quarta-feira, 5 de outubro de 2016

“De um marido é fácil uma pessoa divorciar-se, de um filho, não”

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Bragança foi no ano passado o sexto distrito com maior número de casos de violência sobre idosos, uma tendência que um projeto do Núcleo da APAV quer alterar.
Durante Outubro de 2015 e Outubro de 2016 foram identificadas 77 ocorrências de maus-tratos a idosos no distrito de Bragança. Maus-tratos físicos e económicos que um projeto desenvolvido pelo Núcleo de Apoio à Vítima, sediado na Associação de Socorros Mútuos dos Artistas de Bragança, com o patrocínio do BPI/Seniores, ajudou a identificar.
Foi com o lema "Informar para estimular a denúncia" que o Núcleo da APAV se pôs no terreno faz agora um ano. E os resultados são evidentes. "45 denúncias novas no âmbito deste projeto mais 32 denúncias que surgiram pelas vias oficiais, GNR, PSP e tribunais. Estamos a falar de 77 denúncias que apareceram em 2016".
Teresa Fernandes é a responsável do Núcleo da APAV e do projeto. Acrescenta que não é fácil identificar os maus tratos aos idosos, por vários fatores mas, principalmente, porque a violência acontece dentro de casa e é feita pelos familiares. "Por elementos da família, cuidadores formais ou informais, filhos, filhas, noras, genros, netos, sobrinhos. Todos esses elementos do agregado familiar que estão, muitas vezes, presentes na vida dos idosos".
A psicóloga diz também que a violência física não é muito comum nos idosos porque as outras (violência
s) servem os objetivos dos abusadores. " Não é a tipologia mais comum, porque através da chantagem, da coação, da ameaça, o agressor consegue obter os resultados que pretende. Quer seja a reforma, o património ou que não seja obrigado a cuidar do idoso como é da sua responsabilidade".
Teresa Fernandes acredita que o envelhecimento da população aumentará os casos mas também crê que os laços de sangue dificultam e dificultarão sempre os procedimentos de ajuda. "Não há nada que caracterize melhor a violência contra idosos do que a afirmação de uma vítima que nos foi feita há pouco tempo em que ela dizia: de um marido é fácil uma pessoa divorciar-se e seguir a vida, de um filho, nunca ninguém se divorcia".
Num ano, o Núcleo da APAV, com sede na Associação de Socorros Mútuos dos Artistas de Bragança, levou a todo o distrito 143 ações de formação que abrangeram perto de 3.400 pessoas. As duas psicólogas e a assistente social do projeto fizeram ainda cinco ações de formação para 362 técnicos. Esperam voltar a ter, durante mais um ano, o apoio do projeto do BPI - Seniores. Bragança foi em 2015 o sexto distrito com maior número de casos de violência sobre idosos.

Fonte: TSF

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