Dizem que é difícil estudar pessoas que não consomem pornografia simplesmente porque elas não existem e, ainda que isso possa, sim, ser verdade, não significa que não devemos analisar os possíveis malefícios que o consumo de materiais pornográficos causa à vida sexual e à saúde mental das pessoas – muito pelo contrário, na verdade.
Kevin Majeres, psiquiatra especializado em terapia cognitivo-comportamental e pesquisador de Harvard, escreveu sobre o assunto e nos explicou como nosso cérebro começa a agir quando assistimos a pornografia frequentemente.
Primeiro, ele contou sobre um experimento feito com ratos. Quando um camundongo é colocado em uma jaula com uma ratinha receptiva, o acasalamento acontece e, em seguida, ele perde o interesse pela rata. Depois, quando outra ratinha é colocada na jaula, o acasalamento acontece de novo, seguido, mais uma vez, da perda de interesse. Isso se repete até que o ratinho chegue perto de morrer – sempre que uma “moça” nova chega, ele copula com ela e depois perde o interesse. De acordo com Majeres, esse efeito é observado em vários animais.
A pornografia funciona de modo parecido no cérebro dos homens, afetando a região que os faz diferenciar a realidade do que não é. Para os rapazes, é como se cada vídeo oferecesse uma opção diferente de parceira, então eles se acostumam com esse padrão de “rodízio”.
O problema
Majeres explica que a dopamina, que é a substância liberada quando sentimos prazer e bem-estar, nos faz correr atrás dos nossos objetivos e aumenta a nossa concentração, para que consigamos o que quer que nos deixe tão felizes assim.
É por isso que, quando as pessoas começam a ver um filme novo de pornografia, seus cérebros acabam não entendendo que aquilo não é a realidade, e a dopamina é liberada em grandes quantidades.
“Essa primeira exposição a uma nova mulher que é uma potencial parceira não era uma coisa que acontecia muito com nossos ancestrais, talvez uma vez em suas vidas; então o cérebro pensa que isso é uma coisa grande. Ele não sabe que o jogo agora mudou completamente: ele não entende que essas mulheres são virtuais apenas; então com cada uma ele causa uma nova inundação de dopamina, toda vez, clique após clique”, explica.
Para o pesquisador, é por isso que a pornografia pode se tornar uma atividade viciante. O excesso desse tipo de conteúdo hiperestimula as pessoas, e os receptores de dopamina acabam sendo destruídos – por isso, a pessoa sente que só viverá aquela experiência intensa de prazer e bem-estar se consumir mais e mais pornografia.
Comportamento compulsivo
Com o passar do tempo, nem os sites mais diferenciados que tenham vídeos pornográficos vão atender às necessidades dessas pessoas viciadas, e aí elas acabam tendo que estimular outras emoções: medo, nojo, choque ou surpresa. Para Majeres, é aí que começa o apreço por temáticas mais pervertidas.
Para contextualizar, vale lembrar que outros estudos já mostram o maléfico da pornografia e a criação de adolescentes frustrados e que não sabem o que é sexo de verdade. São jovens que se baseiam nas cenas de pornografia na hora de iniciarem suas próprias vidas sexuais e que, por isso, não têm prazer, se colocam em situações de risco e se sentem vazios.
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