sábado, 26 de março de 2016

Famílias desfeitas para passar Páscoa em casa por menos dinheiro

Está em curso uma investigação ao acidente que culminou na morte de 12 portugueses, em França, quando se encaminhavam para Portugal. As diligências das autoridades centrar-se-ão na segurança do miniautocarro – se transportava ou não pessoas a mais – e nas habilitações do condutor, de apenas 19 anos de idade.

© Twitter
As autoridades continuam a investigar as circunstâncias em torno do trágico acidente que ceifou a vida de dozes emigrantes portugueses, esta quinta-feira à noite, quando se dirigiam para Portugal para passar a Páscoa com as respetivas famílias.

O condutor da viatura, um jovem português de 19 anos de idade, estava atrás do volante do miniautocarro e foi o único sobrevivente. Debatem-se as suas habilitações para conduzir a viatura de passageiros, uma vez que é preciso ter 21 anos para obter habilitação legal para ser motorista profissional e fazer transporte de passageiros.
De acordo com o apurado pela SIC, o jovem já foi ouvido pelas autoridades francesas, assim como os dois ocupantes do camião que colidiu com a carrinha. A estação de Carnaxide avança, citando fonte próxima do processo, que o condutor poderá ficar detido durante os próximos dias e ser constituído arguido.
Quantas pessoas podia levar o miniautocarro, afinal?
Outra grande dúvida – talvez a mais premente – revolve em torno da segurança do próprio transporte. A carrinha Mercedes Benz Sprinter levava doze pessoas mais o condutor.
Ouvem-se opiniões díspares. Os jornais franceses citam fontes judiciais que falam num veículo que pode ser adaptado (através da colocação de assentos na parte de trás). Já a marca diz que a carrinha tem capacidade para seis pessoas.
O procurador público de Moulins, Pierre Gagnoud, anunciou que as autoridades vão fazer diligências neste sentido. "Temos de ver se a carrinha estava equipada para transportar 13 pessoas", indicou o procurador numa conferência de imprensa, citado pelo jornal local lamontagne.
Recorde-se que se tratava de um transporte coletivo de pessoas de um negócio pertencente ao tio do condutor. Muitos emigrantes dão preferência à viagem de autocarro por ser mais barato do que as alternativas - avião ou comboio -, principalmente em épocas altas, e por poderem levar mais bagagem: neste caso, a viagem de ida e volta ficava por volta de 230 euros a cada pessoa.
Doze vítimas, sete localidades, várias famílias desfeitas
Já estão identificados os 12 emigrantes portugueses que morreram quinta-feira à noite na sequência de um choque frontal entre a carrinha em que seguiam e um veículo pesado, cerca das 23h45 de quinta-feira, na estrada nacional 79, perto de Lyon, na localidade de Moulins.
Seguiam na carrinha dois homens de Oliveira de Azeméis, um de Castelo de Paiva, um de Trancoso, um de Arouca, uma mulher de Pombal, existindo ainda um casal de Sernancelhe, e quatro pessoas de Cinfães (uma família inteira, casal e filha, e outro homem).
As idades dos ocupantes variavam entre os 7 e os 63 anos. O único sobrevivente dos 13 passageiros da carrinha foi o condutor, um jovem de 19 anos, também português, que foi hospitalizado em estado de choque.
Foi ontem anunciado que o Estado português já se disponibilizou para ajudar na trasladação dos corpos para Portugal das vítimas do acidente.
"Já fizemos saber à nossa cônsul em Lyon, que por sua vez fará essa comunicação às famílias, que o Estado português disponibilizará apoio para o transporte dos corpos quando puderem ser trasladados para Portugal", afirmou o secretário de Estado das Comunidades, José Luís Carneiro, em declarações à agência Lusa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário