É a primeira vez, desde a ditadura militar, que as forças armadas intervêm por um período tão longo no país. Violência no estado leva Temer a criar também novo ministério.
Michel Temer decretou uma intervenção militar no Rio de Janeiro, para conter a onda de insegurança na cidade e no estado, a que se somam grave crise financeira e intensos temporais, até ao final do ano. Desde 1985, quando se deu a redemocratização do país e foi interrompida a ditadura militar, que o exército, chamado normalmente para casos pontuais, como a realização de grandes eventos, não tinha intervenção tão duradoura.
O decreto foi assinado ontem à tarde, em sessão solene, horas depois de uma reunião que se prolongou pela madrugada entre o presidente da República, os ministros da Defesa, Raul Jungmann, e da Justiça, Torquato Jardim, o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, e também os presidentes do Senado, Eunício de Oliveira, e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, porque a medida, uma emenda constitucional, teria de ser aprovada pelo Congresso. Jungmann e Jardim foram ainda informados da criação de um novo ministério, o da Segurança Pública, que coordenará a ação de todas as polícias, até agora sob tutela da Justiça. Será o 29º ministério do Governo Temer.
A medida surge depois de durante o Carnaval do Rio se terem registado arrastões, assaltos aos blocos de foliões, saques em supermercados e tiroteios que resultaram na morte de três agentes da polícia. Pezão admitiu que os incidentes decorreram "por falta de preparação da polícia local", daí o pedido de ajuda federal. O secretário de segurança do Rio, Roberto Sá, acabou demitido na sequência. Sem ele, é Walter Braga Neto, general das forças armadas que já havia trabalhado no Rio durante os Jogos Olímpicos de 2016, quem passa a comandar a segurança na cidade mais turística do Brasil.
Enquanto as autoridades tomavam estas medidas excecionais causou desconforto a ausência do prefeito Marcelo Crivella. O prefeito, que é bispo da Igreja Universal do Reino de Deus e sobrinho do líder daquele culto evangélico Edir Macedo, continua na Europa, onde passou o Carnaval. Segundo o próprio, negociando oficialmente com agências europeias de segurança mas, de acordo com diretores dessas mesmas companhias ouvidos pela imprensa local, em visita puramente privada.
DN
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