inclusão das artes na prestação de cuidados de saúde tem demonstrado apoiar resultados clínicos positivos para os diversos intervenientes incluindo doentes, profissionais de saúde, famílias e a comunidade em geral. A investigação mostrou que a utilização de meios artísticos nos cuidados de saúde e nas comunidades pode ter uma variedade de benefícios para a saúde, uma vez que a fruição artística promove um bem-estar integrado individual e estimula o combate físico e emocional à doença.
Neste contexto, tendo por objetivo estimular o bem-estar físico e emocional dos utentes e equipas técnicas da unidade de cancro da mama do IPO Coimbra e promover benefícios terapêuticos através da arte, durante o primeiro semestre de 2023 e com a curadoria da Orquestra Sem Fronteiras, serão realizados seis concertos de música de câmara em espaços do serviço de cancro da mama do IPO Coimbra. Os concertos serão seguidos de momentos de mediação cultural estimulando a interação do público com o processo criativo e artístico.

--------------

Discurso da Presidente do IPO de Coimbra, Dr.ª Margarida Ornelas, na sessão de assinatura do protocolo com a Direção Regional de Cultura do Centro e com a Associação Orquestra Sem Fronteiras.
Discurso:
Celebramos hoje um protocolo com a Direção Regional de Cultura do Centro e com a Associação Orquestra Sem Fronteiras. Como se refere no protocolo que hoje firmamos e passo a referir “A arte é um meio privilegiado para comunicar e transmitir emoções. O estudo desenvolvido pelo Gabinete Regional da Organização Mundial de Saúde para a Europa indica que a inclusão das artes na prestação de cuidados de saúde tem demonstrado apoiar resultados clínicos positivos para os diversos intervenientes incluindo doentes, profissionais de saúde, famílias e a comunidade em geral. A investigação mostrou que a utilização de meios artísticos nos cuidados de saúde e nas comunidades pode ter uma variedade de benefícios para a saúde, uma vez que a fruição artística promove um bem-estar integrado individual e estimula o combate físico e emocional à doença”.
Este protocolo visa isto mesmo - interligar a música e a saúde, para promoção do bem-estar do doente, o seu bem-estar físico e emocional.
O que hoje é aqui apresentado foi precedido de várias reuniões de trabalho, com a Senhora Diretora Regional da Cultura a quem aproveito para enviar um agradecimento sentido e especial, pela forma como congregou os esforços necessários para esta concretização.
Esteve, também, representada, nessas sessões de trabalho, a Associação Orquestra Sem Fronteiras, igualmente com uma paixão autêntica na construção do projeto final. Pela forma como a Orquestra Sem Fronteiras se entrosou com este projeto, designadamente o questionar, o querer ir ao local de acolhimento dos concertos, pude percecionar em conjunto com a nossa Diretora Clínica, que a definição do repertório, e programação e a produção se irá traduzir em elevados padrões artísticos. Percebi que tudo está a ser pensado e construído numa estratégia de proximidade com a equipa de saúde, estimulando igual proximidade com o público alvo.
Dessa partilha de ideias e da discussão que fomos tendo, em conjunto, decidimos começar este projeto com doentes com cancro da mama, procurando promover benefícios terapêuticos através da arte. Queremos perceber o impacto num determinado momento do percurso da doença, num grupo homogéneo de doentes e o atual internamento das especialidades cirúrgicas 2 que acolhe doentes com cancro da mama reúne essas condições. Servirá em suma como um projeto piloto.
Serão as doentes com cancro da mama as primeiras participantes daquilo que orquestrámos e, hoje, estamos a dar o passo inicial.
Serão estas doentes que nos vão transmitir, certamente, o quão benéfica é esta experiência com a arte num espaço onde a vida corre a outro ritmo.
Pretende-se que através de momentos musicais únicos, a acontecer no IPO Coimbra, contribuir para o equilíbrio das doentes, o seu bem-estar e satisfação
Um momento que lhes permita uma abstração e viajar pela infinidade do imaginário musical.
A arte permite isso, sendo um instrumento terapêutico.
A arte permite-nos divagar por esse mundo fora, sem limites e sem fronteiras. Criar essas sensações, através da música, numa abordagem singular a cada uma das nossas doentes será, também, potenciar humanização dos cuidados.
Por outro lado, servindo o IPO uma população tão diversificada, acolhendo doentes de toda a Região Centro, esta será também uma forma de trazer a arte para o Hospital colocando-a ao alcance de todos.
Por último, mas não menos importante, o protocolo visa, também, os nossos profissionais. O IPO tem como compromisso assente neste protocolo garantir a participação da equipa de
saúde, nos concertos, sendo a promoção do seu bem-estar igualmente, para nós, um desiderato essencial.
Estão previstos 6 concertos no documento, que iremos subscrever.
Mas tenho a convicção, e senti essa vontade nas reuniões que tivemos que mais iniciativas idênticas poderão vir a ser desencadeadas. Porque estou certa que a arte será uma ferramenta poderosa para os nossos doentes lidarem com o momento que estão a vivenciar.
Permitam-me dizer que acredito que esta nova forma de provocar saúde e de promover o bem-estar, deve ser apoiada e o IPO de Coimbra estará sempre presente em todas as ações que visem a melhoria da qualidade de vida dos nossos doentes.
É por eles que aqui estamos e é por eles que trabalhamos. É essa a nossa Missão.
Termino, com as palavras de António Arnaut, no prefácio do livro “Arte em Oncologia” que passo a citar:
“Há sempre um caminho para regressar do sofrimento. Um deles é a arte, nas suas múltiplas formas. O outro é a esperança conjugada com a vontade. É esta conjugação, aliada à terapêutica, que pode vencer ou domar a doença. Porque só é vencido quem desiste de viver”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário