Ele é um cidadão por demais conhecido na região da Gândara, e também em boa parte país. Na Praia de Mira, sua terra de hoje e sempre, João José Clemente, o cidadão, confunde-se com uma personagem fecundada e nascida da sua imaginação: o Zé Rascunho.
Por onde passa, é parado. A cada caminhada, há sempre encontros e abraços de amigos que fazem questão de conversar um pouco, de aproveitar o seu eterno sorriso e as suas constantes piadas. É que, ao estar com ele, afinal, é impossível estar triste...
Mas, afinal quem é João Clemente? Quem é Zé Rascunho? Onde começa um e termina o outro? A estas questões, o próprio respondeu ao Jornal Mira Online em entrevista exclusiva, pouco antes do esperado CD que está para sair dentro em breve, ainda em Novembro.
A arte está no sangue
"Cresci ouvindo, orgulhoso, o meu pai - Alcino Clemente - e isso incentivou-me a enveredar pelo lado artístico. Comecei, aos 10 anos, a tocar viola, a tocar meus primeiros acordes, e passei a tocar com ele", conta o artista que é, ao mesmo tempo, mecânico de automóveis. É nestas duas vertentes que tem seguido a sua caminhada: vai conjugando o trabalho artístico, em fase de crescimento, com aquilo que chama de "ganhar o pão nosso de cada dia" já que, como muitos artistas dizem, este tipo de vida não é seguro... "ora estamos melhor, ora menos bem!".
Há bastante tempo sentiu que tinha talento suficiente para arriscar. Participou em programas televisivos como Uma noite de Sonho, Reis do Estúdio ou Chuva de Estrelas, quiçá o mais mediático dos programas de caça-talentos da televisão portuguesa.
Nessa altura tinha uma banda com outros zuas: João Facão (guitarra), "Nancito" Gil (baixo), João Gil (bateria) e ele próprio (guitarra, composição e vocal) chegaram a fazer bastante sucesso pelo país fora, mas João Clemente lamenta que esta competente equipa musical, por vários motivos, tenha "perdido uma bela oportunidade de crescer sabe-se lá até onde". Foi - garante - "uma fase incrível que deixou bons amigos e saudades", mas que teve fim.
Seguiu-se, então, um trabalho musical diferente, feito com Pedro Russo. Durante quinze anos eles formaram os conhecidíssimos Ganda Malucos que levou-os longe, tanto em objetivos como em distâncias percorridas. Por aqui ou por lá, foram lançando a semente, fazendo-a crescer...até que, a dada altura, João Clemente quis "seguir um perfil diferente daquele que estava a ser feito há década e meia". Feitas as contas, cada um resolveu seguir o seu caminho e assim surgiu o tal novo perfil...
Zé Rascunho: o "novo João Clemente"
É com empolgação e um brilho no olhar que ele fala da personagem criada por si, há poucos meses. Poucos no tempo, mas bastante preenchidos como todos bem podem imaginar.
Desde a imagem do Zé Rascunho, incluindo adereços, até a edição propriamente dita do CD que estará muito em breve disponível para quem quiser conhecer e ouvir, tudo foi pensado ao pormenor, de uma forma profissional e séria. Sim, porque, apesar da imagem do Zé Rascunho e das suas canções trazerem alegria, o enorme trabalho que está por trás exige dele e da sua equipa, que dêem o máximo de si próprios para que o projeto vá bastante longe. E quando se diz longe é mesmo assim: ele, que já foi em Abril à Suíça, tem projetos para lançar-se, como diz, "de cabeça" em mercados como os Estados Unidos, o Canadá e outros, onde a Diáspora portuguesa tem uma grande expressão.
João Clemente tem como ambição, com o seu Zé Rascunho, "mostrar às pessoas o que posso dar, quero que elas vejam o melhor de mim e é para isso que vou trabalhar todos os dias!".
Tanta convicção, tantas ganas, tanto querer misturados com o talento que lhe é - desde há muito - reconhecido, só podem dar certo! João José Clemente é de uma simplicidade e uma humildade que merecem que os resultados apareçam, seja no que for.
João é artista, sim. Mas, acima de tudo é um ser humano que carrega humanidade verdadeira no coração. Talvez, ou melhor, certamente crescido numa família unida e bem estruturada apesar das longas viagens que o pai fazia no mar para ganhar a vida, João José Clemente é a pessoa certa para se transformar, por vezes, no Zé Rascunho: Ambos são alegres e divertidos, mas certamente terão, ambos - cidadão e personagem - os seus momentos de indecisão, de sofrimento, até... o que transforma a ambos em alguém que qualquer um de nós gostava de conhecer...
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