Vários países apressaram, nas últimas horas, a retirada dos seus cidadãos do Sudão. A maioria das evacuações, que abrangem portugueses, está a acontecer por via aérea, mas algumas pessoas estão também a abandonar o país por via marítima e terrestre.
Pelo menos 21 cidadãos portugueses já foram retirados das zonas de conflito no Sudão. Um, que está no sul do país, vai manter-se por vontade própria, revelou esta segunda-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros.
Os cidadãos portugueses estão a caminho das fronteiras de Port Sudan e do Egito. “Ainda não estão todos fora do país, mas estão todos fora de zonas de maior perigo”, acrescentou João Gomes Cravinho.
“Naturalmente que até estarem todos fora do país e estarem todos em território nacional, continuaremos a apoiar e acompanhar”.
No Sudão estão 22 cidadãos nacionais. No entanto, o Governo português “não exclui a possibilidade de aparecer mais algum”.
“Desses 22, 21 quiseram sair e são esses que estamos agora a apoiar e acompanhar a sua saída”.
A retirada dos 21 portugueses foi feita pela missão espanhola, “que retirou uma pessoa que já está em Madrid”. Os restantes foram retirados com o” apoio francês e num comboio das Nações Unidas”.
“Há um conjunto de meios de retirada, que estão agora em curso”.
João Cravinho considera que, enquanto os cidadãos portugueses não estiverem em território nacional, não se pode falar de sucesso.
“A nossa expectativa é positiva, mas continuamos a trabalhar com intensidade e com cuidado. A segurança é, evidentemente, a primeira prioridade. Depois disso vem a questão logística de como tirá-los, em particular do Djibuti, que é onde a maior parte irá estar. Alguns no Egito. Mas essa é uma componente logística sem a preocupação da segurança”.
O Governo ainda não decidiu a forma como os portugueses retirados do Sudão chegarão a Portugal. “Se envia um meio da Força Aérea Portuguesa ou se chegam em aviões aliados para sítios mais próximos”.
A Itália anunciou a retirada de 136 pessoas da capital do Sudão, Cartum para Djibuti, numa operação coordenada pelo Ministério italiano dos Negócios Estrangeiros.
"[Os] 105 cidadãos italianos e 31 estrangeiros, incluindo australianos, gregos, britânicos e suecos, foram transferidos para Djibuti", informou o Governo italiano em comunicado, no domingo à noite.
A operação foi realizada "em colaboração com outros países europeus e aliados", tendo sido criada "uma ponte aérea internacional autorizada a chegar à base militar em Djibuti".Para já, o embaixador da União Europeia mantém-se no Sudão, mas deixou a capital, Cartum, avançou Josep Borrel, alto representante da UE para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança.
A Espanha anunciou, também no domingo à noite, que conseguiu retirar para Djibuti, por via aérea, cerca de uma centena de pessoas do Sudão, incluindo portugueses, no âmbito do movimento de saída de cidadãos estrangeiros e pessoal diplomático.
Além de espanhóis, entre os passageiros italianos, polacos, irlandeses, mexicanos, venezuelanos, colombianos e argentinos, bem como sudaneses, detalharam fontes do Ministério espanhol da Defesa.
Além dos retirados na operação, um grupo de espanhóis decidiu, voluntariamente, permanecer no Sudão ou abandoná-lo por outros meios, enquanto outros conseguiram deixar o país já antes da implementação deste dispositivo. Na operação, acrescentou o Ministério da Defesa espanhol, estiveram envolvidos cerca de 200 militares.
O avião espanhol "voa com mais de 30 espanhóis e outros 70 cidadãos europeus e latino-americanos retirados de Cartum, capital do Sudão, com destino ao Djibuti, após uma operação coordenada pelos Ministérios dos Negócios Estrangeiros, União Europeia e Cooperação e da Defesa", especificou o Governo de Espanha.
A Alemanha revelou que esta segunda-feira chegaram a Berlim a bordo de um Airbus 321, mais de 300 pessoas retiradas do Sudão, que fizeram escala na base de Al Azrak, na Jordânia.
Todo o pessoal da embaixada da Suécia na capital sudanesa foi também retirado para Djibuti. Os aviões militares suecos vão manter as pontes aéreas para a retirada de cidadãos estrangeiros enquanto a segurança o permitir.
Também a Dinamarca anunciou a retirada de 15 cidadãos.
As autoridades da Indonésia anunciaram também o início de uma operação de retirada de mais de 800 cidadãos retidos no Sudão.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros indonésio revelou que 538 pessoas partiram de Cartum no domingo de manhã, de autocarro, para a cidade costeira de Port Sudan, de onde partirão de barco para Jeddah, na Arábia Saudita, de acordo com um comunicado.
O chefe da diplomacia de Jacarta acrescentou que ainda estão 289 indonésios no Sudão, a maioria estudantes, que vão ser retirados numa segunda fase. Para isso, o exército indonésio preparou um avião Boeing 737, que poderá sair, ao início da tarde, de uma base militar, disse o comandante-chefe Yudo Margono, em comunicado.
Desde 15 de abril que se registam violentos combates no Sudão, num conflito que opõe forças do general Abdel Fattah al-Burhane, líder de facto do país desde o golpe de 2021, e um ex-adjunto que se tornou um rival, o general Mohamed Hamdan Dagalo, que comanda o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês).
O balanço provisório dos confrontos indica que há mais de 420 mortos e 3.700 feridos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
RTP c/ agências
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