O clube apresenta queixa-crime por difamação contra o presidente do FC Porto por palavras usadas na revista “Dragões”
Qualquer analista ou artista da bola vos dirá que o futebol vive do momento, e neste momento as coisas não estão fáceis no Benfica. Não que a equipa esteja mal; pelo contrário, depende, objetivamente, dos seus resultados para chegar ao título. As complicações são outras, são públicas e estão fora do relvado. Vai daí, Vieira anunciou arrebatadamente a criação de um “gabinete de crise” após o Benfica-Desp. das Aves (2-0).
Nele funcionam quatro elementos da comunicação do clube e também membros do departamento jurídico. Luís Bernardo, diretor de comunicação, tem a cargo a coordenação dos dois grupos, para que o que se diz coincida exatamente com o que se faz nestes tais momentos em que as coisas não estão fáceis. Esta task force funciona para “defender o bom nome do clube”, e as primeiras medidas já foram tomadas: na semana passada, o Benfica anunciou um processo por difamação contra Nuno Saraiva, diretor de comunicação do Sporting, por ter insinuado que o Benfica B entregou o resultado diante da Académica, em jogo da II Liga.
Agora, sabe o Expresso, o Benfica irá avançar com uma queixa-crime contra Jorge Nuno Pinto da Costa por difamação. No editorial da revista oficial do FC Porto, a “Dragões”, Pinto da Costa escreveu sobre “uma rede de tentáculos”, referindo-se ao “segundo classificado [Benfica]”. “Sucessão ímpar de casos que vai expondo e denunciando uma rede de tentáculos a todos os níveis vergonhosa. São episódios a mais para que tudo possa ser resumido a fantasia, mesmo que as personagens em causa sejam animais falantes, como parece ser o caso ‘E-Toupeira’.”
Mas o presidente do FC Porto não é o único visado. O Benfica, garante fonte próxima do clube, tem preparada uma queixa-crime por violação do segredo de justiça contra João Pedro Capitão, contra a YoungNetwork e contra terceiros. Explicando: os encarnados acreditam que João Capitão é o autor do “Mister do Café”, um blogue afeto ao Sporting que tem divulgado documentos no caso dos e-mails e também a “informação de serviço” da Unidade Nacional de Combate à Corrupção da Polícia Judiciária em que o coordenador Pedro Fonseca especificava à diretora Saudade Nunes uma denúncia anónima que espoletou o caso ‘E-Toupeira’. Ora, João Pedro Capitão é colaborador da empresa de assessoria YoungNetwork, que trabalha em regime de outsourcing com o Sporting na gestão do site, do jornal, das páginas oficias do clube nas redes sociais e das páginas oficiais de alguns dirigentes do clube. O Expresso tentou, sem sucesso, contactar o blogue “Mister do Café”. João Duarte, CEO da YoungNetwork, diz: “É mentira. João Capitão não é o ‘Mister do Café’.”
A queixa-crime contra “incertos”, por outro lado, inclui a página “Mercado de Benfica”, que tem divulgado, ciclicamente, informações relativas ao Benfica: e-mails e documentos, por exemplo, do Departamento de Investigação e Ação Penal de Lisboa (DIAP). Fonte oficial do Benfica diz que o clube “está extremamente preocupado com a violação sistemática dos segredos de justiça nos processos em que está sob investigação e considera demasiado grave a coincidência” dos leaks retratados no blogue “Mister do Café” e “Mercado de Benfica”. “É urgente uma atuação por parte das autoridades judiciais.”
Expresso
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