quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Nós não queremos receber imigrantes? (& a tragédia do Chapecoense)

Enquanto dormia
 
David Dinis, Director do Público
Bom dia!
Mario Draghi mostrou-se preocupado com o populismo na Europa. Numa entrevista ao El Pais, o presidente do BCE diz que "a incerteza política predomina" e não o deixa descansado. 
Mateo Renzi foi para o Facebook, apelar aos indecisos para votarem no referendo de domingo, aquele que pode levar à sua demissão e a Itália a uma crise profunda. E esteve por lá uma hora. Atenção: um "não" neste referendo também nos ameaça a nós.
Donald Trump já escolheu o seu ministro das Finanças. Chama-se Steven Mnuchin, esteve no Goldman Sachs 17 anos, passando depois pela Soros Fund Managment e por Hollywood, onde constituiu uma empresa de produção de filmes, lançando títulos como X-Men ou AvatarO que ele vai implementar é isto.
No Reino Unido, um ministro quer banir o 'sexting' aos menores de idadeO que não ficou bem explicado é como é que a medida se aplica aplica na prática, sem que as redes sociais a empatem.
Quem não desempata é F.C. do Porto, que já leva quatro jogos sem passar do zero. E Nuno Espírito Santo concluiu isto, depois do jogo de ontem: "Não fomos merecedores de apoio". No sábado, o clássico contra o Braga vai estar a ferver.

As notícias do dia

Os portugueses querem acolher refugiados, mas não imigrantes. Surpreenda-se: Portugal está entre os três países europeus que mais se opõem a receber imigrantes, logo a seguir à Hungria e República Checa, manifestando uma maior resistência a abrir as fronteiras a muçulmanos do que a cidadãos de países pobres não europeus ou de grupos étnicos diferentes. Esta é a síntese de um estudo académico que será apresentado esta quarta-feira, em Lisboa. A Ana Dias Cordeiro teve acesso antecipado aos dados e explica-nos as razões, que nos deixaram preocupados. Falou também com a investigadora Alice Ramos, numa conversa que passou por aqui: "A ideia da ameaça está muito baseada em preconceitos".
A tragédia do Chapecoense deixou-nos a chorar, como aquela criança que está na foto de capa do PÚBLICO de hoje. E desde logo com uma dúvida: pode um clube sobreviver ao desaparecimento de uma equipa? O Tiago Pimentel procurou respostas, nos outros desastres aéreos que já levaram outros clubes ao luto, enquanto via as imagens do luto dos adeptos e outros clubes a oferecer jogadores ao clube que era o sucesso do momento no futebol brasileiro.
Sobre o acidente, ainda não temos as respostas que esperamos (as caixas negras estão agora a ser analisadas). Temos os dados oficiais, com o milagre de haver seis sobreviventes; temos as imagens muito tristes da equipa antes de entrar no avião e as histórias que contaram os que escaparam à tragédia

Outras notícias a ter em conta

Uma boa notícia, para começar: a Amazon vai lançar o seu primeiro site em português para atrair as PME nacionais - e para as ajudar a exportar. A Ana Rute Silva tem a história para lhe contar.
Agora, dois alertas para todos nós:
1. O crédito ao consumo acelerou 19%, com a ajuda de campanhas agressivas dos bancos. O Banco de Portugal mandou corrigir mais de uma centena de suportes de publicidade, sobretudo os que promoviam crédito automóvel.
2. Os acessos externos a dados do Fisco põem em risco a nossa privacidade. A ineficácia dos serviços públicos está a ser compensada com "sacrifício da privacidade dos cidadãos", diz a Comissão de Protecção de Dadosao Jornal de Negócios.

