Bom dia… É como quem diz… O dia está cinzento, parece que em todo o território nacional. Ontem não estivemos por aqui, outros afazeres nos retiveram. Desculpem. Tome nota: aqui não referimos o terrorismo que loucos e fanáticos exercem sobre inocentes, exibindo as suas cobardias de mentes criminosas. O nosso enorme respeito pelas vítimas em todo mundo, obra de energúmenos. Igualmente o nosso enorme respeito pelas vítimas em todo o mundo dos terrorismos dos estados.
Este é o portão do Expresso Curto, do Expresso. Portão do PG para depois aceder ao dito cujo do tio Balsemão do Grupo Impresa. Já lá vai o tempo em que dizíamos perante um trote, uma vigarice: “não vou em grupos”. Mas os tempos mudaram e atualmente é só grupos para aqui, grupos para ali. E nós vamos neles. Uns o mais possível, outros nem por isso.
Bem, mas vamos lá à vaca fria e pegar os bois pelos chavelhos. Expresso Curto de Pedro Candeias (que ilumina duas vezes se for à frente). Este Candeias, talvez também doutor ou dótor, mete a pata na poça mas… tá bem, vamos nessa. Tira um expresso curto cuja cafeína é aquela zurrapa que os “bifes” (ingleses) vendem lá pelo burgo unido (da treta, em que a Escócia quer dar-lhes com os penantes). Vai daí temos a zurrapa no título da cafeína… em inglês. Pfff. Tá bem, senhores assim, já sabemos que sabem muito de inglês! Mas que pavões!
Apesar de tudo a prosa serve e satisfaz. Tem penas muito bonitas. Dir-se-ia penas lindas. Tem, tem. E assim lá está, mais em baixo, o tal das mulheres e do vinho, fazendo lembrar o fado do “era o vinho, meu amor, era o vinho…” Tlim, tlão. Mas sabem do que falamos, pela certa. É daquele tal com ar anémico que dizem presidente do Eurogrupo (é só grupos, como vêem). Ai, aquele que nem o Ásterix conseguia pronunciar o nome, muito menos escrevê-lo. Mas, sim, esse Jeroen Dijsselbloem (até se nos enrola a língua e o teclado encarquilha todo). Adiante.
Mas tem mais, muito mais. Um Expresso Curto à maneira do tio Balsemão mas com a lavra do dito Candeias. Ena, que iluminação. Vão ler. É sempre bom ler e atualizarmo-nos. Além disso inclui cultura. Que bom!
Bom dia e até amanhã. As melhoras… Ai, “good health, whores and green wine” para ti, seu Dijsselbloem. Olha, também sei inglês… Espantoso! (MM / PG)
Bom dia, este é o seu Expresso Curto
Pedro Candeias – Expresso
Panic in the streets of London
Somos mais de sete mil milhões, há mais de 1,5 mil milhões de automóveis registrados e um número infinitamente maior de facas disponíveis - estatisticamente, e apenas estatisticamente, um em cada sete de nós pode pegar num carro e em duas facas, conduzir através de uma ponte, ferir e matar por atropelamento, bater contra um gradeamento, abrir a porta do condutor (e deixá-la aberta), correr para um jardim, tentar forçar a entrada no Parlamento, esfaquear um polícia e ser abatido por outros polícias.
Movido por loucura, pânico, desespero, convicção, fé ou vingança, um de nós consegue parar Londres, fechar deputados dentro da Casa dos Comuns (e turistas dentro da London Eye), pôr os serviços secretos a acorrer a uma primeira-ministra e um deputado a socorrer uma vítima, apinhar a Westminster Bridge e a Parliament Square com um helicóptero, carros-ambulância, forças especiais, e forçar o Governo a organizar-se num comité chamado C.O.B.R.A. (Cabinet Office Briefing Room), que soa a filme de espionagem duvidoso.
Sem armas de fogo. Sem granadas. Sem explosivos. Sem coletes-suicida. Sem carros-bomba ou homens-bomba. Sem um plano grandioso e diabólico elaborado à distância por um tipo de barbas numa caverna afegã.
É assim tão simples e é assim tão assustador, e já fora assim em Nice e Berlim, quando ficou claro que a prevenção tinha limites - que um ato de terrorismo é imprevisível e, por isso, imparável, e, por isso, mortal. Já são cinco os mortos e 40 os feridos, entre os quais um português.
E no meio da voragem para se encontrarem culpados cometem-se erros, como o do Channel 4 que ofereceu a cabeça de Trevor Brooks, esquecendo-se que o jamaicano radicalizado estava na prisão. E no meio do choque não faltará quem cavalgue o populismo, apregoe o fecho das fronteiras e assuma o discurso nós-contra-eles, sendo eles os muçulmanos e nós os ocidentais.
Theresa May não o fez. Pelo contrário, a primeira-ministra que é a cara do Brexit falou à porta do n.º10 da Downing Street em pluralismo de credos e de raças que são a base de Londres e também de democracia e de liberdade.
Fica a pergunta: “O que se passa? É uma ignorância sobre o mundo em que vivemos”, escreveu o Valdemar Cruz, jornalista do Expresso, que esteve a poucos metros do lugar onde aquilo aconteceu. E o que aconteceu não deve ser esquecido para não se transformar na “intranquila normalidade” que leva à indiferença. A mesma indiferença que levou Morrissey a escrever a “Panic” quando uma estação de rádio passou de Chernobyl diretamente para a “I’m your man” dos Wham! no dia em que a central explodiu.
Movido por loucura, pânico, desespero, convicção, fé ou vingança, um de nós consegue parar Londres, fechar deputados dentro da Casa dos Comuns (e turistas dentro da London Eye), pôr os serviços secretos a acorrer a uma primeira-ministra e um deputado a socorrer uma vítima, apinhar a Westminster Bridge e a Parliament Square com um helicóptero, carros-ambulância, forças especiais, e forçar o Governo a organizar-se num comité chamado C.O.B.R.A. (Cabinet Office Briefing Room), que soa a filme de espionagem duvidoso.
Sem armas de fogo. Sem granadas. Sem explosivos. Sem coletes-suicida. Sem carros-bomba ou homens-bomba. Sem um plano grandioso e diabólico elaborado à distância por um tipo de barbas numa caverna afegã.
É assim tão simples e é assim tão assustador, e já fora assim em Nice e Berlim, quando ficou claro que a prevenção tinha limites - que um ato de terrorismo é imprevisível e, por isso, imparável, e, por isso, mortal. Já são cinco os mortos e 40 os feridos, entre os quais um português.
E no meio da voragem para se encontrarem culpados cometem-se erros, como o do Channel 4 que ofereceu a cabeça de Trevor Brooks, esquecendo-se que o jamaicano radicalizado estava na prisão. E no meio do choque não faltará quem cavalgue o populismo, apregoe o fecho das fronteiras e assuma o discurso nós-contra-eles, sendo eles os muçulmanos e nós os ocidentais.
Theresa May não o fez. Pelo contrário, a primeira-ministra que é a cara do Brexit falou à porta do n.º10 da Downing Street em pluralismo de credos e de raças que são a base de Londres e também de democracia e de liberdade.
Fica a pergunta: “O que se passa? É uma ignorância sobre o mundo em que vivemos”, escreveu o Valdemar Cruz, jornalista do Expresso, que esteve a poucos metros do lugar onde aquilo aconteceu. E o que aconteceu não deve ser esquecido para não se transformar na “intranquila normalidade” que leva à indiferença. A mesma indiferença que levou Morrissey a escrever a “Panic” quando uma estação de rádio passou de Chernobyl diretamente para a “I’m your man” dos Wham! no dia em que a central explodiu.
OUTRAS NOTÍCIAS
E agora, Jeroen Dijsselbloem. Ontem, o presidente do Eurogrupo disse que anteontem não dissera bem aquilo que muitos tinham entendido - os “copos”, as “mulheres” e o “dinheiro”, entenda-se. Dijsselbloem atribuiu a declaração ao seu caráter rigoroso, herdado do calvinismo holandês, lamentou que esta tenha sido traduzida numa guerra norte-sul, e garantiu que não se demitirá. Pelos vistos, António Costa, Santos Silva, o parlamento português e os socialistas europeus terão de esperar, até porque Dijsselbloem já tem à volta do ombro uma mão amiga - a de Wolfgang Schäuble, o ministro das finanças alemão, rigorosamente luterano. [Se quiser saber um bocadinho mais sobre Dijsselbloem e o que ele afirmou numa entrevista, vá por aqui e por aqui.]
Já que estamos em território político, uma espreitadela ao debate quinzenal em São Bento. António Costa usou palavras hiperbólicas como “hiperotimista” e “hiperirritante” para classificar a hipótese de Portugal poder vir a sofrer sanções da Comunidade Europeia por não adotar medidas para “corrigir desequilíbrios macroeconómicos excessivos” (o que está entre aspas, é do jornalista Adriano Nobre). O PSD, pela voz de Luís Montenegro, não ficou atrás no soundbite e refinou a expressão geringonça: “Agora o que está em curso é uma privatização geringonçada [da Caixa Geral de Depósitos]”. E Assunção Cristas, presidente do CDS, agarrou-se ao popularucho, acusando o Governo de dar uma “borla fiscal” às grandes empresas. Em causa estão os PERES.
Da causa ao “caso dos Comandos”, o Hugo Franco noticiou ontem à noite que o capitão Rui Monteiro será ouvido como arguido no âmbito da investigação às mortes de Hugo Abreu e Dylan Silva. O capitão é suspeito de “abuso de autoridade por ofensas à integridade física”, crimes com penas que variam “entre os 8 e os 16 anos de prisão”. Além disso, o tenente-coronel Mário Angola também será interrogado por “insubordinação por desobediência”, o que aumenta para 10 o número de arguidos no processo.
Também a subir está o número de empresas que avisa para as consequências do Brexit. A começar em Portugal. A ABTA, a associação britânica das agências de viagem, fez-se representar em Lisboa por Noel Josephides e isto foi o que ele disse: “A libra esterlina caiu 20% desde o referendo, a inflação está a subir, a comida nos supermercados está a ficar muito cara, e não se prevê que os salários possam aumentar para fazer face a isto”. Por outras palavras, aqueles ingleses brancos, subitamente rosados pelo sol português, vão começar a viajar menos para cá. Até porque os voos das low cost poderão ter os dias contados em Inglaterra. É o que diz o Guardian.
Os jornais de hoje:
No Jornal de Notícias o topo da primeira página está preenchido com o “Ataque ao coração de Londres” e a manchete é esta: “Estado ainda tem 18 milhões de euros em cauções de água, luz e gás por devolver”. No Público abre-se com o atentado (“Terror volta à Europa e ataca casa da democracia londrina”), mas o destaque vai para esta notícia: “Carlos Costa opôs-se a técnicos e manteve idoneidade de Salgado”. No Diário de Notícias escreve-se que a “Europa [está] dividida e atacada” e que o “Governo [português] quer secretas a espiar comunicações de suspeitos”. E no jornal i chama-se a atenção para o “O terror em Londres, um ano depois de Bruxelas”.
Nos desportivos, A Bola traz-nos a história de Bas Dost,“O Goleador que pensou desistir do futebol”, o Record traz uma promessa de Rui Vitória (“Vamos ter um futuro risonho”) e O Jogo “revela tudo sobre a preparação do FC Porto para o clássico”.
FRASES
“Está também naqueles que aparecem com pele de cordeiro, porque fazem discursos que são racistas, xenófobos e sexistas” António Costa, sobre vocês-sabem-quem
“Nunca me lembro de ter chamado chefe àquela pessoa” Armando Vara na comissão de inquérito. Primeiro, disse que nunca tinha falado com José Sócrates sobre a CGD; depois, disse que não se lembra de ter ou não falado sobre a CGD com José Sócrates
“O que está a ser discutido é um regime que irá beneficiar as pessoas com longas carreiras contributivas” Vieira da Silva a propósito da medida que significará o fim dos cortes nas pensões aos trabalhadores que tenham 48 (ou mais) anos de descontos que queiram antecipar a reforma
“[McCain] disse que a questão continuaria em cima da mesa. Sobretudo neste ponto essencial: a Base das Lajes é apenas instrumental, mais importante do que isso é a consciência que os EUA e Portugal são dois aliados muito próximos, que têm relações bilaterais muito próximas, e que no coração dessa cooperação bilateral estão as questões da segurança e da defesa" Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros
“Ter Mourinho numa campanha foi o que mais prazer me deu" Nuno Teles, diretor de marketing da Heineken nos EUA, em entrevista à Tribuna no âmbito do Football Talks. Durante estes dias, a Tribuna publicará entrevistas de oradores que participam neste evento conduzido pela FPF
O QUE ANDO A LER
Khadji-Murat é o último livro de Tolstoi, terminado quando o autor já se encontrava fragilizado pela doença, e é surpreendente pelo tamanho (apenas 160 páginas) e pela velocidade da escrita. É a história das guerras do Cáucaso e de Khadji-Murat, um guerreiro checheno implacável que decide juntar-se aos russos porque o seu aliado o trai e rapta-lhe a família (mãe, duas mulheres e dois filhos).
Murat procura conforto e aceitação no inimigo e este aceita-o e conforta-o e mima-o, com prendas e pequenos luxos. Mas há sempre uma desconfiança e uma tensão latentes, que se medem nas descrições pormenorizadas de Tolstoi, para quem todas as personagens têm o mesmo peso no enredo - em pouco espaço, o escritor consegue fazer-nos interessar por cada uma delas, do soldado raso ao tenente e ao príncipe e à princesa, e isso é... bom, isso é genial.
Não lhe contarei como acaba o livro apenas que lhe espera uma ou outra reviravolta, um final duro, há mortes e novas traições, e uma ideia que o atravessa do início ao fim – na guerra não há bons, nem maus, apenas quem queira o que o outro tem.
Por hoje é tudo, desejo-lhe um bom dia, não se esqueça de passar os olhos pelo site do Expresso e pela Tribuna, e às 18h aceda ao Expresso Diário. E, por amor ao que quiser, tenha cuidado a chuva e com os viadutos - eles andam ambos por aí.
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