domingo, 14 de maio de 2017

Salvador faz história em Kiev. “Amar pelos Dois” arrebata Europa

A canção que era classificada de "não festivaleira" conquistou os jurados de 41 países e o televoto. Esteve sempre a ganhar.
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Salvador Sobral e a canção Amar pelos Dois pulverizaram o recorde de país mais derrotado da Eurovisão em 49 participações, desde 1964. Até ontem Portugal nunca tinha ficado nos cinco primeiros. O arranque das votações provou que esse cenário ia mudar. A representação de 2017 ia ser a mais bem sucedida de sempre. O televoto decidiu tudo e entregou o prémio àquele rapaz que canta com gestos estranhos e à música que se duvidava que tivesse estofo festivaleiro.
"Sei que estas coisas são muito efémeras mas sinto que é um bom passo que tenham gostado tanto desta canção com tanto conteúdo melódico e harmónico. Talvez nos faça pensar em trazer canções com mais significado para a Europa", reivindicou Salvador Sobral, minutos depois de se conhecerem os resultados, aos microfones da RTP, estação que transmitiu o Festival Eurovisão da Canção. Na conferência de imprensa do vencedor, retomaria a ideia. "Se [a vitória desta canção] trouxer uma mudança para o concurso e para a música em geral, essa será a minha satisfação".
Quando soube que Caetano Veloso tinha gravado um vídeo de apoio, Salvador, só sorrisos, disse a José Carlos Malato que isso [o reconhecimento do músico brasileiro] "vale mil vezes a vitória".
Dessa vontade de trazer música diferente ao festival falou também no momento da vitória, ainda no palco. "Isto pode ser uma vitória da música, para as pessoas que fazem música a sério, que quer dizer alguma coisa. A música não é fogo de artifício, é sentimento", disse. "Tragam a música de volta".
De regresso ao palco, voltou a cantar Amar Pelos Dois, desta vez ao lado da irmã, Luísa Sobral, autora da letra e da música, com dedicatória em português: "Um abraço para Portugal". E uma piada: "Está tudo comprado, na verdade".
José Carlos Malato, que conduziu a emissão do concurso a partir de Kiev, com os comentários do jornalista e crítico Nuno Galopim, confidenciou as palavras da cantora Luísa Sobral, sua irmã. "Uma música que nasceu na minha sala". Salvador Sobral, 27 anos, que até agora nunca tinha seguido um Festival da Canção elogiou Luísa. "A minha irmã tem um talento incrível. Qualquer canção que faça, a Europa fica tocada", disse. E com humor: "Agora vou vender no eBay". O cantor diz que o momento em que começaram a acreditar que a tradição de sair da Eurovisão de mãos a abanar terminava em 2017 aconteceu perante as reações que foram ouvindo e a posição destacada nas bolsas de apostas.
Portugal liderou a votação do júri do início ao fim, com a Bulgária, a Moldávia e a Itália no encalço. Entre 41 países, 18 atribuíram a Portugal a pontuação máxima: 12 pontos. Logo a abrir, Suécia. E depois, San Marino, Letónia, Israel (ensaiando as palavras em português), Espanha, França, Lituânia, Arménia, Islândia, Sérvia, Suíça, Holanda, Geórgia, Hungria, Eslovênia, Polónia, Reino Unido e República Checa.
Depois, vieram os complicados resultados do televoto. Portugal foi o país que reuniu o maior número de votos entre os 26 países da final, mas, até ao fim, podia ter sido ultrapassado pela Bulgária, que terminou com 615 pontos. Portugal obteve 758. A Itália, um dos países de que mais se tinha falado nas últimas semanas, não foi além do sexto, com 334 pontos. Salvador e Luísa Sobral mostraram-se incrédulos e não reagiram de imediato à vitória. Na conferência de imprensa, o músico admitiu que o sistema é complexo e que gostaria que fosse alterado.
Quando um dos jornalistas, lhe entregou o papel de "heroi do país", Salvador apressou-se a descartá-lo, deixando-o "para Cristiano Ronaldo". "Só quero fazer música e cantar", pediu. Não sabia aindaque a equipa do Benfica chegara ao Marquês de Pombal, em Lisboa, ao som de Amar Pelos Dois.
A comitiva portuguesa chega este domingo ao aeroporto de Lisboa, às 15.00. É o ínício de um novo caminho. Em 2018, Portugal será o anfitrião do Festival Eurovisão da Canção. Pela primeira vez. Salvador diz que "não voltaria a concorrer". "Mas suponho que vou lá estar, a RTP obriga".
Fonte: DN
Foto: EPA/SERGEY DOLZHENKO

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