Nas comemorações do 5 de Outubro o PR Marcelo Rebelo de Sousa disse algumas certas mas outras menos certas ou demasiado diplomáticas para que possam ser consideradas na galeria da realidade. O título da notícia que vai encontrar a seguir a esta pequena abertura mostra a inclusão da palavra “ainda”, o que revela a noção que Marcelo tem relativamente ao facto de os portugueses nunca terem confiado nos políticos em Portugal. Realidade vergonhosa em que tudo indica serem os políticos os únicos a não sentirem vergonha. Demonstrando que são desprovidos de decência, de honestidade para com eles próprios. Se assim são para eles próprios mais facilmente o são para aqueles que supostamente representam nos órgãos governativos, parlamentares ou outros que são inerentes às alegadas competências adstritas aos políticos.
A falta de confiança que comprovadamente não inspiram prejudicam a democracia – como também Marcelo afirmou. Prejudicam ainda os políticos que mereceriam confiança devido aos seus caráteres e práticas honestas. Esses existem com toda a certeza entre a mole imensa de políticos desonestos que representam e defendem interesses tantas vezes prejudiciais aos que vigarizados os elegeram. Num passado recente tivemos disso prova devastadora ao guindarem Passos Coelho e Paulo Portas para governantes. Principalmente na eleição de Passos Coelho concluiu-se que jamais em Portugal, em democracia, se sentou na cadeira de PM ser tão aldrabão, tão vigarista, tão desdenhado que facilmente desmentia e afirmava não ter dito aquilo que meses, semanas ou dias antes tinha declarado.
Passos foi um dos que mais deu motivos para que a desconfiança nos políticos crescesse nestes últimos tempos, sabendo-se ainda que se dedicou a governar no interesse dos mais ricos e num debulho colossal da classe média e dos mais pobres, carenciados e excluídos. Totalmente descredibilizado pelos portugueses teima em liderar o PSD, arrastando o partido na lama contagiante do descrédito que inspira. O descaramento inaudito de Passos roça a demência, só assim se encontra explicação para as suas mentiras, as suas declarações numa hora para as negar a seguir.
Confiar nos políticos? Em quais? Os que mentem? Os que cobram favores? Os que servem as clientelas e prejudicam a maioria dos portugueses e o país?
Num estudo que o PG publica a seguir a este título sobre declarações de Marcelo e a desconfiança nos políticos, estudo que não diz só respeito a Portugal mas a outros países do mundo, podemos observar que à falta de confiança nos políticos (últimos da lista) podemos igualmente verificar que a classe dos advogados também é uma das que merece menos confiança segundo os inquiridos nesse estudo. Estão resvés à posição dos políticos. Certamente que não é por acaso que no Parlamento português a grande maioria dos deputados tem por profissão a advogacia. Para bom entendedor...
Não se vislumbra na referida lista a profissão que abrange economia, finanças e gestão. Devemos interpretar que a sua ausência representa o cúmulo do descrédito? Parece que sim. No mundo de hoje, principalmente, com toda a razão.
Disse o PR Marcelo, com toda a sabedoria, que “os portugueses ainda desconfiam dos políticos”. Tal significa que nunca nas suas vidas tiveram motivos para confiar neles. Uma vergonha para os políticos sem vergonha. E no entanto continuam a ser eleitos, tal é o desaforo e a estupidez de certos e incertos portugueses eleitores que parecem preferir a flagelação das suas paupérrimas vidas provocada por salafrários licenciados e doutorados (por mérito ou favor) que perduram durante décadas nas manjedouras dos poderes.
Os portugueses nunca confiaram nos políticos, por isso votam no que julgam o mal menor. E mesmo assim são devastadoramente enganados. Tal é a dimensão da pulhice. (MM / PG)
"Portugueses ainda desconfiam dos políticos", diz Marcelo
O presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, admitiu, esta quarta-feira, que os portugueses ainda desconfiam dos políticos.
"Se o 5 de Outubro permanece vivo, por que razão ainda tantos portugueses desconfiam da política, dos políticos e das instituições, e escolhem a abstenção e o distanciamento crítico?", questionou durante o discurso que fez na Praça do Município, em Lisboa, na cerimónia comemorativa da Implantação da República.
Sublinhando que a razão de ser de "desilusões, desconfianças e de descrenças" tem a ver com "o cansaço perante casos a mais de princípio vividos de menos", o Presidente da República rejeitou a ideia de que a desconfiança dos portugueses em relação à política e aos políticos, o seu distanciamento e alheamento seja porque preferem a monarquia.
"A maioria dos portugueses respeita essa linhagem, mas não questiona hoje o regime republicano", afirmou, considerando que essa questão foi ultrapassada há mais de 50 anos, antes ainda da entrada em vigor da atual Constituição.
E "menos ainda" é porque preferem regressar a uma ditadura aberta ou disfarçada, duradoura ou temporária para cumprir as contas públicas, reforçar a autoridade e garantir a segurança", acrescentou, admitindo, contudo, que possa haver quem de "tempos a tempos" sonhe com "o sebastianismo monocrático ou autocrático".
"0 5 de outubro está vivo, mas só se nós todos lhe dermos vida para que mais e mais portugueses possam rever-se na republica democrática, para que mais portugueses possam acreditar em Portugal", defendeu Marcelo Rebelo de Sousa.
Antes, o presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, disse que a Implantação da República está a ser celebrada este ano como deve ser, "em dia feriado e festivo e numa praça aberta ao povo".
"Celebramos este ano o Dia da República, o 5 de Outubro, como devemos: em dia feriado e festivo e numa praça aberta ao povo. Porque é desta forma que merece ser evocado um momento chave da nossa história", declarou o autarca socialista.
Jornal de Notícias - Foto Miguel A. Lopes/Lusa
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