O poeta russo Evgueni Ievtuchenko, nome destacado do período literário pós-estalinista da União Soviética dos anos 1960 e autor de Babi Yar (1961), sobre o massacre de dezenas de milhares de judeus às mãos dos nazis em Kiev, morreu este sábado em Tulsa, estado norte-americano de Oklahoma, aos 84 anos, vítima de doença cardíaca. A informação foi avançada pela agência russa TASS, que já tinha noticiado o seu internamento no dia anterior.
Nomeado para o Prémio Nobel da Literatura em 1963, Ievtuchenko foi autor de mais de 150 colectâneas de poesia e o membro mais jovem da União dos Escritores soviética.
Em Maio de 1967, quando as autoridades portuguesas estavam focadas na visita de Paulo VI a Fátima, a fundadora das publicações D. Quixote, a dinamarquesa Snu Abecassis, conseguiu trazer Ievtuchenko a Lisboa, para um recital no Parque Mayer. A vinda a Portugal de um poeta soviético em plena ditadura era um acontecimento altamente improvável e que causou grande celeuma, tendo Snu Abecassis sido chamada à PIDE para prestar declarações.
Talvez pelo facto de a sua passagem por Portugal ter coincidido com a visita papal, Ievtuchenko terá ainda ido a Fátima, ou pelo menos assim o afirma no primeiro verso do poema Fátima, que Manuel Seabra traduziu e incluiu na sua Antologia da Poesia Soviética, publicada pela editora Futura pouco antes do 25 de Abril, em 1973. “Estive na festa de Fátima. Vendo como se empurravam nas bermas/ cães, burros, jornalistas, embaixadores, turistas,/ e ao longo das estradas, de joelhos ligados,/ em todo o asfalto, de cabeça perdida o povo se arrastava”, escreve na primeira estrofe do poema.
rítico do anti-semitismo que dizia subsistir na então União Soviética, mantinha no entanto uma relação ambígua com o regime comunista. Em 1991 partiu para os Estados Unidos, onde se tornou membro honorário da Academia Americana de Artes e Letras, dando aulas na Universidade de Tulsa desde 1992.
Fonte: Público
O autor russo vivia nos Estados Unidos desde 1991.
Nenhum comentário:
Postar um comentário