quarta-feira, 5 de outubro de 2016

O ÁLCOOL NÃO AFOGA APENAS AS MÁGOAS – É MESMO UM ANTIDEPRESSIVO


 
Para muitos, não é novidade que o álcool afoga as tristezas, mas só agora surgiu a prova científica de que o álcool produz efectivamente as mesmas mudanças neuronais e moleculares que os medicamentos eficazes para depressão.
Através de testes com animais, um grupo de cientistas norte-americanos observou as mesmas mudanças na química cerebral e as mesmas reações dos neurónios em contato com álcool ou com medicamentos antidepressivos.
Segundo os investigadores, uma simples dose de álcool bloqueia os receptores NMDA (proteínas associadas com a aprendizagem e a memória) e atua com a proteína FMRP – cuja falta está relacionada com o autismo – para transformar o ácido GABA num estimulador da atividade neural.
O estudo, publicado na Nature, revela que essa mudança bioquímica causa um comportamento antidepressivo que dura, pelo menos, 24 horas.
O estudo foi realizado por investigadores da Wake Forest School of Medicine, nos EUA, e comprova que o álcool funciona da mesma forma que os antidepressivos de ação rápida.
“Devido à grande ligação entre os problemas depressivos e o alcoolismo, existe a hipótese da auto-medicação, sugerindo que indivíduos depressivos podem começar a beber como forma de tratar a depressão”, afirmou a autora principal do estudo, Kimberly Raab-Graham.
“Agora, temos dados bioquímicos e comportamentais que vêm suportar essa hipótese”, destacou.
Nos últimos anos, as doses únicas de antidepressivos rápidos – tais como a cetamina – provaram ser capazes de aliviar os sintomas depressivos até duas semanas, mesmo em indivíduos que são resistentes aos antidepressivos tradicionais.
No entanto, os investigadores alertam para o perigo de o consumo de álcool se tornar viciante.
“Definitivamente há perigo na auto-medicação com álcool. Há um limite entre o consumo que ajuda e o consumo que causa danos, e o uso repetido da auto-medicação transforma-se num vício”, sublinhou Raab-Graham.
Apesar dos resultados promissores deste estudo, os investigadores alertam que estes não devem, de modo algum, incentivar indivíduos com depressão a recorrer ao álcool como forma de tratamento.
BZR, ZAP

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