A vida do médico, historiador, ensaísta e humanista Jaime Cortesão foi o tema de uma edição especial das Tardes Comunitárias, realizada esta quinta-feira, 9 de maio, no Museu da Pedra.
Enquadrada no projeto “Gente da Nossa Terra”, a sessão incluiu a projeção de um episódio da série documental da RTP “À Porta da História” sobre Jaime Cortesão e a audição da entrevista que este deu a Igrejas Caeiro em 1958. A plateia teve uma participação ativa, com a declamação de vários poemas do homenageado, escolhidos por Abel Carapeto, professor licenciado em História e Ciências Sociais, que lançou recentemente um livro de poesia, e a quem coube suscitar o debate em torno desta figura ímpar e dinamizar a sessão.O vice-presidente da Câmara Municipal, Pedro Cardoso, destacou o enfoque que a autarquia tem vindo a dar a Jaime Cortesão, “uma das figuras maiores do Município”. Para tanto, decorre até 29 de maio um conjunto de iniciativas que abordam a intervenção do médico natural de Ançã em áreas tão diversas como a literatura, política, ecologia, humanismo e cultura.
“Ao
falarmos de Jaime Cortesão estamos não apenas a enfatizar a sua
dimensão intelectual, e sobretudo cívica, mas também a garantir
que o seu legado é perpetuado pelas gerações futuras”,
destacou o autarca, adiantando que, no ano em que se assinala o 50.º
aniversário do 25 de Abril, “a
evocação deste grande patriota e resistente reveste-se de um
simbolismo especial”.
Ainda
de acordo com o vice-presidente da Câmara Municipal, “constitui
um dever de memória destacar as maiores personalidades de
Cantanhede”,
daí a pertinência do projeto “Gente da Nossa Terra”, que nesta
segunda edição assinala o 140.º aniversário do nascimento de
Jaime Cortesão, com um conjunto de iniciativas, entre as quais
conferências, exposições itinerantes, apresentação de livros,
projeção de filmes, entrevistas, documentários e performances
musicais, em vários locais do concelho.
Jaime
Zuzarte Cortesão nasceu em Ançã a 29 de abril de 1884. Frequentou
o curso de Medicina na Escola Médico-Cirúrgica do Porto, concluindo
a licenciatura na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra,
em 1909. Participou na I Grande Guerra (1914-1918) como médico
miliciano voluntário e foi agraciado com a Grande Cruz de Guerra.
Defensor
do Republicanismo Democrático, Jaime Cortesão manifestou-se contra
a Ditadura Militar (1926-1933) e contra o Estado Novo (1933-1974),
posições políticas que lhe valeram o exílio de 1927 a 1957
(Espanha, França e Brasil).
Humanista
e Intelectual de craveira, Jaime Cortesão destacou-se como
historiador e autor de uma extensa obra da Expansão Portuguesa.
Faleceu
em Lisboa a 14 de agosto de 1960. Foi agraciado, a título póstumo,
com a Grande-Oficial da Ordem da Liberdade (1980) e com a Grã-Cruz
da Ordem do Infante D. Henrique (1987).
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