segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Grutas de Mira D’aire

Grutas de Mira D’aire 






























Historial da Gruta

1947 - Os primeiros homens a entrar na gruta lançaram cordas grossas e, a pulso, desceram até uma pequena galeria. Avançando duas dezenas de metros, encontraram-se como que numa janela aberta sobre um precipício. O que existia em frente, a fraca luz do gasómetro não permitia ver com clareza. Algo como uma grande sala envolta na mais completa escuridão, fazia ecoar as suas vozes e o barulho das pedras que atiravam.
Alguns dias depois, voltaram com mais cordas e desceram à primeira sala onde a sua imensidão mal deixava perceber as paredes e estalactites que pendiam do tecto.
A notícia desta descoberta que não tinha paralelo em nada conhecido na região chegou até Lisboa donde acorreram espeleólogos que preparavam a formação de uma Sociedade Científica para o estudo das Grutas. Mira de Aire passou a acolher um grande número de espeleólogos e com eles conviveu. Muitos puderam visitar a nova gruta descoberta e as fotografias das expedições espalharam-se por toda a terra.
Através da exploração do fundo da sala e de algumas reentrâncias nas paredes, descobriu-se o segredo para a continuação da gruta, uma abertura num patamar acessível apenas por uma estreita e escorregadia vereda ao longo da parede, baptizado de "Púlpito".
Para lá deste encontra-se uma rampa muito íngreme que dava lugar a um poço com cerca de 20 metros de profundidade, o 2º Poço.
1949 - A construção de um guincho de madeira que desenrolava uma corda de sisal com 30 metros permitiu aos espeleólogos vencerem este poço, sendo as descidas posteriores efectuadas através de escadas, primeiro com cabos de aço e degraus de madeira, e depois com degraus de latão.
Na base deste tinha inicio um percurso de mais de 500 metros, denominado "Galeria Grande" e com uma topografia e paisagem variada. Neste trajecto pode-se observar a "Fonte das Pérolas", as "Galerias do Polvo", o "Órgão", e o "Rio Negro" que dava acesso ao "Areal" no fundo da Galeria Grande.
Anos 50 e 60 - Campanhas mais prolongadas exigem a criação de acampamentos no interior da Gruta. Destes foi possível chegar até ao "Sifão das Areias", "Concha" e "Labirinto" até que foi descoberto o "Poço Final" podendo assim poder ser elaborado o primeiro levantamento topográfico da Gruta.
O desejo de mostrar esta maravilha da natureza ao público começava a crescer e para que todos pudessem apreciá-la, foram projectados e construídos centenas de metros de estrados e escadas de madeira, desde a entrada, até perto do Sifão das areias.
Anos 70 - Com vista ao novo aproveitamento turístico da gruta, com melhores condições de conforto e segurança constitui-se a Sociedade que faz a sua exploração desde a Sala Grande até às partes principais da Galeria Grande. A abertura ao público faz-se a 11 de Agosto de 1974.
2007 - Uma expedição da Sociedade Portuguesa de Espeleologia entra na Galeria do Rio Negro, aproveitando a baixa do nível das águas, e consegue acrescentar mais de 1Km de novas galerias que se dirigem ao interior do Planalto de S. Mamede ao traçado total da Gruta.
Esta Gruta (Moinhos Velhos) juntamente com a Gruta da Pena e a Gruta da Contenda faz parte de um grande sistema de galerias com mais de 11 Km. Durante os Invernos chuvosos, as águas deste sistema juntam-se às águas da nascente do Olho de Mira e Regatinho, inundando assim a grande depressão fechada (Polje Mira-Minde) existente entre as povoações de Mira de Aire e Minde.


Formação das grutas
A actuação da água das chuvas sobre o calcário
A água no seu interminável ciclo, absorve grandes quantidades de dióxido de carbono quando atravessa a atmosfera e se condensa, para depois se precipitar novamente sobre a terra em forma de chuva.
Nas zonas calcárias quando chove estas águas, espalham-se nos terrenos em todas as direcções, ao sabor dos declives que vão encontrando, e escoam pelas fendas encontradas no calcário aumentando-as quer pela erosão mecânica natural, quer pela reacção química causada pela presença de dióxido de carbono.
O calcário que é formado sobretudo graças ao carbonato de cálcio, ao entrar em contacto com as águas saturadas em dióxido de carbono origina bicarbonato de cálcio, passando assim de uma substância insolúvel a uma substância solúvel.
No seu processo de permeabilização estas águas ao atingirem as amplas cavidades anteriormente formadas (grutas) geram pequenas gotas que se desprendem dos tectos, das mais variadas alturas criando nesse processo todo o tipo de formações.
Uma parte destas águas vai naturalmente sofrendo o fenómeno da vaporação, diminuindo assim, substancialmente a quantidade de dióxido de carbono que nela existia inicialmente. Esta operação origina uma reacção química inversa à anterior, ou seja a formação de novo do carbonato de cálcio que, sendo insolúvel, fica suspenso dos tectos sob formas sólidas coniformes de vértice para baixo, pela qual vão "crescendo" lentamente através dos séculos sob o nome de estalactites. No entanto, se as gotas, mercê de uma permeabilização mais intensa se desprendem ritmicamente de uma cadência regular, dos tectos, o fenómeno químico concretiza-se, fazendo com que as formações cresçam a partir do chão sendo conhecidas por estalagmites. Pode ainda dar-se a união das formações criando lindíssimas colunas de caprichosos efeitos.
Nos tectos, mercê de fissuras muito estreitas e compridas, por onde as águas terão de escorrer na sua permeabilização, sucede formarem-se frequentemente deslumbrantes formações de finíssimos filamentos cristalinos através do processo já descrito.


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NB: No sentido de facilitar a postagem da fotorreportagem efectuada à excursão que a Associação Parceiros da Amizade realizou no dia 20 de Setembro, na qual tive o grato prazer de participar a seu convite, e considerando o elevado interesse público da documentação histórica disponível, achei por bem fazer uso da mesma respeitando integralmente a sua redacção vs terminologia.

Portugal reúne uma riqueza patrimonial impressionante, que na minha opinião não tem sido devidamente aproveitada para efeitos de turismo. Por vezes somos confrontados com falta de informação, o que não deixa de ser reparável. No caso de Conímbriga, como se explica a não existência ou até mesmo distribuição de flyers que explicassem abreviadamente a sua história em diversos idiomas? O argumento da falta de recursos financeiros veio para ficar de vez? Aqui fica o alvitre.

A verdadeira amizade envolveu-nos a todos, facto realmente comprovado. Integraram nesta excursão elementos de diversas nacionalidades: Brasil, Índia, México, Irão, Ucranianos, Russos, Angolanos, e claro, também portugueses.


Postado por Joaquim Carlos, Coordenador do Projecto Comunicação e Imagem. As imagens aqui disponíveis podem ser usadas na condição que seja feita referência da sua fonte.

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