Vamos a dados que nos interessam na educação: os alunos do 4º ano gostam dos professores, mas sentem-se pouco confiantes. São ainda dados do estudo que ontem nos surpreendeu, mostrando que os mais novos estão melhores a matemática e que tiveram o condão de pôr direita e esquerda e elogiar a aposta de todos num ensino melhor. Sim, até mesmo Nuno Crato. Eis o caminho que se fez na matemática, explica o Tiago Luz Pedro no nosso Editorial.
E alguns dados que nos interessam na Saúde: os nossos melhores hospitais têm uma taxa de mortalidade quase 20% menor. E, segundo a Romana Borja-Santos, é a Norte que estão os melhores (o número um é este). Já agora, retenha mais este dado: em apenas seis meses de liberdade de escolha, 83 mil pessoas já optaram por outro hospital para receber tratamento. E ainda este alerta da Ordem dos Médicos, no DNhá hospitais com falta de médicos para o Natal e Ano Novo.
O Orçamento foi aprovado, mas ainda tem pontos por afinar (pelo menos estes seis). Pelo caminho, António Costa ainda viu PCP ou Bloco alinhar com a direita e travar algumas ideias que tinha no documento - anotados com atenção pela Maria Lopes e Sofia Rodrigues.
A boa notícia para Centeno e Costa é esta: com Trump e o Brexit, Bruxelas está a afastar-se da estratégia restritiva de Berlim. O Sérgio Aníbal explica aqui os "porquês" - e assinala três sinais da mudança europeia.

Há mais um nome na lista da CGDChama-se Miguel Melo Azevedo - e foi ontem apontado pela TVI como o mais provável sucessor de António Domingues. O ainda presidente da Caixa queixou-se de ter sido "politicamente instrumentalizado", num documento onde justificava a não entrega das declarações de património. O TC explicou que vai analisar ainda o pedido de sigilo dos administradores demissionários, isto enquanto a DBRS deixou um aviso sério, colocando o rating do banco em perspectiva negativa. Da esquerda também já vêm avisos ao Governo: cuidado com os próximos passos na banca. E do Manuel Carvalho veio esta ironia: "A trapalhada da Caixa nunca existiu".
Marcelo anunciou que a troika está em Portugal (para uma nova avaliação pós-programa). E pediu, a propósito, que se pense no médio prazo. Porque Marcelo tem muito para dizer, ainda deixou um recado ao Governo, com a concertação social na mira: "É importante esgotar até ao fim dos caminhos do diálogo social".
O Supremo mandou destruir escutas feitas a António Costa. As conversas do primeiro-ministro foram interceptadas "acidentalmente" durante investigação de corrupção passiva e auxilio à imigração ilegal na embaixada de Cabo Verde.

Boas leituras para si

Ricardo Araújo Pereira tem um livro-mesmo-livro. Se ele tem graça é porque trabalha muito e se trabalha muito é porque tem baixa auto-estima. Estas revelações não estão no primeiro livro-mesmo-livro do humorista — mas estão nesta entrevista. O homem está mais velho, recorre menos à piada para se esquivar do que não lhe interessa.
Um livro duro, mas monumental, é esta biografia de Heinrich Himmler. Uma obra esmagadora de investigação histórica, escrita num estilo apaixonante, na crítica assinada por António Araújo. Ele chama-lhe "coração das trevas".
Quer aprender a prever o futuro? Philip Tetlock, um cientista social que estuda há três décadas os melhores nesta área, explica-nos como

Hoje acontece

O INE detalha os dados do terceiro trimestre, onde perceberemos porque crescemos mais do que imaginávamos. E dá a conhecer também as estimativas mensais do emprego, relativas a Outubro.
Toma posse a nova presidente da CMVM, com Mário Centeno ao lado (e Carlos Tavares também, ele que é um dos nomes falados para a CGD). A passagem de testemunho é já de manhã.
O Conselho de Segurança da ONU volta a reunir-se, debatendo a situação na Síria. Os últimos desenvolvimentos foram estes
Cenas do túnel, parte 2. O Sporting volta a receber o Arouca, agora para a Taça da Liga. Espera-se que exista protecção suficiente - ou uns calmantes.

Só um minuto, para espreitar isto

Os 100 anos da Leica já estão no Porto - e nós na objectiva. Por lá podemos ver imagens conhecidas de todos, assinadas pelos melhores. Numa efeméride que também é cá de casa. Aqui vão algumas fotografias, para lhe abrir o apetite.
Uma partitura de Mahler rendeu cinco milhões. Não é de admirar o apetite: a que ontem foi vendida é da Ressurreição.
O que não tem preço são as fotografias deste pai de quatro filhas. Porque a vida dele é um caos, Simon Hooper começou a partilhar a vida dele no Instagram. Ele chama-lhe "uma visão realista do que é a parentalidade". Mas está feliz, mesmo feliz.
Como é assim que o queremos, é por aqui que nos despedimos. O nosso dia está assegurado, com muita informação para lhe actualizar. Amanhã é feriado, pelo que prometo voltar na sexta-feira. Aproveite tudo, aproveite bem.
Até já!

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