sábado, 9 de julho de 2016

Na aldeia em Paços de Ferreira a família não esquece o Antoine

Griezmann, o temível avançado francês que é o líder dos marcadores do Europeu, tem raízes em Portugal. Uma prima confessou ao DN que amanhã na final vão estar divididos. O ideal era Portugal ganhar, mas o Antoine marcar
O avançado francês Antoine Griezmann será um dos jogadores que amanhã, na final do Campeonato da Europa, frente a Portugal, mais dores de cabeça poderá causar à seleção nacional. Mas o curioso é que o temido gaulês, pelos golos que marca, tem também a correr--lhe nas veias... sangue luso. Isto porque apesar de ser conhecido no mundo do futebol pelo apelido Grizemann, Antoine tem como segundo nome o bem nacional Lopes, oriundo da sua mãe, uma portuguesa radicada há vários anos em França.
Foi da pacata aldeia de Raimonda, em Paços de Ferreira, que a avó de Antoine partiu, nos anos 60, para França, em busca de uma vida melhor para a família. Mas apesar da distância nunca esqueceu a sua pátria, fazendo, tal como milhares de emigrantes, as férias de verão em Portugal e trazendo consigo a mãe e o... pequeno Antoine.
"Ele vinha passar férias com frequência aqui a Portugal, com a mãe e a avó, e como aqui as casas da família são todas juntas, lembro-me muito bem dele passar esses meses de verão connosco", contou ao DN Fátima Coelho, prima do avançado, que na aldeia é mais conhecido como Antoine.
"Sou prima da Isabel, que é a mãe dele, lembro-me bem do Antoine novinho aqui a brincar connosco, e já na altura sempre com a bola nos pés", lembra a familiar, completando: "Era um miúdo pacato, brincava muito com os meus filhos, e não se metia em confusões. Apesar de novinho mostrava ser muito humilde, é algo que lhe foi incutido pela avó."
Segundo Fátima Coelho, a avó de Antoine "sempre cuidou muitos dos netos", recordando que "o rapaz e a irmã mais velha praticamente foram criados com ela", apreendendo, assim, a dizer algumas palavras em português: "Desde os 8 anos que ele vinha para Raimonda e a avó falava sempre português com ele. Os miúdos perce- biam tudo, e mesmo não falando muito, sabiam o básico. Mesmo nas brincadeiras com os meus filhos, eles comunicavam sempre em português."
Fátima deixou de ver o primo quando Griezmann foi para Espanha, com 12 anos, confidenciando que o pequeno Antoine tinha saudades da família e de vir brincar para Raimonda.
"A minha prima dizia que ele lhe ligava para o irem buscar a Espanha, porque estava cheio de saudades da família. Mas o pai insistiu que ele ficasse lá e evoluísse as qualidades. Estou certo de que se assim não fosse, o rapaz teria vindo mais vezes visitar-nos", lembrou.
Contactado pela federação
Apesar da distância, e do pouco contacto com o avançado, Fátima Coelho garante que toda a família seguiu de perto a evolução do "pequeno" Antoine, e que o "rapaz é motivo de orgulho na terra".
"Acompanhámos sempre a evolução dele, e sobretudo pelos meus filhos vamos sabendo como ele está. Confesso que nunca imaginei que ele chegasse a este patamar, embora tivéssemos percebido desde muito cedo que o miúdo tinha jeito para a bola", contou.
Ora esse jeito de Griezmann para a bola também não passou despercebido aos responsáveis da Federação Portuguesa de Futebol, que a dada altura tentaram convencer o avançado a vestir a camisola da pátria dos avós. "Foi uma pena ele não jogar por nós, mas sei que isso chegou a ser falado com os pais dele, e que a nossa seleção estava atenta. Mas depois não se proporcionou", confessou, pesarosa, Fátima, pois agora, na final deste domingo, a família terá o coração um pouco dividido.
"Claro que estamos um bocadinho divididos, porque o Antoine é um dos nossos. Mas como sou portuguesa quero que Portugal vença, mas gostava que ele tivesse um prémio e marcasse um golo. Se ficasse 2-1 para Portugal já era bom", vaticinou a prima de Griezmann.
Ainda assim, seja qual for o desfecho, Fátima Coelho enviou pelo DN um recado ao primo: "Fica o convite para ele no final do Europeu regressar a Raimonda, e estar aqui uns dias com os primos e o resto da família. Se vencer, pode vir aqui festejar, e se perder nós estamos cá para o reconfortar.".
Para que se perceba o forte sentimento que os familiares ainda nutrem pelo jovem avançado gaulês, Fátima Coelho termina a conversa com uma inconfidência: "A minha mãe, que tem 88 anos, e é irmã da avó do Antoine, ainda hoje se emocionou quando lhe dissemos que o miúdo ia jogar a final com Portugal."
Fonte: DN

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