domingo, 25 de dezembro de 2016

António Girão: Um homem de grandes causas!

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Neste dia especial… dia de Natal, nada mais inspirador que contarmos histórias de vidas que sejam motivadoras. Daquelas que nos fazem pensar…
Desta vez escolhemos um homem que nasceu na região de Montemor-o-Velho. Considera-se um cidadão de Cantanhede e, acima de tudo, é um cidadão do mundo!
António Manuel de Souza Girão, nasceu a 2 de Junho de 1958 em Pereira do Campo. Foi lá, a atravessar o Mondego durante as suas cheias, que participou nas suas “primeiras aventuras radicais”, segundo o próprio diz, em meio a uma gargalhada.
Para ele, “o rio nunca teve segredos” pois habituou-se a atravessá-lo a nado, a pé ou em bicicleta, consoante o seu caudal. Por isso, certamente, foi assim que “nasceu o desporto” na vida deste super-atleta!
ECLETISMO
Muito provavelmente o leitor não deverá ter conhecimento de algum outro atleta que tenha representado Portugal em 3 desportos diferentes, pelas suas selecções. Provavelmente, não: certamente, pois este deve ser um caso raro ou, quiçá, único no mundo!
Tendo como desporto de eleição o atletismo, António Girão também foi atleta da seleção nacional de Voleyball e de BTT. Uma força da natureza, este é um homem que ao longo de pouco mais de 4 décadas de carreira, obteve mais de 800 vitórias. Um palmarés impressionante!
Com resultados expressivos a nível de quase todas as distâncias no atletismo e no salto em altura, a prática dos outros desportos, sempre com resultados acima da média e títulos regionais, nacionais e internacionais, também contou muito para que António Girão se tornasse no “homem de Cantanhede mais conhecido em outros países”. Mas, não foram só os seus muitíssimos troféus que lhe deram fama, conforme veremos adiante!
“ESCOLA DA VIDA”
Foi aos 6 anos de idade que António matriculou-se na escola (sim, foi ele quem foi matricular-se!). Sua ânsia de saber sempre esteve em paralelo com a enorme vontade de praticar desporto. Mas, ao contrário do que podemos pensar, formou-se professor de... Português. Não se espante, caro leitor, pois a justificativa é válida: “nunca tive dinheiro em abundância – antes pelo contrário – e, como tal, não podia ir para Lisboa para a Faculdade de Educação Física. Fiquei-me por Coimbra e fiz a faculdade de Letras”.
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Mas, este homem que começou a trabalhar muito cedo e que treinava na hora do almoço, entre tantos afazeres, conseguiu tudo à base do sacrifício, sem nunca ter chumbado ou deixado matérias para trás. Como? Diz ele que tudo se resume a “utilizarmos bem as 24 horas do dia”, com organização e planeamento…

NOBRES CAUSAS
E assim, chagamos ao “lado sentimental e humano” desta reportagem.
De uns anos a esta parte, António Girão “revolucionou” a sua vida. Com um “verdadeiro conforto emocional” a contribuir, após uma fase a nível familiar que lhe causou demasiadas tristezas, “começou a sair pela Europa fora” sempre à procura de contribuir para causas que envolvam crianças. Isto, diz ele, “traz anticorpos”, mas não é nada que o desanime. Muito pelo contrário!
As forças para idas e vindas desde Roterdão e Amsterdão, por exemplo, passando por países intermináveis em cima de uma bicicleta, dormindo em quartéis de bombeiros ou junto a sem-abrigos ou no meio da floresta, simplesmente, vêm exatamente da vontade de contribuir para causas como a das crianças com cancro ou, aqui bem perto, a da “Bárbara Passo a Passo”, angariando fundos para que as famílias tenham uma situação “mais amena” em meio às preocupações do dia-a-dia.
Afirmando já não recordar da forma como ficou a saber do caso da Kikas, sabe, entretanto, que apaixonou-se por esta causa de uma forma instantânea e, sempre que se faz necessário pega a estrada para divulgar, dar conta e angariar fundos para ajudar no seu tratamento.
António Girão, humildemente, diz ser apenas a “ponta visível do iceberg” que procura sensibilizar as pessoas. Para ele existe “a parte invisível” que é um enorme grupo de amigos que vão dando informações, transmitindo casos de crianças que necessitem de ser divulgados para que estas também possam receber algum conforto.
Assim, este homem que diz que “agora tenho uma família que me apoia verdadeiramente e entende as minhas lutas para cumprir esta ajuda que nunca acaba” vai seguindo o seu caminho, custe o que custar, goste quem gostar. Nada mais o move. Nada mais interessa para ele que, aos 58 anos de idade, com tantos percalços e tantas vitórias, diz ter encontrado uma forma de sentir-se útil a uma sociedade cada vez menos solidária e mais egoísta.
FALTA DE RECONHECIMENTO
Considerando-se um “desalinhado”, não se esforça muito para tentar entender o porquê de, no mesmo dia em que o mairie de Paris o recebeu reconhecendo o seu trabalho de divulgação sobre rodas, a Câmara de Cantanhede, cidade que adotou para morar, não foi capaz de dar-lhe o reconhecimento merecido em entrega de prémios… desportivos! Fica difícil perceber porque ele, atleta que escolheu o Sombras Negras, de Lemede, para representar (quando podia tê-lo feito por emblemas bem “maiores”), tendo sido campeão nacional em 10 oportunidades e até campeão ibérico, sempre por Cantanhede, não receba “em casa” o mesmo reconhecimento que tem fora das fronteiras do Concelho!
Mas, ele faz mesmo questão de repetir: “estou-me nas tintas para os troféus… há muito que doo os que recebo às crianças! É para elas que tenho meus olhos virados. É para elas que vão as minhas intenções de trazer um sorriso”. E é assim que ele quer continuar…
CONCLUSÕES FINAIS
Em jeito de balanço, o que fica nesta entrevista é o lado simples e, ao mesmo tempo, objetivo deste homem, deste ser humano de quem não podemos separar o lado atleta do lado humanístico que carrega consigo onde for.
É impossível não lembrar os títulos e as homenagens recebidas por Portugal todo e pela Europa fora. É impossível falar de António Girão sem tocar em algo tão profundo que não seja a alma.
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António Girão é um valente que rema contra a maré do descaso e do "assobiar para o lado". Contra muitos obstáculos, senta no selim da sua bicicleta e anda milhares de quilómetros por algo tão básico chamado "sorriso de uma criança!"
Ele é assim, e pronto! Não é perfeito, pois claro, mas é um ser humano acima da média, pois a média da sociedade limita-se a ver, enquanto alguns – como ele – fazem.
António Girão merece que se lhe seja reconhecido este lado gentil e afável. Merece que as pessoas saibam que, ao ser questionado pela reportagem do Jornal Mira Online sobre se contribuiria de alguma forma, pela Larinha (um caso muito parecido com o da Kikas, no Concelho de Mira), a resposta foi exatamente esta: “Desconhecia esta situação. Não sabia da existência da Larinha… mas, digo-o, desde já, com toda a certeza: vou ajudar a Larinha… vou querer ajudar a família dela. A Larinha pode, desde já, contar com o meu humilde apoio!”
Palavras para quê, não é?
Feliz Natal a todos. Feliz Natal, António Girão!
Mira Online

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