sábado, 17 de março de 2018

Santos da casa afinal fazem milagres

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Fugas
 
 
  Sandra Silva Costa  
Acontece-me com muita frequência desvalorizar o que tenho mesmo à beira da porta. E quase sempre sucede a mesma coisa: descubro um lugar que ignorei anos a fio por ser demasiado próximo e lamento de imediato ter perdido tanto tempo sem ele. Pus-me a pensar nisto quando li a reportagem da Maria José Santana, que passou um fim-de-semana de visita a três dos sete concelhos (Arouca, Castelo de Paiva, Castro Daire, Cinfães, São Pedro do Sul, Sever do Vouga e Vale de Cambra) que compõem o território das Montanhas Mágicas. Ora, alguns destes concelhos são mais ou menos vizinhos do meu e dei-me conta que os conheço muito mal. A Maria José traça-nos um roteiro perfeito para fazer durante três dias algures entre a pedra das serras e a água de rios e albufeiras e deixou-me com a pulga atrás da orelha. A ponte do Poço de Santiago é tão bonita nas fotografias, pelo que não há nenhuma razão lógica para nunca ter ido a Sever do Vouga. E quem diz Sever do Vouga diz à Aldeia da Pena ou a Campo Benfeito. Convém lembrar que, às vezes, os santos da casa fazem milagres.
Não foi exactamente um milagre o que aconteceu em Hamburgo, embora muitos achem que sim. A Mara Gonçalves andou por lá uns dias a perceber de que forma o polémico (e megalómano e caro e bonito) edifício da Elbphilharmonie influenciou para sempre a paisagem da segunda maior cidade alemã e voltou com um retrato vívido de uma Hamburgo que, a partir do exemplo da filarmónica, está a reinventar pólos de atracção turística e a construir futuros onde cabem bunkers transformados em natureza e velhos edifícios com novas funções artísticas, sociais e de contracultura. A reportagem desta viagem fora do circuito é para ler aqui.
aqui é possível conhecer os protagonistas da semana, Inês Viseu e Hugo Moura, a dupla que criou o Espiga, no Porto. Neste espaço “que se quer intergaláctico” todas as quintas-feiras há viagens invisíveis. Daquelas que, pela voz dos outros, nos levam aos quatro cantos do planeta e nos inspiram sonhos e vontades. A prosa é do Luís Octávio Costa.
Já que andamos pelo Porto, uma sugestão para dormir um destes dias. Chama-se Porto Music Guest House e fica a meia dúzia de passos da Casa da Música – basta atravessar a rua e já se está de frente para o edifício de Rem Koolhaas. A Renata Monteiro já lá pernoitou e hoje conta-nos como foi.
Do Porto seguimos para Aveiro, terra de marnotos, moliceiros e cagaréus – e é também a eles que o Salpoente presta tributo. O José Augusto Moreira sentou-se à mesa, experimentou bacalhau, perdiz e natas do céu e concluiu que a cozinha do chef Duarte Eira tem muitas pernas para andar. Confira a crítica completa.
Já a Alexandra Prado Coelho foi conhecer o novo projecto de André Magalhães, a Taberna Fina, que fica a curta distância da sua Taberna da Rua das Flores. Os dois espaços são tão complementares que até dividem um porco inteiroque chega do Fundão.
Deixo para o fim um brinde com o novo Legado, o vinho mais sentimental da Sogrape. É da colheita de 2013 e, apesar de ser um Douro pouco moderno, tem uma riqueza gustativa impressionante. Não é para todas as carteiras – vai custar 250€ – mas, lembra o Pedro Garcias, os grandes vinhos nunca são baratos. Saúde!
E com esta me despeço. Volto no sábado, à mesma hora. Até lá, boas viagens!

Vale a pena voltar aqui



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