No
mundo das letras o jornal ocupa incontestavelmente um lugar de particular
relevância. A imprensa escrita contribui em larga escala para formar a opinião
pública. Ela entra em milhares, senão em milhões de casas, consequentemente atinge
milhões de leitores.
A
imprensa escrita exerce uma influência extraordinária nas suas inteligências e
na vida do dia-a-dia. A formação ou deformação das massas e a evolução do
pensamento humano dependem, não digo totalmente, mas quase exclusivamente do
que vem escrito num jornal.
A
maior parte das pessoas que lêem o seu jornal não se encontram em condições de
fazer passar pelo crivo duma crítica pessoal, séria e prudente, o que lhe é
apresentado. Por isso quase todos os leitores aceitam sem pestanejar e aceitam
como seu o que o jornal lhe dá a ler. A imprensa escrita pensa pelos leitores.
É o seu cérebro, o seu mestre, o seu condutor ideológico. Daqui se conclui quão
grande e tremenda é a responsabilidade que pesa sobre a imprensa quando informa
a opinião pública. A imprensa, informando, pode ao mesmo tempo formar ou
deformar.
Acima
de tudo e antes de tudo, a imprensa não pode esquecer ou minimizar o inviolável
respeito pela verdade e, consequentemente, o respeito pelo espíritos a quem se
dirige. A pena numas mãos hábeis deve ser um instrumento de trabalho sério e
contínuo ao serviço da verdade, o que nem sempre acontece.
Todas
as grandes incitativas humanas, os êxitos ou insucessos do homem estão
fortemente condicionados pela imprensa escrita no seu geral. Altíssima e
benemérita a função da imprensa que pode imprimir ao mundo e às ideias que o
regem um rumo novo de abertura para a luz ou um resvalar vertiginoso para
abismos tenebrosos.
A
imprensa na sua generalidade deve procurar o bem-estar da família com base na justiça
social; princípios básicos da liberdade, do direito, do dever; procurar
lealmente a verdade e nada dizer que a possa ferir, como vem acontecendo nestes
últimos tempos em que vale tudo com um único objectivo: vender papel e deformar
os valores sociais.
Nobre,
em dúvida, o seu intento revelador do sentido das proporções e da
responsabilidade que cabe à imprensa. Importa, para seu contínuo prestígio,
dignificar a imprensa colocando-a incondicionalmente ao serviço da verdade e
aproveitando toda a gama de potencialidades extraordinárias que ela contém na
condução do mundo e dos povos. Os valores que acima defendi quase poderiam
considerar-se um abreviado código de deontologia jornalística, cuja publicação
reputo mais necessária do que «pão para a boca».
Para
quando um código bem elaborado de deontologia jornalística, já que o existente
é frequentemente esmagado pelos jornalistas, os tais que se arrogam defensores
da liberdade de expressão? Oh! A força extraordinária da imprensa escrita! Será
que alguém já fez uma reflexão séria sobre o poder dominante da imprensa
escrita na sociedade contemporânea, que se deixa manipular tão facilmente? É
esta força que desperta as energias adormecidas, latentes, na alma humana. Os
sociólogos e psicólogos sociais sabem disso, mas, mantêm-se silenciosos porquê?
Em
todos nós há um anjo que repousa ou um demónio que vela pela notícia mais atroz,
por vezes até sanguinária. No fundo, bem no fundo da alma humana, há centelhas
de luz ou trevas densas, amor que redime ou ódio que avilta e cega; brilho de
pérolas cintilantes de pureza ou charcos de águas mortas e podres de luxúria;
de tudo existe na alma humana.
A
imprensa escrita manejada habilmente pela pena do jornalista tantas vezes vai
despertar o anjo da luz ou o demónio das trevas que parecia adormecido, no
íntimo, bem no íntimo da alma humana.
A
palavra do jornalista pode ser um raio de luz que ilumina e aponta caminho
aberto e seguro, ou treva densa que atira para a escuridão mental que
desorienta e se perde. Tudo isto pode ser a imprensa. Grande e nobre a missão
da imprensa escrita, grande imensamente grande a sua responsabilidade social.
Que
a pena do jornalista seja candeia a espargir luz, instrumento válido ao serviço
da verdade, da justiça, do amor e nunca cutelo homicida a cortar os lírios da
pureza que crescem nos jardins da alma humana, nem nefasto vento impetuoso que
extingue o raio de luz, ou nuvem pardacenta que encobre o sol que ilumina e aquece.
O
que pretendo dizer com esta verborreia? Não foi justo as notícias que o JN
publicou no pretérito Dia 14 de Junho (Dia Mundial do Dador de Sangue) como
ainda no dia 27 daquele mesmo mês, que versaram o subaproveitamento do Plasma
Humano em Portugal. Nós sabemos que a substância das “denúncias” são outras.
Por J. Carlos
Imagem: arquivo do Litoral Centro
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