As primeiras Trutas Assilvestradas, criadas no Posto Aquícola de Campelo, foram libertadas, durante a manhã de 25 de outubro, na Ribeira de Alge, zona de Engenho.
Os espécimes foram criados no âmbito do Projeto “CRER – Adaptação do Posto Aquícola de Campelo para Criação Experimental de Trutas Assilvestradas”. Um projeto-piloto, pioneiro à escala nacional e internacional, sob a responsabilidade do Município de Figueiró dos Vinhos, integrado no ALJIA- Plano de Gestão Integrada da Ribeira de Alge e com apoio técnico e científico do MARE-Centro de Ciências do Mar e do Ambiente e da Universidade de Évora.
O projeto é direcionado para a criação experimental em viveiro de trutas assilvestradas, criadas de forma sustentável em viveiros adaptados, simulando o habitat e comportamento naturais desta espécie, com a introdução de refúgios artificiais, alimentadas com alimento vivo e com o mínimo de contacto humano, para posterior repovoamento de cursos de água onde a espécie ocorra naturalmente, sem comprometer o património genético local, neste caso em particular o repovoamento da Ribeira de Alge. Assim, depois de dois anos de ensaios experimentais para testar os novos equipamentos instalados e avaliar a resposta dos peixes estabulados a estes sistemas, foram libertadas, na Ribeira de Alge, as primeiras trutas-de-rio produzidas de acordo com as novas metodologias de assilvestramento testadas neste projeto.
As trutas agora libertadas foram, devidamente, marcadas com um chip de modo a serem monitorizadas ao longo da sua vida, cuja probabilidade de sobrevivência se prevê ser maior, pelo facto de serem criadas em condições mais próximas daquelas que vão encontrar na natureza, contribuindo, por isso, efetivamente para o crescimento da população selvagem.
Segundo Carlos Alexandre, Investigador do MARE e da Universidade de Évora, e um dos responsáveis pela componente técnica e científica do projeto “durante a produção destas trutas, e porque ainda estávamos a otimizar o funcionamento dos equipamentos, ainda tivemos alguma mortalidade durante todo o processo e por isso não conseguimos produzir e libertar um número elevado de animais. Neste primeiro ano foram libertadas menos de 100 trutas, mas estes animais têm uma probabilidade maior de sobreviver devido ao modo diferenciado como foram produzidos”. Ainda segundo este investigador “a maior parte dos problemas que levaram a esta mortalidade elevada já foram resolvidos, pelo que se espera que o número de trutas libertadas no próximo outono já seja, significativamente, mais elevado”. Carlos Alexandre frisa, ainda, que este projeto integra uma abordagem inovadora dos programas de produção de trutas para repovoamento, uma vez que “estamos a produzir trutas com comportamentos mais próximos dos indivíduos selvagens. Esta abordagem terá efeitos positivos na recuperação dos efetivos destas populações, mas também na promoção da pesca recreativa dirigida a esta espécie, sobretudo numa perspetiva de pesca sem morte”.
O CRER – Adaptação do Posto Aquícola de Campelo, iniciado em 2020 sob a responsabilidade do Município de Figueiró dos Vinhos, aprovado e financiado pelo Programa Operacional MAR2020, no âmbito do programa ‘Apoio ao Desenvolvimento Sustentável da Aquicultura nos Domínios da Inovação e dos Investimentos Produtivos’, além de estar centrado na criação de trutas assilvestradas, também pretende transformar o Posto Aquícola de Campelo num dos futuros pontos de turismo integrado, constituindo, deste modo, um grande passo no âmbito do desenvolvimento sustentável de Figueiró dos Vinhos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário