Expresso Curto com Ricardo Costa na máquina da cafeína. Que vamos vender um banco, escreve ele. E quanto é que essa “venda” nos vai custar, ilustre Ricardo? Pois. A fatura vai ser apresentada depois? Então não está bem. Então não vamos vender um banco. Vamos doar. Aliás, como todos os outros em que tivemos de pagar as desbundas da ladroagem dos gestores, administradores e outras dores causadas pela ladroagem da bancaria mafiosa que abunda por todo o mundo. Ah! Mas existem os honestos, dirão. Pois. É suposto que existam. Convém acreditar nisso até que se conclua que afinal não é bem assim. Tempo passado vamos concluir algumas meias-verdades e conclusão de factos. Então sim. Concluiremos que estamos a pagar, a pagar, a pagar… Mas eles é que são donos dos bancos e donos disto tudo. Nós somos os trouxas do costume. Os que pagam mas passam fome, até da dignidade que nos andam sempre a roubar.
Todos as crianças que há muitos anos frequentaram o Jardim Zoológico de Lisboa, talvez há uns 60 anos, tinham um local do referido local a visitar como num santuário: a Aldeia dos Macacos. Ali podíamos ver como eles viviam em comunidade. Funcionavam no toma lá dá cá. Parecia que diziam “tens amendoins e eu tenho uma maçã”. Ora toma lá, dá cá. Trocavam. Se um deles fizesse batota a trupe perseguia-o, dava-lhe uma surra e deixava-o solitário, num canto. Retirava-lhe a maçã e os amendoins, ao Chico Esperto. Afinal, pelo que víamos, eles tinham códigos de comportamento, de honra, de justiça. Quem estivesse atento percebia isso. Atualmente talvez ainda seja assim, se lá ainda existir a Aldeia dos Macacos.
É sabido que os banqueiros não se iam dar bem nessa Aldeia dos Macacos ao quererem ficar com as maçãs e os amendoins e deixarem os outros depenados. Na miséria, ou perto.
Também na Aldeia dos Macacos existiam elementos ordinários, atrevidos, zaragateiros, e até criminosos, na sistemática postura de parasitas. Esses estavam nos cantos, digamos que nos guetos… Mas eram controlados. Se pusessem uma pata em riste, se pisassem o “risco”, não lhes faltava castigo pela certa, em defesa da civilidade macacal. Dos primatas.
Recordar aquela aldeia dá para perceber que tinha regras e que tinham de ser cumpridas. Percebia-se que afinal os símios possuíam a sua própria noção de civismo comportamental. Ainda acontecerá assim no Jardim Zoológico?
Bem, lá por esse jardim e por essa tal aldeia não sabemos. O que sabemos é que em Chelas isso não acontece, entre supostos… humanos.
Bairros sociais: guetos em que pessoas civilizadas fazem os possíveis por manter a pacatez e normalidade por entre incivilizados que se estivessem na Aldeia dos Macacos seriam limitados aos cantos em vez de fazerem do todo habitacional um gueto. Zonas de má-fama onde muitos nada têm que ver com os comportamentos criminosos, ilegais e incivilizados de uns quantos bandos.
Podemos concluir que, afinal, a Aldeia dos Macacos era mais civilizada que a bancaria em Chelas?
Pelo visto naquilo que foi manchete ontem numa escola do gueto Chelas – em que jornalistas foram agredidos – podemos concluir que melhor era a referida aldeia símia. O mesmo se conclui relativamente à bancaria e afins, que ficam com maçãs e amendoins impunemente. Ladrões de colarinho branco com o fito de lucrarem por via dos prejuízos de toda a restante comunidade. E lucram.
Na foto: a Aldeia dos Macacos, deserta. (PG)
Bom dia, este é o seu Expresso Curto
Ricardo Costa – Expresso
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